Ruim com Temer, Pior sem Ele:6 Gráficos que Mostram a Evolução Econômica

Publicado 01.09.2016, 11:01
USD/BRL
-
VALE
-
IBOV
-

Finalmente, soubemos o resultado deste longo processo de impeachment: com o fim da votação no Senado Federal, por 61 votos, Dilma Rousseff é afastada da presidência. Michel Temer passa de “vice-decorativo” a presidente até 2018. Nestes 100 dias de governo Temer, os indicadores econômicos também andaram esboçando melhora.

Importante ressaltar que qualquer um dos os efeitos positivos observados podem ser decompostos em 3 partes, cada uma com um peso diferente, e que, juntos, compondo o efeito total: “Efeito Temer” + “Efeito fundo do poço” + “Alguma ajuda externa”.

O efeito Temer é a pura e simples retomada de confiança de que a economia brasileira vai começar a fazer os ajustes necessários, principalmente os de natureza fiscal. É uma espécie de crédito que está sendo dado ao governo interino. O efeito fundo do poço ou efeito Tiririca – pior que tá não fica – indica que a economia realmente chegou ao desastre completo e inicia uma tímida retomada. Finalmente, o efeito internacional, com o FED indicando uma subida de juros ainda mais frouxa, somada ao risco BREXIT e as taxas de juros em patamar negativo ao redor do mundo contra o juros de 14,25% do Brasil, atrai capitais e ajuda a diminuir o risco e explica em boa parte a queda do dólar em 2016.

Vamos começar com o indicador que mais subiu desde a entrada de Temer, a Bolsa de Valores. O efeito Temer bate forte em conjunto com o efeito externo, e é nítido o interesse do investidor externo em um Brasil pós Lava-Jato e em empresas bastante depreciadas em bolsa. Entre a mínima do período Temer, em vermelho no gráfico, o Ibovespa ganhou 19%.

Ibovespa
Ibovespa em pontos; Fonte: BM&F Bovespa

Para capturar bem o otimismo externo, podemos olhar outra métrica interessante, essa mais voltada pra risco em si, o credit default swap, CDS. O CDS indica o risco do país dar um calote externo, e quanto menor, melhor. Considerando o governo Temer, o CDS recuou em média 100 pontos, trazendo o Brasil para um patamar mais próximo de emergentes com alto risco. Começou 2016 próximo a faixa dos 500 pontos, e conforme o processo de impeachment avançava era nítida a queda do CDS para patamares mais próximos de países de alto risco como Turquia e Russia.

CDS
CDS – Credit Default Swap; Fonte: Bloomberg

Em seguida, podemos olhar a melhora da expectativa dentro de casa. Analisando números do Boletim Focus ao longo de 2016 fica claro o ganho de confiança do mercado com o Governo. A expectativa da taxa de juros para o fim de 2016 se elevou um pouco, o que não é de todo ruim, mostrando que o mercado observa um certo comprometimento da nova gestão do Banco Central de tentar trazer a inflação de 2017 para a meta. Considerando o fato que 2016 é um caso perdido. Para 2017 a expectativa de inflação tem se aproximado cada vez mais da meta, com mais intensidade após Temer ter assumido.

IPCA no fim do período
Expectativas IPCA – Relatório Focus; Fonte: Banco Central do Brasil

Para 2016, a expectativa de inflação aumentou ao longo do governo Temer e a distância de quanto vai fechar o IPCA em relação à meta prevista pelo Banco Central cresceu, pouco, mas cresceu. Vale (SA:VALE5) lembrar que boa parte do descontrole inflacionário vem de uma política fiscal equivocada e uma política monetária bastante frouxa, ambas praticadas no governo Dilma.

Desvio em relação à meta
Desvios das expectativas do IPCA em relação a meta de inflação; Fonte: Banco Central do Brasil; Elaboração Própria

Em penúltimo vem os indicadores industriais, nitidamente os que mais melhoraram desde que Temer assumiu, pode ser uma mescla de efeito Temer com o efeito fundo do poço. Com a atual melhora da confiança é possível arriscar-se a dizer que estamos começando a sair do fundo poço, devagar, mas saindo…

Expectativa da indústria
Índices de confiança da indústria; Fonte: FGV

Por último, e não menos importante, um indicador de atividade, deprimente, porém revelador do estrago que vem acontecendo na economia. Desde 2016 o IBC-br, índice de atividade mensal do Banco Central caiu mês a mês, porém em junho, último dado anunciado, ele andou positivamente em relação ao mês anterior, pela primeira vez em mais de 1 ano, indicando que uma recuperação da atividade pode estar a caminho. Aqui vale lembrar que é muito difícil que em apenas um mês de governo Temer a atividade tenha voltado a andar, e sim indica um efeito “fundo do poço” pura e simplesmente. E que o ganho de confiança de um novo governo apenas pode acelerar a saída. Não atrapalhar a economia agora, com medidas malucas, já seria uma grande ajuda…

IBC-Br
IBC-br; Fonte: Banco Central do Brasil

Agora basta aguardar quais serão as próximas medidas de um “oficial” governo de Michel Temer, caso o Impeachment se concretize no Senado da república. É necessário dizer que melhoras da economia precisam ser vistas com muito cuidado, algumas podem ocorrer de melhoras criadas pelo governo, outras é pelo simples ajuste do ciclo econômico. Afinal de contas, estar no fundo do poço e se levantar alguns centímetros já é considerado uma melhora, não é mesmo?

Mas com o crédito dado pelo mercado ao novo governo é melhor acreditar que se está ruim com Temer, seria ainda pior sem ele…

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.