Se você acredita nos fundamentos das empresas nas quais investe e o cenário macroeconômico é favorável (no caso do Brasil, juros estáveis com perspectiva de queda, inflação controlada e governo comprometido com os ajustes nos gastos públicos) deve encarar a volatilidade apenas como um ruído.
O mercado é maníaco-depressivo. Vai da euforia à depressão em segundos. Basta uma notícia, um indicador ruim, um tweet e BOOM! Lá se foram os 100 mil pontos. Na grande maioria das vezes isso não tem relação alguma com a saúde das empresas - ou do país.
Isso ocorre porque nem só dos fundamentos vivem os investidores da bolsa.
Investir é um processo muito mais psicológico do que qualquer outra coisa. Nosso constante senso de iminência faz com que o desejo por ganhos rápidos esteja sempre presente. Pior ainda no caso dos investidores menos experientes que muitas vezes são levados às pirâmides financeiras ou a operações que envolvem derivativos sem que haja o menor domínio do assunto.
Outra característica comum à raça humana é a excessiva necessidade de controle. Precisamos acreditar que sabemos o que está acontecendo. Nesse caso, a resposta da análise gráfica é confortante. “Se eu entender o gráfico, posso dizer pra onde o mercado vai. Se der errado é porque não fui bom o suficiente”. É mais ou menos o Efeito Forer aplicado ao mercado de capitais.
E mesmo que você entenda que AS BOLSAS DE VALORES SÃO A FOTOGRAFIA DOS LUCROS DAS EMPRESAS NO MÉDIO/LONGO PRAZO, muitas vezes pode não ter o controle necessário para “sentar na mão”, como se diz no jargão do mercado, e desmontar posições por simples aversão à luz vermelha piscando no seu home broker.
Daniel Kanemman, em seu livro Rápido e Devagar, explica os processos de tomada de decisão do investidor com base em dois sistemas de raciocínio: um rápido e um lento. Para o autor, emoções e intuições tem igual ou maior importância que simples análises gráficas ou numéricas. Ou seja, se somos dominados pelo medo, a melhor coisa que pode acontecer é naõ termos acesso ao home broker. Normalmente essa sensação passa em alguns minutos.
Haverá muita turbulência nos próximos meses. Não me admiraria ver o IBOV voltando para os 90 mil pontos antes de chegar nos 150. A vantagem é que, para os fundamentalistas, 90 mil pontos são uma uma bela oportunidade de encontrar barganhas com múltiplos muito atrativos, por um preço que não reflita o valor da empresa.
E nunca se esqueça: O PREÇO SEMPRE SERÁ A SUA MAIOR MARGEM DE SEGURANÇA.
Em resumo, apegue-se ao factível. Acompanhe os negócios. Olhe pra dentro da empresa. Tudo certo? Os fundamentos continuam os mesmos? Há perspectiva de melhora na economia? Então “hold!, hold!, hold!”, independente de se sentir indo na contramão.
Já dizia Graham: “O Investidor Inteligente é um realista que compra dos pessimistas e vende para os otimistas”.