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Trump Vai Acabar Com o Nafta? Se Sim, Como Isso Afetará os Mercados?

Publicado 21.01.2018, 05:58

A sexta rodada de negociações entre os EUA, México e Canadá sobre o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) começa hoje em Montreal (a data inicial de 23 janeiro foi antecipada dois dias por razões desconhecidas) e os mercados estão observando para ver se um acordo real será assinado e quais serão as consequências.

O presidente Donald Trump afirmou repetidamente que o pacto de 24 anos é talvez o pior acordo comercial que os EUA já fizeram e garantiu que vai conseguir um tratado melhor em consonância com sua ideologia "America First" (América Primeiro, em tradução livre) ou acabar com o pacto.

Enquanto a reivindicação inicial de que os EUA precisam forçar as empresas a produzir novamente dentro dos Estados Unidos para criar empregos para os americanos seja popular com a base de eleitores que elegeu Trump, várias facções domésticas estão realmente contra a alteração do acordo do Nafta, receando que uma mudança nas políticas realmente prejudicaria seus negócios.

Debate Sobre o Impacto Econômico

Um dos principais pontos nas negociações tem sido a insistência dos EUA com as regras sobre origem para a indústria automotiva. Os Estados Unidos querem elevar o limite mínimo para a terceirização na produção automobilística para 85% dos membros do Nafta e 50% do total para os EUA, em comparação com o acordo atual de 62,5% para os países membros.

As montadoras americanas Ford (NYSE:F), General Motors (NYSE:GM) e Fiat Chrysler (NYSE:FCAU) não ficaram quietas na sua insistência de que essas mudanças não seriam positivas para os americanos, argumentando que isso iria somar milhares de dólares no custo dos carros nos EUA.

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Deixando de lado o debate sobre os efeitos econômicos, e examinando o movimento das ações em 10 de janeiro (imagem abaixo), quando as fontes do governo canadense disseram que estavam cada vez mais convencidas de que Trump iria sair do Nafta, temos um sinal claro sobre que os investidores pensam que o movimento implicaria para o valor da empresa.

Ações de montadoras, 10 de janeiro na hora de relatório sobre Nafta

Além das quedas nas ações acima mencionadas, outras empresas também foram afetadas, como a proprietária da via férrea Kansas City Southern (NYSE:KSU) que oferece serviços de transporte transfronteiriço significativos para empresas ou a Constellation Brands (NYSE:STZ) (NYSE:{ {8034|STZ}}) que importa marcas de cerveja como a Corona Extra e a Modelo Especial para os EUA, como parte de suas operações internacionais de álcool.

Ainda em 18 de janeiro, Trump continuou o ataque ao acordo comercial através da sua conta no Twitter: "O Nafta é uma piada ruim!"

Trump tem sido muito direto sobre o "mal" dos déficits comerciais. No entanto, vale a pena lembrar que é simplesmente uma questão de subtrair as exportações das importações, e não é inerentemente ruim.

Em termos econômicos, a balança comercial de um país tende a se mover para um superávit durante as recessões, já que seus cidadãos não podem pagar por produtos importados, e tende a mudar para um déficit durante períodos de crescimento econômico, quando o abastecimento interno não consegue atender à demanda forte. Em geral, os consumidores precisam de produtos do exterior.

A eliminação do Nafta, teoricamente, aumentaria o número de empregos domésticos se os produtores dos EUA realmente pudessem aumentar a produção e substituir as importações para atender à demanda interna, mas, ao mesmo tempo, provavelmente também significaria bens mais caros para os consumidores americanos devido à eliminação da concorrência externa.

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Também é relevante observar que as guerras comerciais poderiam reduzir a demanda por produtos "Made in USA", pois quaisquer tarifas de retaliação tornariam os preços dos produtos americanos menos competitivos. Em suma, reduzir o déficit comercial faz sentido, mas não se isso acontecer às custas do crescimento das exportações.

Os Agricultores Americanos Poderiam Sofrer

Tal situação pode muito bem ser uma preocupação para os agricultores americanos, que se pensava ser uma grande parte da base eleitoral de Trump.

