O Banco Central do Brasil vem mantendo postura otimista quanto à convergência da curva inflacionária para o centro da meta e o cenário compreendendo “juro-recessão forte-dólar com preço irreal” são contributivos ao seu objetivo imediato.
Desta forma, quando o mercado financeiro, empolgado, acredita em corte na taxa SELIC na próxima reunião e sente haver dúvidas por parte do órgão da gestão monetária do governo. Há motivos e razões, visto que grande parte do controle inflacionário decorre mais da recessão do que do juro, tendo como coadjuvante a prática de taxa cambial desalinhada com a realidade da economia brasileira.
O Brasil ainda não cresce, não emprega e, portanto, não encontrou saída para a sua deficiente política fiscal. Ainda não conseguiu mudança efetiva do seu “status quo”, a não ser o humor e a esperança que suporta seus anseios.
O Banco Central do Brasil sabe muito bem que quando a economia brasileira recuperar seu dinamismo, com o mesmo virá às pressões inflacionárias atualmente amortecidas pelo triunvirato de retração atual.
A rigor, o dólar seria um antídoto à inércia da atividade econômica mais eficaz e propulsor ao dinamismo, mais imediato, porém não permitiria a convergência tão rápida da curva inflacionária.
Ao que tudo indica o Banco Central do Brasil tem interesse em demonstrar que está controlando os descontroles inflacionários do país, para com isto atrair investidores nacionais e, principalmente, estrangeiros. Todavia, se a demanda interna não ganhar dinamismo não será fácil atrair os investidores produtivos, prevalecendo aqueles que destinam investimentos para renda fixa e renda variável, enfim buscando rendimento e não investimentos em conta capital.
Em agosto, as transações correntes registraram déficit de US$ 579 milhões, acumulando, nos últimos doze meses déficit de US$ 25,8 Bi, equivalente a 1,46% do PIB. Observa-se que ocorre a captação líquida maior do que as concessões líquidas em US$ 116,0 milhões.
A despeito do destacado saldo da balança comercial este ano, os bancos operam com posições vendidas de US$ 43,0 Bi , consequência de saldo negativo financeiro de US$ 45,3 Bi.
O contexto é sugestivo de uma taxa cambial maior, mais equânime com o quadro macroeconômico brasileiro, porém é notório que a formação do preço ainda sofre influência de fatores extra mercado.
Desta forma, acreditamos ainda temerosa uma redução da taxa SELIC, de vez que suas projeções contem fator relevante de contração motivado pela forte recessão ainda predominante e que deve ser duradoura.
Os fluxos cambiais ainda sofrem problemas qualitativos, portanto pouco impulsionadores das reservas cambiais e sugestivos de taxa cambial mais elevada.
Enfim, o Brasil continua precisando retomar dinamismo de sua atividade econômica, gerando emprego e renda e contribuindo para a recuperação de sua política fiscal.
Olhando com rigor, constatamos que ainda não nos afastamos do ponto ruim que viemos, havendo muitos propósitos e otimismo, mas sem fatos contributivos efetivamente concretos.
O mercado financeiro anseia pela redução da taxa SELIC, embora continue elevando suas taxas de juros como se vê com o cheque especial, mas acreditamos que o Banco Central do Brasil deva manter sensatez quanto a eventual corte da taxa SELIC.