Nos últimos dias, muito se falou sobre o chamado índice Big Mac. Pouco conhecido pelo público em geral, o indicador foi criado pela revista britânica The Economist e a grande repercussão da semana se deu em torno da projeção para a nossa moeda. Em resumo, o cálculo feito mostra que o real está 17,2% mais desvalorizado do que deveria.
Mas, como funciona?
O indicador foi criado em meados de 1986 e serve como um medidor informal das economias com o principal objetivo de revelar se as moedas dos países estão em níveis corretos.
Divulgado a cada seis meses, a metodologia foi inventada para tornar o entendimento do câmbio mais simplificado, mas tem sido utilizada como referência inclusive por pesquisadores e estudiosos do campo econômico.
A lógica por trás da ideia é ter o famoso lanche do McDonalds, o Big Mac, como base de análise uma vez que ele é igual em todo o mundo. Em tese, se o sanduíche é mais caro em algum país significa que sua moeda vale menos. Isto porque os ingredientes, como eu disse mais acima, são os mesmos independentemente da localidade.
Desta forma, ele consegue medir o valor do dinheiro entre diferentes nações.
Como eu disse anteriormente, de acordo com o índice, o real está subvalorizado. Ou seja, ele deveria valer cerca de R$4,27, quase R$1 a menos do que a cotação atual.
Para chegar nesta conta, foi considerado o valor do Big Mac nos Estados Unidos, US$5,36, e o preço cobrado no Brasil, de R$22,90. Ao dividir um pelo outro, chegamos aos R$4,27, indicando que a nossa moeda está depreciada em quase 20%.
Porém, ao observar o PIB per capita de cada país, o sanduíche deveria valer 18,1% menos para os brasileiros do que para os norte-americanos. Nessa conta, a nossa moeda está 1,1% sobrevalorizada, a segunda mais próxima do correto entre as 52 localidades analisadas.
A explicação para esta questão pode ser um tanto complexa, mas, podemos listar alguns pontos que talvez ajudem a elucidar a questão.
Sem dúvidas, um dos motivos para o real figurar ainda como uma moeda fraca tem a ver com as repetidas instabilidades e problemas fiscais do Brasil.
Em 2022, antes das eleições, falávamos de um ajuste nas contas públicas da ordem de 1% a 2% do PIB. Porém, o que tivemos foi uma PEC que gerou um efeito contrário, ou seja, ao invés de um aperto nas despesas, tivemos um incremento de cerca de R$150 bilhões nos gastos.
Além disso, apesar de declarações que caminham nesta direção, o arcabouço fiscal ainda segue em aberto. O atual ministro da economia, Fernando Haddad, já deu declarações a respeito do tema e prometeu uma resolução para a questão ainda nos primeiros meses de governo.
Todos esses fatores, somados à estabilidade política, são fundamentais para que o real possa trilhar uma trajetória de apreciação frente a outras moedas.
Enquanto as “lições de casa” não são feitas, seguiremos com o câmbio volátil!
É esperar para ver.