O ano de 2023 tem sido desafiador. Em janeiro, tivemos a notícia sobre um rombo de R$20 bilhões no balanço das Americanas SA (BVMF:AMER3) que depois se revelou muito maior, na casa dos R$40 bilhões - ou até mais. Na sequência, outras varejistas também começaram a dar sinais de enfraquecimento. Todas com problemas relacionados à dívidas.
Em fevereiro, não muito depois dos primeiros acontecimentos, o Banco Central decretou a liquidação das financeiras Portocred e BRK, que estavam com problemas financeiros.
Este caso, porém, guarda maior relação com o tema central do artigo sobre o Fundo Garantidor de Crédito, o FGC. Isto porque ambas as instituições eram emissoras de títulos de renda fixa, como, por exemplo, CDBs e LCs.
Na decisão, o BC citou “comprometimento patrimonial da instituição, as graves violações às normas legais que regulamentam o funcionamento da instituição e o risco anormal a que estão sujeitos os credores quirografários”.
Somente no caso que envolve Portocred e BRK, são cerca de 54 mil credores (investidores desses papéis) elegíveis a resgatarem recursos investidos nas duas instituições via FGC.
Acontece que no dia 17 de fevereiro, a alta procura pelo fundo derrubou os acessos dos usuários de forma temporária. O próprio Banco Central emitiu uma nota comunicando o restabelecimento do sistema após uma paralisação provocada pela alta demanda.
Sabemos que a liquidez do mecanismo é bastante grande, mas, apesar de se tratar de uma estrutura de proteção confiável, casos mais complexos podem demorar mais do que os 60 dias indicados pela entidade para realizar os pagamentos.
Ou seja, a depender do volume financeiro implicado, o investidor pode ter sérios problemas, ainda que aquele investimento seja considerado “seguro”.
Além desse “bloqueio” de recursos, ainda há a perda na rentabilidade. Apenas para exemplo, imagine alguém que tivesse investido em um CDB com retorno de 13,75% ao ano.
Caso o FGC atrase o pagamento durante três meses, e esta foi a média de tempo registrada na última década para as restituições, a perda de rentabilidade desse investidor terá sido de mais de 3%.
Isto sem falar do transtorno ao saber que um produto no qual você investiu decreta insolvência.
Neste caso, a saída, como eu sempre digo, é uma boa diversificação. Contudo, ter uma carteira equilibrada e consistente não passa apenas por investir em produtos com FGC.
Não é porque um ativo conta com a proteção de um fundo garantidor que ele é bom. Ao investir em crédito bancário, por exemplo, é preciso analisar a qualidade dos negócios que compõem o portfólio da instituição, passando pelo índice de basiléia, mobilização, patrimônio líquido, etc, fatores que muitas vezes os investidores desconhecem.
Além disso, muitos acham que só contar com a proteção do FGC é suficiente. Pode até ser, em até R$250 mil por instituição e CPF, limitado a R$1 milhão em 4 anos, porém, a dor de cabeça sempre existirá.
Talvez a tarefa da análise seja complexa para o investidor comum, mas hoje existem soluções no mercado que ajudam as pessoas com a curadoria adequada dos ativos.
Atualmente, vivemos um período de incertezas, não só no Brasil, mas, no mundo. A crise de confiança bancária, com as quebras de bancos lá fora, traz muita atenção para o investidor.
Por isso, nunca foi tão importante construir uma carteira bem diversificada e pulverizada entre diferentes classes de ativos.
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Até a próxima!