Nesta quarta-feira, os mercados absorveram sem grandes solavancos a ata do Fomc. O Fed apenas confirmou o que todos já esperavam, que o tapering deve começar em 2021, deixando “pistas” sobre o timing. No Brasil, no mercado cambial o Bacen atuou fortemente, ao mesmo tempo que a ata era anunciada, injetando US$ 1 bilhão.
Foi o suficiente para o dólar ceder frente ao real, a R$ 5,5091 à vista, depois de bater R$ 5,5731 à tarde. Já no mercado de juros, a curva “desinclinou”, com as taxas curtas estáveis e a médias e longas, em queda. O Bacen segue com a sua leitura hawkish, sinalizando que aconteça o que acontecer, será mantido o “plano de vôo” para trazer a inflação ao centro da meta em 2022. No mercado de ações, o dia foi de alta acima de 1%, com o Ibovespa “surfando na onda” das bolsas de NY.
Na agenda desta quinta-feira, o PPI dos EUA, o que deve reforçar a tese da inflação elevada. Continuam também os balanços do terceiro trimestre, com quatro grandes bancos, Wells Fargo & Company (NYSE:WFC) (SA:WFCO34), Bank of America Corp (NYSE:BAC) (SA:BOAC34), Citigroup (NYSE:C) (SA:CTGP34) e Morgan Stanley (NYSE:MS)) (SA:MSBR34). No Brasil, atenção para o volume de serviços de agosto, pelo IBGE, e novo leilão extra de swap cambial (mais US$ 1 bilhão) do Bacen.
-
Nos EUA. A ata do FOMC sempre costuma ser muito enigmática nos seus comunicados, mas o mercado já tratou de “conduzir o Fed”. Parece-nos fato que o início gradual da redução na compra de ativos deve ficar para meados de novembro ou início de dezembro. Os diretores reconhecem que a inflação tem se mantida elevada, em função de “fatores transitórios”, mas este “estado” tem persistido. Ou seja, os fatores podem ser transitórios, mas a inflação, mesmo assim, se mantém elevada.
Reconhecem que os problemas de “gargalo de produção” devem se prolongar por 2022, assim como toda cautela é necessária em relação ao “transcurso do vírus”. Há especulações de que a redução mensal na compra de ativos deve ficar em US$ 10 bi para os treasuries e US$ 5 BI para os MBS. Este processo de redução gradual deve ir até meados ou fins de 2022. Nada foi dito sobre a elevação do juro.
-
Ainda nos EUA as previsões são de que os lucros das empresas do S&P 500 avancem 27% no terceiro trimestre, com destaque para energia. Diante da oferta restrita de gás natural e petróleo e de uma retomada da economia global mais forte do que o esperado, o setor de energia tem sido destaque.
-
No Brasil. Na Câmara, a proposta de mudança de cobrança do ICMS sobre combustíveis foi aprovada por 392 a 71. Agora, o texto segue para o Senado de Rodrigo Pacheco. Segundo este, se a proposta for “um caminho bom”, a “casa terá toda dedicação e boa vontade”. O problema é que esta não conta com a simpatia dos governadores e prefeitos, ameaçados pela perda de arrecadação para fazer frente as suas crescentes despesas. Diante disso, nos parece pouco provável que esta proposta avance sem mudanças no Senado.
-
Uma bomba é Arthur Lira, presidente da Câmara, especular sobre a necessidade de privatizar a Petrobras (SA:PETR4), algo bem aceito por Paulo Guedes, embora ambos não transitem pela mesma seara em muitos temas e há uma desconfiança “fundamentada” de que Lira quer mesmo é o ministério da Economia para o Centrão. Colocaram um “bode na sala”, mais para desviar o foco das atenções.
-
Paulo Guedes realiza seu discurso nesta quinta-feira, na 44º reunião do Comitê Monetário e Financeiro do FMI. O mote será a inflação, argumentando que é elevada no mundo inteiro, justificando pela reabertura da economia, forte recuperação da demanda, pressionando as commodities, e ainda problemas com a pandemia.
-
Na próxima semana teremos o debate sobre a PEC dos precatórios, previsto uma “vitória tranquila” do governo, pela PEC estar “mais consolidada”. A ideia é de que os precatórios tenham um limite de pagamento enquanto durar o teto de gastos. A previsão é de espaço de R$ 49 bi para bancar o Auxílio Brasil, assim como no combate à alta do gás de cozinha
Indicadores
CPI de setembro. O índice de preços ao consumidor (CPI em inglês) dos EUA subiu 0,4% em setembro ante agosto (0,3%), superando as expectativas do mercado (0,3%). Em 12 meses, a inflação americana acumula alta de 5,4%, ante projeção do mercado de 5,3%. Neste, as maiores altas acontecem no preço da gasolina (42%) e nos carros usados (24%), estes pela falta de insumos nas cadeias produtivas do setor.
