Mercados Globais
Apesar de começar sem anúncios, a semana terá muitos dados importantes de atividade na Europa, nos EUA e no Brasil. A divulgação dos dados afeta diretamente as expectativas dos agentes e, por conta disso, mexe com os mercados de moedas, juros e de capitais. Serão divulgados os dados de mercado de trabalho e do PIB dos EUA na quarta feira, e isso pode ajudar a reforças a tese de que a economia, mesmo com um ritmo sólido de atividade e criação de vagas de trabalho, pode requerer ainda um pouco mais de cuidado por parte do Federal Reserve, que está em um movimento gradual de normalização da política monetária. Ainda que a economia esteja crescendo, o FED deve continuar a moderar o ritmo de alta dos juros e redução da quantidade de dinheiro na economia.
Terminou ontem o seminário anual de Jackon Hole, promovido pelo FED de Kansas City, com a participação de algumas das maiores autoridades globais em política monetária. Apesar das importantes contribuições teóricas e de análise das políticas, os dirigentes não sinalizaram o que vão fazer nas próximas semanas em termos de juros e oferta de moeda e isso reforçou as tendências já observadas nas semanas anteriores. Dólar continuou afundando em relação ao euro, batendo o menor nível em dois anos e meio, e os juros dos títulos de dez anos continuam em patamares muito baixos. Veja o gráfico do euro:
A moeda dos EUA está sendo negociada a US$ 1,193 em relação ao euro, menor patamar desde janeiro de 2015. O presidente do Banco Central Europeu, manteve sua postura de distanciamento em relação a qualquer sinal de curto prazo sobre a alta de juros e isso confirma a ideia de que a economia da zona do euro continuará a se expandir de forma sólida, ao mesmo tempo em que a dos EUA mostra alguma desaceleração em relação ao ritmo anterior. Na quarta, o BEA – escritório de estatísticas dos EUA – divulga a segunda prévia do PIB do segundo trimestre e as estimativas são de um crescimento de 2,8% ao ano, ou 0,7% no trimestre. Apesar de ser um número elevado, ele não é suficiente para elevar as estimativas do mercado de 2,1% para 2017, um número que vem caindo em relação às estimativas anteriores. Na sexta, o departamento do trabalho divulga os dados do mercado de trabalho de agosto, e a criação de empregos dará o tom para os movimentos de juros que virão na semana que vem. Espera-se a criação de 180 mil vagas.
As bolsas estão caindo na Europa e deve ter um pregão morno nos EUA, que tem as atenções voltadas aos efeitos do furacão Harvey, que devastou o estado o Texas.
Brasil
No Brasil, teremos a divulgação do desemprego na quinta-feira e PIB e IPC-S na sexta-feira. As expectativas do mercado são de um PIB de +0,10% e um IPC-S de 0,30%. As projeções para o PIB ficam no intervalo de -0,30% e +0,30% com 95% de probabilidade e não será surpresa se tivermos uma ligeira queda no terceiro trimestre, que mostrou um comportamento ainda fraco para o faturamento e lucro das empresas, uma queda na arrecadação de impostos e uma melhora ainda lenta do mercado de trabalho.
A inflação esperada para 2017, coletada pela Gerência de Relacionamento com Investidores do Banco Central, caiu para 3,45% e, junto com ela, a taxa de juros SELIC para o final de 2017, para 7,27% (uma taxa de juros básica entre 7,0% e 7,5%). A FGV divulga na sexta feira o IPC-S de agosto, que deve sair perto de 0,30%.
Com esse cenário, é de se esperar que a bolsa opere em ligeira alta, o dólar siga o exterior e os juros continuem a cair.