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Revendo Nossas Projeções

Publicado 02.04.2013, 08:24
Atualizado 09.07.2023, 07:32
Estamos terminando o primeiro trimestre de 2013 e é importante uma revisão das nossas projeções, dado que houve uma deterioração das expectativas inflacionárias, levando o BACEN a se pronunciar, mesmo que com certo atraso, sobre a possibilidade de uma elevação da taxa Selic, já devidamente “precificada” por todos. Isto significa que acreditamos na sua elevação no transcorrer deste ano, só faltando acertar o timing e a intensidade.

De fato foi um período complicado para a economia brasileira, com as expectativas otimistas, normais nesta época, logo se transformando em frustração. Isto se justificou em boa parte pelas ações desastradas do governo, ainda no rescaldo da intervenção no setor energético no final do ano passado, assim como vários ruídos gerados pelo infrutífero debate em torno do “como agir para compatibilizar bom ritmo de crescimento e comportamento da inflação”, para muitos, algo incompatível.

O governo, no intuito de combater a inflação, adiou alguns reajustes, como transporte público no Rio e em SP, e anunciou nova desoneração, desta vez para a cesta básica, além de mostrar sintonia maior com o mercado, nas preocupações com a inflação, através do BACEN. Neste, foram vários os “sinais” do presidente Alexandre Tombini, atento ao patamar alto do IPCA, sua disseminação, choques de oferta, ameaça cada vez mais presente de estouro do teto da meta de inflação (6,5%), etc. O IPCA-15 de março, inclusive, já chegou a este teto, ao registrar 6,49% em 12 meses, e o índice cheio deve por certo estourar esta meta. Neste patamar, inclusive, o BACEN vinha projetando o IPCA próximo a 6,5% no primeiro semestre, cedendo no segundo. Recentemente, porém, vem evitando comentar sobre esta hipótese.
Figura 1
Vários fatores vêm pressionando os preços, como a indexação, tornando rígida a inflação em 12 meses abaixo de 5,5%, mercado de trabalho aquecido, elevando os reajustes salariais acima dos ganhos de produtividade, impactando os índices pelo lado da oferta, na espiral preço–salário, setor de serviços pressionado, por este mesmo mercado de trabalho aquecido, além dos choques de oferta recorrentes, como agrícolas, reajustes de combustível, etc.

Em resposta, as possíveis ações do BACEN acabam se tornando urgentes, atuando mais nas expectativas dos agentes, para tentar transmitir a ideia de estar atento ao comportamento da inflação. Neste contexto, estamos revendo nossa projeção de taxa Selic para este ano, de 7,25% para 8,00%. Mas tudo depende de como se comportará a inflação nos próximos meses e como deve reagir a economia, ainda num ritmo muito lento de retomada. Como a última ata demonstrou cautela na política de juros, acreditamos que este ciclo de aperto monetário deverá ocorrer a partir de maio, em simbólico 0,25 ponto percentual, com mais dois ajustes em julho e agosto. Importante salientar que 2014 é ano eleitoral, o que deve levar a autoridade monetária a usar todo o seu “saquinho de maldades” neste ano.

Sendo assim, é importante contextualizar como os fundamentos da economia real devem responder a este aperto monetário ao longo do ano e em 2014. Lembremos e como dito, que o próximo ano será de eleições, havendo maior pressão pelo lado da demanda da economia, com aumento do consumo do governo acompanhando o já aquecido consumo privado.

De antemão, em relação ao ambiente externo, como premissa, estamos considerando um desanuviamento de cenário, embora com riscos de uma reversão, em especial, na Zona do Euro, ainda envolvida com os custos de ajustes necessários, mas impopulares e recessivos.

Na semana passada, um novo capítulo foi adicionado a este drama do Velho Mundo, com o Chipre ameaçando entrar em default. Primeiro tivemos um “pacote draconiano”, em acordo com a Troica, de taxar 10% dos depósitos bancários, depois o impasse com o Parlamento rejeitando, e agora, até onde se sabe, um “plano B” em elaboração. Embora tendo um peso irrisório no PIB da região (cerca de 0,2%), esta pequena ilha, país membro, pode causar estragos, pelo “efeito demonstração” desta taxação sobre depósitos. A indagação de todos os países periféricos, afetados pela crise, seria a mesma: se taxaram os depósitos no Chipre, o que impediria de fazer o mesmo com os outros países da região?

Neste contexto, estamos visualizando uma região ainda em recessão, recuando 0,2% em 2013. A Alemanha deve ser um dos únicos países da região a crescer (pouco) neste ano. Isto decorre do fato de já ter realizado as reformas, tendo um diferencial de ganhos de competitividade e de produtividade, obtidos a partir da unificação no início da década de 90, considerável.

Nos EUA os indicadores de atividade recentes sinalizam retomada moderada, mas ainda preocupa o impasse fiscal. Mesmo assim, o comunicado do Fed, na semana passada, mostrou um otimismo cauteloso, com a política de compra de ativos mantida (US$ 85 bilhões mensais), assim como o juro zerado (0% a 0,25%), visando uma redução do desemprego abaixo de 6,5% da PEA. Depois de crescer 2,2%, estamos prevendo algo próximo a 1,6% em 2013, já contando com algum impacto do ajuste fiscal.