A última informação disponível da Administração de Comércio Internacional do Departamento de Comércio dos EUA (ITA) mostra que o México continuou sendo o terceiro maior parceiro comercial agrícola dos EUA em 2016, representando quase 12% do total das exportações agrícolas americanas e 53% das importações agrícolas do México.

O relatório afirma que, indiscutivelmente, o México é "favorecido" por meio do comércio. O México exportou um recorde de produtos agrícolas de US$ 23,8 bilhões para os EUA em 2016, enquanto as exportações agrícolas totais dos EUA foram avaliadas em US$ 18,7 bilhões.

No entanto, um jogo restrito a números não reflete necessariamente a realidade dos consumidores americanos. A população dos EUA é muito maior do que a do México e cortar a oferta mexicana pode significar possível escassez e/ou aumento de custos para as famílias americanas.

Além disso, os agricultores americanos poderiam ser atingidos. O relatório, divulgado em setembro de 2017, avaliando as atuais negociações do Nafta, advertiu que:

"... as vantagens geográficas e tarifárias que são desfrutadas no México provavelmente continuarão a fazer dos Estados Unidos a melhor opção de importação para a maioria dos principais produtos agrícolas. Dito isto, o México está buscando fontes alternativas de fornecimento, dado o clima político carregado".

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"Desde 1994, quando o Nafta entrou em vigor, o comércio agrícola bilateral entre os Estados Unidos e o México aumentou quase cinco vezes", constatou o ITA, que colabora com 19 órgãos do governo dos EUA em sua pesquisa.

"Ao mesmo tempo, as exportações agrícolas dos Estados Unidos para o México cresceram a taxas semelhantes, refletindo os resultados mutuamente benéficos que o Nafta criou", acrescentou o relatório.

"Perder o México como cliente será absolutamente devastador para a economia agrícola", disse Philip Gordon, um fazendeiro de trigo, milho e soja em Michigan, para o The New York Times em abril.

Exposição Americana ao Nafta, Estado por Estado

Uma análise mais ampla da Fitch Ratings averiguou o impacto regional no comércio, focando individualmente nos estados.

Fitch usou os dados do Departamento de Censo dos EUA para verificar que Dakota do Norte foi o primeiro entre os estados em termos de exposição às exportações para o Canadá. Pelo valor dos produtos, 82% das exportações da Dakota do Norte foram enviadas para o Canadá em 2016, enquanto o Novo México foi o número um em volume de mercadorias exportadas para o México (43% das exportações totais).

Depois de Dakota do Norte, Maine, Montana, Michigan, Vermont, Ohio, Missouri, Dakota do Sul e Indiana tiveram as maiores exportações para o Canadá. A Fitch observou que as principais indústrias de exportação nesses estados incluem produtos agrícolas, energia (ou seja, petróleo e gás natural), peças de máquinas e produtos automotivos.

O relatório destacou que 11 estados dos EUA, incluindo os listados acima, enviam 30% ou mais das suas exportações para o Canadá e outros 24 estados dependem do mercado canadense para, pelo menos, 20% do seu volume de exportação. Os bens importados para esses estados também pesam muito em relação ao Canadá, tanto em termos de bens industriais como de consumo.

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Enquanto isso, os bens canadenses representavam 82% das importações de Montana por valor de mercadoria, 69% das importações de Vermont e mais de 50% do valor de todos os bens importados por Dakota do Norte, New Hampshire e Wyoming em 2016.

O México absorveu 40% das exportações do Texas por valor do produto em 2016, colocando em questão se o estado vai permitir que o término do Nafta "bagunce com o Texas".

Da mesma forma, de acordo com a Fitch, o mercado doméstico mexicano recebeu 38% das exportações do Arizona e 15% das exportações da Califórnia.

A Fitch também fez menção especial a Michigan por causa da complexa cadeia logística da indústria automotiva que se desenvolveu com o Nafta.

Esses analistas descobriram que "o México foi o destino para 22% das exportações por valor de Michigan, constituídas principalmente por componentes de máquinas pesadas e de automóveis, em 2016".

"Da mesma forma, Dakota do Sul (25%), Nebraska (23%), Iowa (19%), Kansas (18%) e Missouri (18%) têm relações de exportação profundas com o México, principalmente por causa de seus grandes setores agrícolas," observa a Fitch.

