Na semana passada, eu li uma postagem muito engraçada na internet, nem sei se não era uma piada, na qual um suposto investidor dizia que tinha feito algo como um “hedge” (termo que quer dizer “proteção” no mundo dos investimentos) comprando ao mesmo tempo ações da empresa de venda de artigos esportivos Centauro (SA:CNTO3) e também da fabricante de cervejas Ambev (SA:ABEV3), porque uma emagrecia e a outra engordava.
Eu achei genial – como piada, é claro –, pois obviamente essa não é uma boa técnica para escolher ações, na minha opinião.
Então, resolvi usar o texto de hoje para falar de algumas fórmulas que investidores novatos costumam usar para escolher ações – não tão engraçadas como a do caso acima, mas bem comuns, e que em grande parte das vezes pode te meter em belas furadas.
1. Comprar uma ação porque ela subiu muito.
Bom, é verdade que algumas ações que subiram muito continuaram subindo ainda mais e logo me vem à cabeça o caso do Magazine Luiza (SA:MGLU3). Mas, em geral, as empresas continuaram subindo, pois permaneceram entregando crescimento de resultados. Então, o driver para comprar a ação deveria ser, nesse caso, a perspectiva de entrega de crescimento de receitas, lucros, e não o histórico de valorização das suas ações.
2. Comprar uma ação porque recebeu dicas “quentes”.
Esta é a clássica. De vez em quando alguém chega para mim e me fala que uma pessoa que “mexe” com ações disse que tal empresa é a nova oportunidade quente do momento, que vai bombar, porque sabe de uma história que vai acontecer com a companhia, e um parente de terceiro grau que trabalha lá pode confirmar.
Uhum. Só penso que, nestes tempos em que a informação correta e bem apurada vale ouro, é essencial procurar saber se estamos diante de um fato mesmo. Além disso, você deve imaginar que notícia boa de verdade não se espalha fácil assim, né? Abra o olho.
3. Comprar uma ação porque está na moda.
Esta é uma fórmula de escolher ações que vem crescendo muito com as redes sociais, especialmente com o Twitter. Se tem muita gente falando daquela ação específica nas redes, cuidado, pois provavelmente muita gente já “entrou” no papel, isto é, já comprou as ações e, assim como ocorre nas roupas e marcas da moda, em geral, o que está muito na tendência, na crista da onda, está custando mais caro. É a famosa lei da oferta e demanda.
4. Comprar uma ação porque conhece e usa os serviços da empresa.
Este é um fenômeno que eu acho engraçado. Eu conheço, eu compro. Em minha opinião, é um fenômeno que, junto com o crescimento das redes sociais, vem beneficiando as ações que estão no nosso dia a dia, como as das famosas FAANGs (Facebook, Amazon (NASDAQ:AMZN), Apple (NASDAQ:AAPL), Netflix (NASDAQ:NFLX), Amazon e Google (NASDAQ:GOOGL)).
Não estou aqui dizendo que seja ruim comprar ações de uma empresa que você conhece, bem como usa e gosta dos produtos e serviços. Mas, sem dúvida, o fato de você conhecer não deveria ser o único critério de escolha, pois você deveria avaliar também o quanto está pagando pela empresa e qual é o potencial de retorno.
Esse critério, aliás, costuma deixar esquecidas as melhores oportunidades de empresas para investir na minha opinião, aquelas que estão negociando mais barato na Bolsa, só porque não estão a olhos vistos no seu dia a dia – e para a minha sorte, como analista de investimentos, pois assim eu aumento minhas chances de encontrar ações boas e baratas esquecidas por aí, o que acontece com as famosas small caps.
Bem, hoje eu quis listar, de uma forma descontraída, algumas formas que eu já encontrei por aí na minha longa carreira em investimentos, as quais são bastante utilizadas pelos investidores mais inexperientes para escolher ações. Espero que, quando você se deparar com uma dessas situações, você se lembre de mim e pondere outras questões antes de decidir por investir em uma empresa e ação.