O mês de setembro foi marcado pela recuperação do Ibovespa com a melhoria do apetite internacional por risco e salto do petróleo em meio à turbulência e aparente definição do primeiro turno das eleições presidenciais.
O principal índice da bolsa brasileira terminou o mês com alta de 3,48% aos 79.342 pontos e zerou as perdas vistas em agosto. Na penúltima sessão de setembro, o benchmark fechou aos 80.000 pontos pela primeira vez em quase dois meses, mostrando força especialmente na segunda parte do mês.
O exterior colaborou e clima para os emergentes melhorou na segunda metade do mês com o retorno do fluxo após a crise cambial que afetou fortemente Turquia e Argentina pressionar os investimentos no mês anterior. O desdobramento nos dois países não contagiou os demais mercados emergentes e o iShares MSCI Emerging Markets (NYSE:EEM) fechou em leve queda de 0,6% aos 42,92 pontos.
O otimismo também retornou com notícias de que o governo chinês fará um novo pacote de subsídios e estímulos para infraestrutura, além de uma possível redução nas tarifas de importações de commodities.
As medidas da China são uma tentativa de minimizar o impacto da pressão econômica norte-americana sobre o país. Em 17 de setembro, o presidente dos EUA, Donald Trump, informou que uma nova rodada de tarifas passaria a recair sobre US$ 200 bilhões de produtos chineses.
O anúncio veio melhor do que o esperado previa com a imposição de alíquota de 10% e a exceção de diversos produtos que atendem a empresas de alta tecnologia norte-americanas como a Apple (NASDAQ:AAPL). Trump, contudo, contou que em janeiro a tarifa subirá para 25% e ameaçou tarifar os cerca de US$ 267 bilhões restantes.
O governo norte-americano também vem conseguindo relativo sucesso em barrar as exportações iranianas de petróleo, com diversas empresas informando que cortarão as compras. A pressão sobre o país persa veio após a decisão de Trump de deixar o acordo nuclear com consequente retorno das sanções a partir de 4 de novembro.
A retirada do óleo iraniano pressionou as cotações do petróleo, que já mostrava um mercado apertado. A cotação do Brent subiu 6,8%, no 7o mês de alta desde o início do ano.
Investidores aguardam eleições
No cenário interno, as eleições seguem dominando o noticiário com a aproximação do primeiro turno marcado para o dia 7 de outubro.
Setembro trouxe definições importantes para os principais candidatos: Lula foi oficialmente retirado da disputa e Haddad assumiu definitivamente a cabeça de chapa.
O ex-prefeito de São Paulo mostrou um crescimento forte ao longo do mês com a transferência de votos do ex-presidente e praticamente se assegurou no segundo turno ao superar a barreira dos 20%.
A disputa provavelmente será contra o líder das pesquisas Jair Bolsonaro (PSL), que foi esfaqueado em um ato de campanha e passou por duas cirurgias grandes. O candidato recebeu alta no último dia do mês, mas deverá seguir de repouso em sua casa, no Rio de Janeiro.
Enquanto está fora das ruas, seus principais auxiliares provocaram polêmica com a defesa de temas impopulares. Paulo Guedes, principal assessor econômico, sugeriu a simplificação de tributos com a criação de um imposto nos moldes da CPFM; enquanto o seu vice, Hamilton Mourão, defendeu o fim do 13o salário e abono de férias, sugeriu uma nova Constituição elaborada por ‘notáveis’ (tema também defendido pelo PT) e relacionou as famílias com apenas mães e avós com uma "fábrica de desajustados". Bolsonaro veio à público, ainda no hospital, para desautorizar as falas.
As pesquisas mais recentes mostram que Haddad está empatado ou à frente de Bolsonaro no segundo turno e tem reduzido a distância no primeiro turno. Os demais candidatos seguem estáveis ou perderam a força ao longo do mês.
Nos mercados, setembro viu ainda a redução dos juros mais longos e do risco-Brasil, que fechou o mês em 263 pontos, queda de 39 pontos. Já o Banco Central deixou a porta aberta para iniciar um ciclo de ajustes com alta de juros ainda este ano.
