Ventos de Fora

Publicado 12.08.2013, 11:36
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Tivemos uma trégua na semana passada, diante do bom comportamento da inflação no Brasil. No exterior também observamos avanços, com a economia norte-americana mostrando bom ritmo de recuperação e a China, divulgando indicadores favoráveis, mostrando capacidade de compatibilizar, por enquanto, crescimento e inflação e afastando o risco de hard landing, ou seja, de uma desaceleração mais abrupta da sua economia.

Diante disto, façamos, então, uma breve análise destes dois países, no momento os que mais capitalizam as atenções do mercado no cenário internacional. No caso dos EUA, pela consolidação do seu ritmo de crescimento e o possível desmonte da política de estímulos monetários, no chamado Quantitative Easing 3. No caso da China, pela desaceleração da sua economia dadas as mudanças estruturais do seu modelo, agora mais focado em consumo e menos nos investimentos. Ao fim, alguns efeitos destas mudanças sobre a economia brasileira.

Sobre os EUA, as atenções se voltam agora para o desmonte da política de estímulo do Fed, baseada na compra de ativos que somam US$ 85 bilhões por mês (mais de US$ 3,4 trilhões em quatro anos). Como já colocado antes, com o desemprego recuando a 6,4% da PEA e a inflação se aproximando dos 2%, em algum momento esta política será alterada, mesmo que de forma gradual, evitando qualquer ruptura (ou estouro de bolha) e a manutenção do ritmo de recuperação da economia norte-americana. Pelos dados mais recentes, a taxa de desemprego se encontrava em junho em 7,4% da PEA e a inflação (CPI) em cerca de 1,1% pelo anualizado.

Muitos consideram já haver espaço para este início de mudança da política monetária em setembro. Aguardemos, no entanto, os dados de mercado de trabalho (payroll e a taxa de desemprego) que saem no dia 6/9, para depois Buscar saber como atuará o Fed no dia 17, mas é possível que este processo só tenha início quando as melhorias do mercado de trabalho se consolidem e a inflação se aproxime dos 2%, refletindo um real reaquecimento da economia. Numa primeira análise, o crescimento da economia dos EUA neste ano está projetado em 1,9%, e a taxa de desemprego, em torno de 6,6% da PEA. Assim sendo, não será surpresa se este início da reversão da política de compra de ativos ocorra até dezembro deste ano.

O fato é que a trajetória dos T-Bonds (gráfico a seguir) já sinaliza esta mudança da política de afrouxamento e maior aperto, com as taxas de juros de 10 anos a 2,6% anuais, neste caso, mirando a demanda por bens duráveis, como carros, e a de 30 anos a 3,7%, mirando o mercado de hipotecas imobiliárias. Cabe ressaltar, que a possibilidade de uma elevação do juro, próxima etapa desta revisão de política monetária, só deve começar no transcurso de 2015.
gráfico
Falando da China o que se tem é que tudo que acontece por lá é fruto de um planejamento cioso, estrito e racional. Depois de um boom de crescimento forte nos anos passados, dada a poupança alta, em torno de 40% do PIB, e investimentos concentrados em infraestrutura, assim como grande potencial exportador, agora o país muda o seu modelo e começa a se voltar mais para dentro, para o consumo de uma classe média que ascende nos grandes centros urbanos. Neste contexto, o crescimento esperado não pode mais ser de 10%, mas sim próximo a 7%.

Mas quais os reflexos destas mudanças nos EUA e na China sobre o Brasil?

No caso dos EUA, num primeiro momento teremos o dólar deslizando para um patamar mais alto, acima até dos R$ 2,30 atuais, dada a migração de recursos para um mercado mais seguro, nos casos os EUA, a redução da liquidez global, e também pelos desencontros e erros da nossa política econômica. Por outro lado, pelos movimentos recentes, com a conquista de maior autonomia do BACEN, diante da ameaça inflacionária, o juro será elevado, o que deve mitigar este fuga de recursos para os EUA.

No caso da China, poderemos perder um pouco nas exportações de commodities minerais, mais voltadas para as obras de infraestrutura, mas é possível prever algum ganho nas exportações de commodities agrícolas e proteína, dado o aumento da renda das grandes cidades e do mercado de consumo. Este processo, no entanto, será longo e gradual. Em complemento, mesmo com a desaceleração da China, outros mercados, como o norte-americano, o Japão e num segundo momento, a União Europeia, devem acelerar seus crescimentos, o que demandará mais produtos do Brasil, compensando, em parte, eventuais perdas com a desaceleração da China.

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.