Sabidamente o mercado financeiro e mesmo o setor produtivo da economia brasileira não apostavam na reeleição da Presidenta Dilma, mas consumado o fato, ante tantas promessas de campanha, nutriam maior agilidade na implementação de nova dinâmica de gestão, com novos nomes e programa macroeconômico com forte potencial revitalizador das expectativas.
Há um sentimento predominante requisitório da absoluta reversão do “status quo” da economia, mas o ritmo em que mudanças imaginadas imediatas deveriam acontecer está frustrando as expectativas.
O Ministro Mantega, transformado em ex na vigência do seu mandato, ainda não teve designado o nome do substituto, ficando a impressão de que a Presidenta está encontrando dificuldades para tanto, e, ao mesmo tempo os números que a economia brasileira vem gerando se configuram cada vez piores.
A expectativa é que a Presidenta tivesse o nome do Ministro da Fazenda e do Presidente do BC escolhidos e um plano macroeconômico elaborado para apresentação imediata a divulgação do resultado eleitoral e que já fosse desenvolvida a nova face do governo, já que para um governo reeleito não se espera as mesmas formalidades sucessórias normas para um governo novo.
Até porque a situação do país precisa de choques que revertam as expectativas.
A inflação está aquecida e com grande probabilidade de fechar o ano acima da meta, o que sugere que será necessária maior elevação da taxa de juro para revertê-la, o que conspira contra a necessidade do país atrair investimentos dos nacionais e estrangeiros.
A política fiscal produz resultados extremamente preocupantes e coloca o país em linha de ter um “downgrade” no rating atual, o que seria altamente negativo para o país que precisa urgentemente recuperar credibilidade e atratividade de grandes fluxos líquidos de recursos externos, atualmente em linha cadente.
Sem que reconquiste credibilidade e passe a atrair fluxos líquidos positivos não haverá condições do BC desmontar a expressiva intervenção ocorrida no mercado de câmbio futuro desde agosto do ano passado, permanecendo como refém da estratégia que praticou para conter o preço da moeda americana em prol do controle inflacionário.
Porém, com uma grande diferença, o instrumento financeiro “swap cambial” tende a não ter a capacidade consistente de permitir o monitoramento do preço da moeda americana, que assim tenderá a ganhar novos patamares mais elevados e que, inquestionavelmente, afetará a inflação, elevando-a.
E, há ainda alguns motivos adicionais de preocupação.
A economia americana continua promovendo resultados otimistas que podem abreviar o tempo para que o FED altere a política monetária e ao elevar o juro acabe por retirar expressivo volume de recursos em poder dos países emergentes, entre os quais o Brasil.
Ontem o dólar experimentou a maior alta em 4 anos contra a cesta de moedas principais, refletindo o otimismo com o ISM que atingiu 59,0 pontos em outubro contra 56,6 pontos em setembro, após na sexta-feira passada o sentimento do consumidor apurado pela Universidade de Michigan ter atingido o maior índice em 7 anos ao atingir 86,9 pontos de outubro ante 86,4 pontos em setembro.
A China em trajetória de crescimento menor, o que prejudicará o Brasil que se fez exportador quase que exclusivamente agrícola, com grande dependência da economia chinesa.
O preço do dólar no nosso mercado atingiu R$ 2,51, fechando discretamente abaixo, e a Bovespa operou em baixa, podendo ter sido um movimento de ajuste ou o inicio de movimento de saída.
O Boletim FOCUS que expressa as medianas das projeções de uma centena de instituições financeiras manteve a projeção para o IPCA deste ano em 6,45%. Estranhamente, a despeito da alta da SELIC para 11,25%, o FOCUS a manteve projetada em 11,00% ao final do ano. Elevou o dólar de R$ 2,40 para R$ 2,45, ainda modesta, mas reduziu, mais uma vez, a estimativa do crescimento do PIB de 0,27% para 0,24%.
A Balança comercial, divulgada pelo Mdic, fechou outubro com déficit de US$ 1,177 Bi, pior resultado para o mês desde 1998, número alcançado devido a ultima semana de outubro ter registrado No ano é deficitária em US$ 1,871 Bi.
Urge que o governo reeleito dê evidências do seu programa macroeconômico e seus novos gestores, para que o descrédito não continue a prosperar.
A tendência do preço da moeda americana é claramente de apreciação e certamente promoverá pressões sobre a inflação.