Tudo indica que investidores institucionais estão fazendo o bitcoin atingir níveis mais altos. Vamos analisar melhor a movimentação na cripto.
No mês de janeiro, o bitcoin voltou a alcançar seu patamar mais alto desde agosto, ao se valorizar 41%, para 23,5 mil dólares. Esse é um sinal de que o investimento institucional na cripto está voltando? Dados indicam que grande parte da valorização do bitcoin em janeiro pode ter vindo da pressão de compra dos institucionais.
Quem realmente está por trás do rali na cripto?
Historicamente, o “Efeito Janeiro” é um fenômeno bem observado, em que ações de pequena capitalização tendem a superar o desempenho de ações de grande valor de mercado. Isso geralmente se deve a um reinvestimento dos bônus de fim de ano, venda para otimização tributária e otimismo geral com o início de um novo ano.
E não é apenas o “Efeito Janeiro” que está em jogo, mas também a regra dos “primeiros cinco dias”. De acordo com Stock Trader’s Almanac, após analisar o mercado acionário desde 1950, é possível dizer que os primeiros cinco dias de janeiro indicarão se o mercado terminará o ano em alta. Nesse sentido, podemos fazer projeções para as criptos também.
Afinal, a razão pela qual o criptomercado tem correlação com o mercado acionário é a liquidez trazida pelos investidores institucionais. Isso cria um efeito propagador que afeta todo o mercado.
Com um coeficiente de correlação de 0,80, o preço do bitcoin se comporta de forma muito similar ao movimento do índice Nasdaq 100. Crédito da imagem: Trading View
Na segunda-feira, a CoinShares noticiou que houve a maior entrada de fluxos em ativos digitais desde julho de 2022, dois meses depois do colapso da Terra (LUNA). Outro sinal positivo foi que o volume total de ativos sob gestão aumentou 43% em relação às mínimas de novembro de 28 bilhões de dólares.
Praticamente toda a entrada de fluxos da semana passada foi alocada no bitcoin, o equivalente a 116 milhões de dólares. Crédito da imagem: CoinShares.
Com uma certeza maior de que o bitcoin é uma commodity, enquanto outros ativos digitais podem ser classificados como valores mobiliários no futuro, não surpreende o foco no investimento em bitcoin. Além disso, uma pesquisa da Matrixport de 27 de janeiro mostra que a maior parte dos ganhos do bitcoin ocorreu durante o horário normal de pregão nos EUA.
Como o bitcoin pode ser negociado 24/7, mas 85% da pressão de compra ocorreu durante o pregão regular nos EUA, isso indica que quem está atuando são os investidores institucionais americanos. Dessa forma, sua injeção de liquidez moveu o sentimento do mercado para “ganância”, após ficar abaixo da faixa de 60 desde março de 2022.
Por fim, o investimento institucional em criptos está sendo motivado pelo cenário macro. O Tesouro dos EUA está mantendo um baixo nvel de endividamento federal, ao injetar liquidez na economia. Entre janeiro e março de 2023, o Tesouro deve tomar emprestado 932 bilhões de dólares em dívidas comercializáveis. Essa liquidez entrando pela porta detrás nega de certa forma o aperto quantitativo do Fed.
No entanto, à medida que o Tesouro dos EUA drena seu saldo, o teto da dívida terá que ser elevado. Assim que o balanço do Tesouro começar a subir novamente, a liquidez começará a ser retirada. Nesse momento, o aperto do Fed terá uma força maior, se Jerome Powell continuar com suas elevações de juros no segundo semestre do ano.
No fim, após uma série de quebras no mercado cripto em 2022, o preço do bitcoin está sendo influenciado por fatores macro e pela resposta dos investidores institucionais a eles.
Aviso: Este artigo foi publicado originalmente no portal The Tokenist. Confira a newsletter gratuita do The Tokenist, Five Minute Finance, para ter uma análise semanal das maiores tendências em finanças e tecnologia.