Os preços do complexo soja renovaram as mínimas em abril. No Brasil, o movimento baixista se deve à forte desvalorização dos contratos futuros nos Estados Unidos, às expectativas de safra volumosa na Argentina, à oferta nacional abundante e à demanda enfraquecida, tanto por parte de compradores domésticos quanto de externos. Ressalta-se que a queda no Brasil acabou sendo limitada pela valorização do dólar e pelo elevado ritmo de embarques do grão, que estabilizou os prêmios de exportação.
Se comparadas as médias de março e abril, os Indicadores ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) e CEPEA/ESALQ Paraná recuaram 2,2% e 1,7%, respectivamente, para R$ 76,56/sc de 60 kg e R$ 71,78/sc de 60 kg, em média, em abril. No mesmo comparativo, o dólar se valorizou 1,2%, fechando com média mensal de R$ 3,8950 no mês passado – a maior desde setembro/18, quando foi de R$ 4,1067, o maior patamar desde o início do Plano Real.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações da oleaginosa caíram 2,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 1,6% no de lotes (negociações entre empresas) entre março e abril.
As médias do mês de abril dos Indicadores ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) e CEPEA/ESALQ Paraná foram 10,5% e 9,8% inferiores às de abril do ano passado, em termos nominais. Em termos reais, as médias do mês passado foram as menores desde junho/17 e agosto/17, respectivamente. Os baixos patamares de preço têm mantido produtores afastados do mercado spot e para entrega nos próximos meses.
No caso das exportações, o fechamento de novos negócios foi pontual em abril, apenas para completar cargas. Até o início deste ano, as ofertas de compradores para entrega em março/20 estavam entre R$ 84,00 e R$ 85,00/sc de 60 kg, enquanto atualmente, alguns vendedores pedem R$ 80,00 pela saca para a mesma posição, mas já não há interesse de compradores.
O baixo ritmo das exportações de soja e derivados esteve atrelado, também, à dificuldade de embarque. Alguns traders indicaram que as chuvas ocorridas no decorrer do mês atrasaram a programação de escoamento nos principais portos brasileiros: Santos (SP), Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS). Esse cenário diminuiu as cotas nos armazéns portuários para as tradings que pretendiam enviar novos lotes para esses portos. As exportações foram limitadas também pelo atraso de navios, especialmente em Santos.
Quanto aos derivados, os preços do farelo seguiram em consecutivas baixas no mercado brasileiro em abril, pressionados pela desvalorização da matéria-prima e pelo menor interesse de consumidores, que se mostraram abastecidos – grande parte dos demandantes adquiriu, sem dificuldades, lotes para consumo de médio a longo prazo.
Além disso, o enfraquecimento da demanda externa, a queda dos preços futuros na CME Group (Bolsa de Chicago) e o recuo no prêmio de exportação do derivado também influenciaram as quedas domésticas. Com isso, quase metade das regiões acompanhadas pelo Cepea registraram, em abril, a menor média desde fevereiro/18, em termos nominais.
Para o óleo de soja, a demanda seguiu pontual, especialmente para a produção de biodiesel, enquanto as exportações estiveram significativamente enfraquecidas.
Entre março e abril, os preços do farelo de soja recuaram 1,2% na média das regiões acompanhadas pelo Cepea. Para o óleo de soja, na cidade de São Paulo (com 12% de ICMS), houve queda de 1,5% no mesmo comparativo, com média de R$ 2.705,00/tonelada em abril.
Nos Estados Unidos, as vendas seguem significativamente reduzidas. Segundo dados do USDA, as exportações na semana encerrada em 25 de abril foram 26,9% menores do que as do mesmo período de 2018. Na parcial desta temporada (de setembro até abril), as exportações estão 27,52% inferiores às do mesmo período da temporada passada, totalizando apenas 31,54 milhões de toneladas.
Na CME Group (Bolsa de Chicago), entre março e abril, o primeiro vencimento da soja (Mai/19) recuou 1,5%, a US$ 8,8248/bushel (US$ 19,45/sc de 60 kg) no último mês. No mesmo comparativo, o contrato de mesmo vencimento do óleo de soja teve queda de 2,4%, a US$ 0,2856/lp (US$ 629,56/t). Quanto ao farelo de soja, houve baixa de 0,2% entre os dois últimos meses, a US$ 305,81/tonelada curta (US$ 337,09/t).
Essas baixas só não foram mais intensas porque o clima esteve desfavorável nos Estados Unidos – o excesso de umidade impediu o avanço dos trabalhos de campo. Dados do USDA divulgados no dia 29 indicavam que o semeio da soja avançou apenas 2 p.p em uma semana, totalizando 3% da área semeada, inferior aos 5% do mesmo período do ano passado e aos 6% na média dos últimos cinco anos.