Aposta em Bradespar garante melhor carteira à Mirae e segundo lugar do Safra
Em um ambiente de grandes incertezas sobre as eleições e volatilidade em alta, apenas 4 das 25 carteiras recomendadas por corretoras, bancos e casas de análise conseguiram superar o Ibovespa no mês, apesar da grande maioria ter garantido retorno positivo.
O melhor portfólio de setembro foi enviado para os clientes da Mirae, que viram seu patrimônio avançar 6,27% no mês, resultado 2,8 p.p. acima dos 3,48% do Ibovespa. O resultado veio com a aposta na Bradespar (SA:BRAP4), que com o encaminhamento da disputa bilionária com a Eletrón, viu a cotação saltar 19,3%.
Além das ações da Bradespar, a equipe da Mirae liderada por Fernando Bresciani e Pedro Galdi, ainda contou com o avanço de Gerdau (SA:GGBR4) (+7%), Localiza (SA:RENT3) (+6%) Hypera (SA:HYPE3) (+4%), que compensaram as perdas de 5% com a Randon (SA:RAPT4).
Quase empate na liderança
A Bradespar ainda empurrou a carteira mensal do banco Safra, que também subiu 6,27%, ficando apenas 0,035 p.p. atrás da carteira da Mirae.
O banco garantiu ganhos com Bradesco (SA:BBDC4), Estácio (SA:ESTC3), Iguatemi (SA:IGTA3), IRB Brasil (SA:IRBR3), Itaú Unibanco (SA:ITUB4), Localiza, Pão de Açúcar (SA:PCAR4), Petrobras (SA:PETR4), Qualicorp (SA:QUAL3), Usiminas (SA:USIM5) e Weg (SA:WEGE3); e perdeu nas apostas em Engie (SA:EGIE3) e TIM (SA:TIMP3).
Nas demais carteiras, Walpires e XP também bateram o Ibovespa com 4,7% e 3,6% de retorno, respectivamente, enquanto três ficaram no negativo, com perdas de até 3,4%.
As queridinhas do mês não decepcionam
As ações mais recomendadas do mês empurraram as carteiras para o positivo e renderam acima do Ibovespa em setembro.
A Petrobras recebeu 13 indicações no mês e garantiu ganhos de 9,5% aos investidores, surfando a disparada do preço do petróleo. Com 12 indicações, Gerdau, Itaú e Vale (SA:VALE3) subiram, nesta ordem, 7,2%, 4,4% e 11,6%, todas acima do Ibovespa.
Entre as 10 mais indicadas, apenas o Banco do Brasil (SA:BBAS3) recuou com -2,2%, presente em 10 portfólios recomendados.
TOP 5 do mês
A Bradespar liderou os ganhos entre todos os 84 papéis recomendados pelos 26 bancos, corretoras e casas de análise, ao subir 19,3% no mês. A empresa ganhou fôlego ao encaminhar a solução de ação bilionária movida pela Eletron. As líderes do mês, Mirae e Safra, foram as únicas a recomendar o papel.
Na sequência, o IRB seguiu mostrando força e saltou 11,8% em mais um mês de forte alta, e ajudou as carteiras do BTG (SA:BPAC11), Elite, Guide, Safra e Socopa. Vale (+11,6%), Kroton (SA:KROT3) (+11,5%) e Estácio (+10,9%) completam o TOP 5.
Na ponta vermelha, a Cielo (SA:CIEL3) afundou 18,9% com a sequência de notícias de avanço da concorrência e a falta de percepção dos investidores de que a empresa tem capacidade de reagir. O papel foi recomendado apenas pela Foleo.
Completam o ranking negativo, a Oi (SA:OIBR4) com -18,8%, BR Properties (SA:BRPR3) (-16,8%), que derreteu após a Petrobras anunciar a devolução de mais um importante prédio de seu portfólio, Unipar (SA:UNIP3) (-15,1% e Tupy (SA:TUPY3) (-14,9%).
Veja abaixo todas as recomendações para setembro
*O Investing.com Brasil utiliza como padrão para análise de desempenho das carteiras a comparação entre os preços dos ativos no fechamento do pregão de 31 de agosto e o do fechamento de 28 de setembro, com ajustes por proventos, desdobramentos e grupamentos. Algumas recomendações utilizam outros valores e datas de entrada nos papéis e, por isso, podem apresentar resultado mensal diferente do calculado pelo Investing.com Brasil.