Boa semana, turma do câmbio! A pergunta que não quer calar: será este é o novo patamar da taxa de câmbio? Pois é, já estamos sustentando há alguns dias um dólar um pouco mais alto. Pelos fundamentos do carry trade, o diferencial de juros, podemos considerar que sim, afinal, por aqui temos juros em queda (houve corte de 0,5% na Selic) e no exterior (ainda não é consenso) podemos ter uma estratégia de skip, conforme citei em análise anterior. Ou seja, pular a alta na próxima reunião do Fed, mas não é garantido que até o final do ano os juros não subirão novamente por lá. Até porque, ainda falta sair bastante dados para que o Comitê de Política Monetária do Fomc se sinta à vontade para dizer que a inflação está controlada nos EUA.
Sobre o fechamento da semana passada, tivemos o dólar à vista encerrando a semana cotado a R$ 4,9045 para venda. Vamos agora ver alguns dos fatores que pressionam o câmbio. Além, é claro, dos juros, um dos fatores que mais precifica. A política brasileira e o compromisso fiscal, isso impactará certamente nos próximos meses, de acordo com as decisões a esse respeito que estão para sair. Índices de inflação (aqui no Brasil e no exterior) jogam contra ou a favor da moeda. O IPCA por exemplo, que saiu sexta feira, subiu 0,12% em julho, depois de ter tido baixa de 0,08% no mês anterior. É pouco, mas preocupa. Existem outros índices, como o IGP-M, que vem mostrando deflação (até a última leitura) e jogou a favor do real.
Nos EUA, o CPI (índice de preços ao consumidor) veio conforme mercado esperava, com isso o mercado achou que a estratégia de skip era a mais acertada. Já o IPP, índice de preços ao produtor, subiu nos EUA e mostrou a possibilidade do Fed precisar subir os juros, pois a inflação ainda incomoda. Índices que vêm pior (mais altos) do que o esperado dão força ao dólar.
Por aqui, qualquer indício de inflação mais alta mostra que não podemos “bobear” nos cortes de juros. Pois é, cada hora “acham” uma coisa. E é assim mesmo no mercado de câmbio. Muito dinâmico e com cenários que se alternam. A cada dado uma nova estratégia, e um novo posicionamento da taxa de câmbio. Por isso me intriga tanto quando economistas fazem projeção de longo prazo para o dólar. Tudo pode acontecer. Quem previa uma guerra na Ucrânia, por exemplo? E quanto tempo isso já está durando e até escalando. E a Covid?
E vamos falar de mais um país que impacta bastante no nosso real, a China. Dados ruins vindo de lá causam "danos" nos países exportadores de commodities. O Brasil vende muito para eles e sofre bastante impacto a cada novidade vinda de lá.
Então, para não me alongar mais, vamos step by step no câmbio. Continuarei contribuindo com as notícias a cada manhã por aqui para traçarmos estratégias curtas, mas pelo mesmo assertivas, para o câmbio. E, porque não dizer, até mudando de posição e opinião a cada novo dado. Só quem não muda é pedra, e aqui os leitores são todos antenados e se posicionam a cada novo dado. O câmbio não foi feito para desbancar os economistas, como muitos dizem. Foi feito para estratégias curtas. As longas são em apenas em condições normais de pressão e temperatura. E aqui é Brasil, tudo impacta e reage exacerbadamente, o mercado precifica mesmo.
O calendário econômico de hoje mostrará no Brasil o boletim Focus (que inclusive muda bem a cada semana) e o IBC-Br de junho. Nos EUA, expectativa de inflação ao consumidor. Ótimos negócios e muito lucro a todos.