O que se tem é que, como a ata do FOMC sinalizou, a virada na política de estímulos deve ter início em novembro, em função dos riscos inflacionários, mais persistentes do que o previsto e menos transitórios. Por outro lado, no mercado de trabalho ainda não se atingiu o pleno emprego. Fica a atuação do Fed, sempre em duplo mandato, neste caso, pela metade. Por outro lado, o indicador de expectativa de inflação de longo prazo (cinco anos) foi a 2,59% nesta quarta-feira, nível mais elevado desde 2014.
China. O índice ao consumidor (CPI) registrou taxa estável em setembro contra agosto, contra projeção de 0,3%, e anualizada de 0,7%, abaixo da projeção de 0,9%. Em agosto, registrou, respectivamente, 0,1% e 0,8%. Já o PPI registrou 10,7% na base anual, superando a estimativa de 10,5% e o mês anterior (9,5%).
Mercados
No Brasil, o Ibovespa fechou quarta-feira (dia 13) em boa alta de 1,14%, a 113.456, em meio ao vencimento dos mercados de opções e de futuro de índice. Já o dólar encerrou o dia em queda de 0,55%, a R$ 5,508, mesmo que ainda pressionado pelas incertezas fiscais e de rumo do governo Brasileiro.
Para segurar o câmbio, o BACEN realizou três leilões de swaps, maior volume de operações desde 25/03 (US$ 3,8 bi). Foram US$ 2,45 bilhões em contratos, US$ 700 milhões no leilão de swap para overhedge, US$ 750 bi no leilão tradicional de rolagem e mais US$ 1 bi em leilão extra. Nesta quinta-feira, o Bacen deve realizar um leilão extra de até 20 mil contratos.
Nesta madrugada do dia 14/10, na Europa (04h05), os mercados futuros operavam com ganhos. DAX (Alemanha) avançando 0,55%, a 15.332 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), +0,64%, a 7.187 pontos; CAC 40 +0,55%, a 6.633 pontos, e EuroStoxx50 +0,69%, a 4.111 pontos.
Nesta madrugada do dia 14/10, na Ásia (05h05), os mercados operaram EM ALTA: S&P/ASX (Austrália), +0,54%, a 7.311 pontos; Nikkei (Japão) +1,46%, a 28.550 pontos; Kospi (Coréia), +1,50%, a 2.988 pontos; Shangai -0,10%, a 3.558, e Hang Seng, +0,23%, a 25.020 pontos.
No futuro, as bolsas de NY operavam em alta neste dia 14/10 (05h05): Dow Jones avançando 0,44%, a 34.408 pontos, S&P 500, +0,55%, a 4.379 pontos, e Nasdaq +0,80%, a 14.892 pontos. No VIX s&p500, 18,67 pontos, recuando 2,51%. No mercado de Treasuries, US 2Y recuando forte 4,32%, a 0,3521, US 10Y -0,56%, a 1,540 e US 30Y, +0,50%, a 2,051. No DXY, o dólar -0,22%, a 93,873, e risco país, CDS 5 ANOS, a 208,9 pontos. Petróleo WTI, a US$ 81,25 (+1,01%) e Petróleo Brent US$ 84,06 (+1,06%). Gás Natural em QUEDA de 2,15%, a US$ 5,701.
As estimativas do Departamento de Energia dos EUA indicam o Brent a US$ 81 por barril no quarto trimestre. Para 2022, a expectativa é de recuo à média de US$ 72 por barril. Já a Opep reduziu sua previsão de alta da demanda global por petróleo para 2021, para 5,8 milhões de barris dia (bpd), contra 5,96 milhões bpd na estimativa anterior.
Na agenda desta QUINTA-FEIRA (14), no Brasil, os dados do setor de serviços de agosto (PMS), do IBGE. Esperamos que o índice confirme a tendência de crescimento atingido em julho (3,9% acima do nível pré-pandemia, de fevereiro 2020). A CNI divulga seu índice de Confiança do Empresariado Industrial. Nos EUA, dados de pedidos semanais de auxílio desemprego e PPI de setembro. Teremos também o PPI, confirmando a inflação mais elevada nos EUA. A agenda de balanços será pesada, entre os bancos, com Bank of America, Wells Fargo, Morgan Stanley e Citigroup. Teremos também a rede de farmácias Walgreens Boots Alliance (NASDAQ:WBA) (SA:WGBA34) e UnitedHealth Group Incorporated (NYSE:UNH) (SA:UNHH34) e a Alcoa (NYSE:AA).