"Uma retirada unilateral dos EUA do Nafta aumentaria acentuadamente as tarifas de importação, de uma hora para a outra, implicando custos potencialmente substanciais para os importadores e consumidores dos EUA", concluiu a Fitch em um de seus relatórios.

Em outro aviso, a agência de crédito afirmou que "os estados americanos e as regiões ao longo das fronteiras são vulneráveis à queda das receitas fiscais resultantes da redução do tráfego fronteiriço".

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O Status Quo do Nafta

Trump, de forma bastante lógica, estava jogando duro, como qualquer político, impulsionando a retórica que a sua base de eleitores quer ouvir, mas os investidores podem deixar de lado a diatribe política subjetiva e avaliar os possíveis resultados reais nas suas ações.

"Em última análise, se as negociações falharem e o Nafta acabar, é provável que a política seja responsável, já que cada governo contaminou as negociações com políticas caseiras que são em grande parte defensivas e destinadas ao público doméstico", disse o chefe global de classificações soberanas da Fitch James McCormack.

"Ninguém parece disposto a tolerar um desfecho em que o seu eleitorado possa entender como se seus líderes políticos estivessem se rendendo a novos princípios ou permitindo que tirem proveito do país ao chegar a um acordo", acrescentou.

Esse "reality show" político pode muito bem ser o que convenceu os economistas de que a ameaça de acabar de vez com o Nafta é apenas conversa. Talvez seja por isso que apenas quatro dos 45 economistas do México, Canadá e EUA entrevistados na semana passada pela Reuters disseram que achavam que o acordo acabaria, com o resto esperando um acordo trilateral atualizado que "não irá diferir radicalmente do atual".

Os entrevistados na pesquisa citaram as indústrias de energia e tecnologia como os vencedores potenciais da renegociação, enquanto as empresas automobilísticas, industriais e agrícolas poderiam sofrer.

No entanto, os economistas preveem que o impacto econômico de um pacto modernizado será em grande parte neutro ou positivo para cada país e suas moedas.

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O fato de que as negociações em Montreal foram adiantadas dois dias da data original de 23 de janeiro realmente nos surpreendeu, embora não esteja claro que algo tenha mudado realmente.

Pensamos que é provável que o movimento tenha sido projetado simplesmente para ganhar "pontos políticos" para os três países, especialmente porque ele se move em contradição direta com as indicações anteriores dos líderes políticos.

O próprio Trump recentemente pareceu suavizar sua urgência de um resultado em relação ao Nafta diante das eleições presidenciais de julho no México, dizendo em entrevista ao The Wall Street Journal: "Estou flexibilizando um pouco isso porque eles (México) têm uma eleição chegando. Então eu entendo que muitas coisas são difíceis de negociar antes de uma eleição".

"Achei que essa foi uma sugestão sensata do presidente. Acho que todos nós estamos conscientes das eleições mexicanas", disse a ministra canadense de Relações Internacionais, Chrystia Freeland, após as observações de Trump.

A Bloomberg, citando fontes próximas do assunto, disse que 27 e 28 de janeiro foram provisoriamente reservados para relatórios a negociadores principais, que lidam com alguns dos problemas mais difíceis e estavam se preparando para a reunião dos ministros de 29 de janeiro.

As negociações que começaram no domingo devem se concentrar em energia, investimento, serviços financeiros, agricultura e algumas "outras questões". O assunto de alta tensão sobre regras de origem, particularmente relevante em relação ao setor automotivo, foi reservado para os últimos dias de negociações, como nas rodadas anteriores.

Em suma, não está claro que este programa ampliado das negociações de Montreal seja algo mais do que um jogo político para mostrar que os três países estão "trabalhando duro" para chegar a um acordo. Trump precisa mostrar seu compromisso com as promessas de campanha enquanto o México está se preparando para as eleições.

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Os mercados ainda estão suscetíveis a sobressaltos quando se trata de ações dos EUA com alta exposição a questões comerciais, enquanto os mercados de moedas, particularmente o peso mexicano, podem ter alguns abalos à medida que a novela política se desenrola.

Nossas suposições são de que os políticos de todos os lados farão muito barulho e todos reivindicarão a vitória no final, com um pacto atualizado que terá pouco impacto econômico. Assim é a política.

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