Depois de Yellen e Fischer, Eleanor Porter
Imagino que, passados os discursos de Yellen e Fischer na sexta-feira, boa parte do mercado tenha dedicado o final de semana a reler Pollyana, o clássico de Eleanor Porter.
Quem duvidava de juros ainda neste ano, jogou a toalha. A alta em Dezembro na qual já vínhamos apostando virou consenso. E mais... as apostas de que ela seria precedida por outro movimento já em Setembro ganharam corpo.
Nosso cenário de elevação do custo de capital nos Estados Unidos está caminhando para concretização. E isso com ativos de risco na máxima histórica. Hora de ficar mais cauteloso?
Não: hora de jogar o jogo do contente. Dados de consumo vieram acima do esperado (o que, grosso modo, contribui para reforçar o cenário de alta de juros), então vamos comprar mais ações.
Jogo perigoso esse, mas enfim.
O último ato da Mulher Sapiens
Contente fico eu com o cenário local hoje. Por aqui, qualquer outro evento está fadado ao segundo plano diante da oitiva de Dilma no Senado.
A linha do discurso é a esperada. O resultado daí decorrente, previamente sabido. Mas tudo há de gerar boas tomadas para os documentaristas que estão nas galerias forjando a versão da história que será propagada quando tudo tiver acabado.
Nos bastidores, destaque para as palavras de Moreira Franco, segundo quem Temer reconheceu ter cometido um erro ao dar apoio aos reajustes dos servidores. Entre trancos e barrancos, vai se consolidando a ideia de que, fina a interinidade, Michel terá pulso mais firme. Assim esperamos.
Um olho na TV Senado, outro no painel de cotações: bolsa acelerando alta e dólar em queda.
Depois não diga que não avisamos
Artigo da Bloomberg chama a atenção para o fato de os yields dos títulos corporativos brasileiros se encontrarem em consistente trajetória de queda, a despeito do crescente número de empresas cujas notas de crédito estão sob perspectiva negativa na avaliação das agências de risco.
A resposta é simplíssima: muito embora desafios persistam, a visão do mercado é de que não só o pior já passou como há oportunidades imensas por conta das melhorias institucionais. É o mercado contragolpeando junto conosco.
Uma nova rodada de redução de yields deve ser desencadeada pelo afastamento definitivo de Dilma. Por conta disso, é fundamental que você dedique algum tempohoje mesmo para conferir as recomendações da Marília no Empiricus Renda Fixa .
Um sinal de vida da indústria
É notável a melhora de tom nas previsões às vésperas da divulgação do PIB do 2T16. O que mais me chama a atenção é a mensagem, repetida tanto pelo Ipea quanto pelo Ibre/FGV, de que veremos recuperação na formação bruta de capital fixo - ou seja, nos investimentos das empresas.
Já se vão dez trimestres de marasmo. Uma recuperação no indicador, se confirmada, será um sinal marcante de que o caminho para a retomada sustentada de crescimento econômico começa a ser pavimentado.
Bom para as empresas de bens de capital, cuja demanda é função direta do investimento industrial. Dando nomes aos bois, Romi (ROMI3 (SA:ROMI3)) e WEG (WEGE3 (SA:WEGE3)).
Atenção para a novela de Samarco
Se, a despeito de nossas reiteradas sinalizações, você continua carregando ações de Vale (VALE5 (SA:VALE5)), fique atento hoje. A companhia faz teleconferência às 15 horas para apresentar os resultados das investigações independentes que contratou para apurar as causas do acidente da Samarco.
O imbroglio em torno de Samarco só cresce. A retomada das operações, inicialmente planejada para ocorrer ainda este ano, já foram postergadas para a segunda metade do ano que vem - e, sinceramente, tenho lá minhas dúvidas se o novo cronograma é pra valer. O acordo firmado para realizar os trabalhos de recuperação das áreas atingidas concorre com uma disputa judicial multibilionária, e qualquer chance de os riscos de Samarco se manterem apartados de Vale e BHP já foi, há muito, para as cucuias.
Mais um motivo, penso eu, para ficar longe das ações.