Já a China deve crescer algo em torno de 7,5% neste ano e no próximo, reflexo de mudanças no modelo econômico, agora mais voltado para dentro, para o consumo interno, e dos ganhos de renda de uma classe média crescente. Com isto, deve continuar a optar por uma política monetária prudente, diante das pressões inflacionárias daí geradas.

Por fim, o Japão, mirando meta de inflação em torno de 2%, tentando estimular as famílias a consumir, saindo da cultura poupadora, reflexo, inclusive, da estagnação dos anos 90. Por lá, estamos prevendo crescimento em torno de 1% em 2013, após crescer 2,2% no ano anterior.

Voltando ao ambiente doméstico, no cenário de 2013 temos o seguinte:

Crescimento do PIB. Nossas estimativas indicam um crescimento mais forte no primeiro trimestre deste ano, em torno de 1%, contra o trimestre anterior, puxado pela Indústria, mais precisamente pelo setor automobilístico, e pelo setor agropecuário, diante da colheita de uma safra recorde neste ano. Em janeiro, o IBC-Br, prévia de PIB do BACEN, avançou 1,3% contra o mês anterior. Temos como premissa, no entanto, que o País só cresce de forma sustentável neste ano se tiver a contribuição da Formação Bruta do Capital Fixo. Desembolsos do BNDES são animadores, assim como os dados da indústria de bens de capital tendo avançado 8,2% em janeiro. Sobre os desembolsos, estes cresceram 12% em 2012, com as consultas crescendo 60% e as aprovações de novos projetos 58% contra 2011. Com isto, mantidas as mesmas condições do primeiro trimestre, estamos prevendo o PIB crescendo 3,2% em 2013, com o setor agropecuário liderando, com expansão de 7,5%, o PIB industrial avançando 3,5% e os Serviços 3%;
Figura 2
Inflação. O IPCA deve ficar em torno de 0,45% em março, elevando o índice, em 12 meses, acima do teto da meta (6,57%), o que pode colocar o BACEN sob pressão no que se refere ao início do “ciclo de aperto monetário”. Para os próximos meses, o setor de serviços deve se manter aquecido, assim como teremos os reajustes de transportes ao fim do semestre no RJ e SP. Não podemos descartar, também, mais um reajuste da gasolina no segundo semestre para recapitalizar a Petrobras. Os preços dos alimentos, no entanto, podem vir mais baixos do que em 2012, em decorrência da boa safra deste ano. Com isto, estamos prevendo o IPCA, ao fim deste ano, em 6,3%.

Política de juros.
Por ora, mantemos a estimativa de três elevações do juro em 0,25 p.p. nos próximos meses, fechando o ano em 8,0%. Para 2014, o juro pode ser elevado a 8,25%, mas devemos estar atentos ao custo eleitoral de um ajuste monetário neste período.

Taxa de câmbio.
Por fim, o BACEN deve manter um monitoramento estreito na política cambial, com a cotação em torno de R$ 2,00, atuando na compra e na venda, caso ocorram oscilações abruptas.
Figura 3
Outros Indicadores.

Sobre a balança comercial, observamos um déficit até a terceira semana de março, em US$ 5,5 bilhões, reflexo da internação dos registros de importação de petróleo, adiados em 2012 e só ocorrendo neste primeiro semestre. Além disto, temos as exportações de manufaturados impactadas pelo câmbio apreciado. Dito isto, revemos nossa projeção de balança comercial positiva, para US$ 12 bilhões, contando com boa reação no segundo trimestre, em função dos embarques agrícolas.

Pelo setor externo, com a piora da balança comercial e o aumento das despesas com serviços, o saldo em conta corrente deve se manter alto, em torno de US$ 63,5 bilhões, com os investimentos externos diretos ainda em bom patamar, próximos a US$ 64 bilhões, servindo para financiar este rombo.

No que se refere ao mercado de trabalho, a taxa recuou forte no ano passado, a 4,6% da PEA, pelo ingresso de novos consumidores, aquecimento do setor de serviços e uma oferta de mão de obra inflacionada pela escassez. Somado a isto, muitos empresários resolveram aguardar os acontecimentos, no que se refere à retomada em 2013, poupando os custos das demissões e das recontratações. Com a economia crescendo mais neste ano, acreditamos numa taxa média anual entre 5,0% e 5,5% da PEA, mesmo patamar de 2012.

Na gestão fiscal, o governo deve obter um superávit primário em torno de 2,1% a 2,5% do PIB em 2013, na expectativa de uma arrecadação melhor, impulsionada pelo ritmo da economia, mas impactado pelas desonerações fiscais, estimadas acima de R$ 53 bilhões neste ano. Para 2014, dúvidas decorrem da proximidade das eleições.
Figura 4

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