A semana nos mercados terá novos lances da guerra comercial entre Estados Unidos e China e a leitura atenta dos indicadores econômicos nos EUA para conferir se o país caminha para uma recessão. Na Europa, a expectativa é com a votação pelo Parlamento britânico na terça-feira da proposta para saída do país da União Europeia. Um fracasso na votação colocaria em risco o governo da primeira-ministra Theresa May e complicaria a situação de cidadãos e empresas com o fim efetivo do acordo. Na França, o governo de Emanuel Macron segue ameaçado pelos protestos dos “coletes amarelos” contra o aumento do imposto sobre a gasolina.
Diplomação de Bolsonaro
No Brasil, as atenções se voltam para a diplomação de Jair Bolsonaro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na segunda-feira. Os mercados vão acompanhar ainda as denúncias contra um assessor do filho do presidente eleito, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), de ter feito saques acima de sua capacidade financeira e ter feito depósitos para a futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Copom
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) faz sua reunião para definir a taxa básica de juros na terça e na quarta-feira. A expectativa do mercado é que a taxa básica Selic seja mantida em 6,5% ao ano. “Como sempre, o comunicado deve ser mais importante do que a decisão: mudança de governo, juros nos EUA, comércio global, atividade e inflação fracas”, diz o Banco Fator. “Próximos passos: aguardar reformas?”, acrescenta.
A Rosenberg Associados espera manutenção da taxa de juros. No comunicado, o Comitê deve melhorar sua avaliação sobre a inflação, ainda mais após os dados de novembro terem saído bem inferiores ao esperado. Também deve rever o tom com relação à atividade, com os últimos dados mostrando maior lentidão na recuperação econômica. Apesar disso, o cenário externo deve continuar sendo um desafio, dadas as incertezas quando ao ritmo de crescimento global e de descompressão monetária, em face da guerra comercial.
Enquanto o BC deve manter a taxa de juros em 6,5%, as atenções se voltarão para a avaliação do balanço de riscos para inflação – que pode se tornar mais equilibrado, contrapondo o balanço apresentado na última comunicação oficial, em que os riscos ainda estavam assimétricos para cima, diz o Departamento Econômico do Bradesco (SA:BBDC4).
Vendas do comércio e Serviços
Na agenda econômica local, será conhecido o resultado da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de outubro, calculada pelo IBGE. O número será divulgado na próxima quinta-feira. O Fator estima uma contração de 1,20% nas vendas do varejo restrito, sobre setembro, e ata de 0,80% em relação às vendas de outubro de 2017. Em relação ao varejo ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, o banco espera alta de 2,70% no mês e 6,90% no ano.
Na sexta-feira, o IBGE divulgará o resultado da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), também de outubro.
A Rosenberg Associados destaca os indicadores de atividade relativos a outubro. “Esperamos virtual estabilidade do varejo no mês, com muitos consumidores postergando compras, à espera da Black Friday (novembro)”, diz a consultoria. Nos serviços, a Rosenberg espera desempenho moderado, encerrando um quadro bem pouco auspicioso da atividade em outubro.
IGP-10 de dezembro
Na sexta-feira, a Fundação Getulio Vargas (FGV) o Índice Geral de Preços-10 (IGP-10). A LCA Consultores estima uma queda de 1,27% no mês, confirmando a tendência de deflação dos indicadores neste fim de ano.
Preços nos EUA e reunião do BCE
Nos Estados Unidos, serão divulgados os índices de preços ao produtor (PPI) na terça-feira e ao consumidor (CPI) na quarta-feira. Na quinta, sai o Índice de Preços de Importados. Na Europa, o principal evento será a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central Europeu (BC) na quinta-feira. Na Alemanha e na França, saem o Índice de Preços ao Consumidor e o PMI da Manufatura. No Reino Unido, sai a Produção industrial.
Segundo a Rosenberg Associados, o destaque da semana vai para a reunião do Banco Central Europeu. A economia da Zona do Euro vem perdendo o ímpeto desde o começo de 2018, e as expectativas indicam a continuidade deste movimento em 2019; contudo, o presidente do BCE, Mario Draghi, segue firme no cenário de subida de juros no verão europeu do ano que vem, expectativa questionado pelo mercado.
Tensão EUA-China aumenta com prisão de executiva
Na China, a expectativa é com a reação das autoridades à prisão da filha do fundador da gigante de celulares Huawei no Canadá a pedido das autoridades americanas. Autoridades chinesas protestaram, convocaram o embaixador dos EUA em Pequim e exigiram neste fim de semana que os Estados Unidos voltem atrás no pedido de prisão da diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou. Os EUA alegam que ela ocultou negócios da empresa com o Irã, desrespeitando o embargo americano.
Esse confronto e novos embates entre Donald Trump e Xi Jinping sobre as tarifas de importações e o acordo que suspendeu temporariamente o aumento por 90 dias também podem tumultuar os mercado. Com a campanha para reeleição se aproximando, Trump tende a forçar uma confirmação de Pequim de que a China atenderá as condições do acordo, aumentando as compras de produtos agrícolas americanos.
Saem ainda os dados de preços ao consumidor (IPC), a balança comercial, o investimento estrangeiro direto as vendas no varejo, produção industrial e novos empréstimos. Na Alemanha: IPC e PMI Manufatura. Na França: IPC, PMI Manufatura. No Reino Unido: Produção industrial. Na zona do euro: Produção industrial e BCE – decisão sobre política monetária.
Para o Bradesco, a China divulgará os diversos indicadores de novembro, que deverão confirmar a desaceleração em curso da economia, que pode ser acentuada pelas restrições comerciais impostas pelos EUA nos últimos meses. Hoje, a China divulgou o Índice de Preços ao Produtor (IPP), com variação de 2,7% em 12 meses até novembro, dentro do esperado pelos analistas e abaixo dos 3,3% do mês anterior.