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Infelizmente está se materializando o cenário desastroso que havia falado ontem após a decisão e do comunicado do COPOM. Os bons modos monetaristas do BCB não se traduziram em maior confiança dos investidores, o que faria os juros longos caírem na esteira da maior vigilância da Autoridade Monetária, mas antes abriram a porta dos medos que a dinâmica institucional entre Planalto e Banco Central vai se deteriorar.
De fato não vejo como reverter o mal-estar no curto prazo, apenas se duas coisas acontecerem praticamente simultaneamente, a saber:
1-) uma ata que sinalize uma coordenação maior com a Fazenda, e,
2-) uma queda nos juros norte-americanos nos vencimentos mais longos por qualquer motivo (são vários os possíveis).
No entanto, não vejo como factível nenhum dos dois neste momento e assim sendo a deterioração pode piorar especialmente porque justamente agora o presidente Lula e uma grande comitiva estão a caminho da China para uma reunião que terá profundos impactos nas relações exteriores do país e desta forma não teremos nenhum anúncio de Arcabouço Fiscal por uma semana, o que irá retroalimentar o mal-estar.
A tragédia do que o mercado vive hoje é que bastaria uma comunicação mais suave para atingir múltiplos objetivos, afinal o mercado - a despeito da retórica fiscalista - “queria” juros menores.
É óbvio que o Banco Central tem ótimos motivos para manter inalterada a taxa SELIC, a inflação corrente está alta e as expectativas não estão ancoradas, mas também é óbvio que se poderia ter criado uma trajetória mais amena para o ajuste.
Na lógica de parte do mercado a culpa deste estado de coisas é do governo que não faz um ajuste fiscal, mas a verdade é que o ajuste não pode ocorrer da forma que se quer sem com isso paralisar a máquina pública. O que vai ocorrer é um “jogo de empurra” cuja solução é nula, logo…
Tudo isso poderia ter sido evitado com facilidade, o BCB deixaria os juros altos e falaria que continuará vigilante de um lado, mas sinalizaria que o Arcabouço Fiscal e as restrições no crédito (por conta dos juros e de questões outras que ocorreram no início deste ano) poderiam auxiliar na tarefa de acomodar a inflação em horizontes mais longos.
Se a Fazenda não apresentasse um Arcabouço Fiscal factível aí sim o BCB teria todos os motivos - e a obrigação - de ser mais severo com os juros.
Se o comunicado tivesse sido mais suave, pronto, o mercado hoje estaria com um clima completamente diferente e a bola estaria no colo da Fazenda de apresentar um Arcabouço Fiscal crível, mas do jeito que está agora dificilmente o mercado irá “comprar” o ajuste.
Chegamos assim na terceira derivada do problema. Haddad e equipe que já estão sendo atacados pelo PT e que estão sob a alça de tiro de parte da oposição terão que fazer mais do que é possível ser feito. O mercado crítica Lula caindo muito facilmente na retórica que ele, Lula, é radical, mas é Lula que “fala grosso com o mercado” que está dando as salvas guardas para Haddad construir um plano fiscal mais austero.
Alguém poderia argumentar que um déficit de 1% do PIB este ano não é austeridade, mas poderia se argumentar com igual facilidade que juros nominais neste patamar e em termos reais os maiores entre as principais economias não é também sensato.
No meio desta confusão me pergunto onde está o adulto responsável porque de resto só ouço apelos infantis de lado a lado num jogo de cena que cansamos de ver.
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