VARSÓVIA (Reuters) - Milhares de agricultores poloneses protestavam em frente ao gabinete do primeiro-ministro do país nesta quarta-feira, queimando pneus e lançando fogos de artifício, exigindo o fim das importações baratas e das regulamentações ambientais que, segundo eles, prejudicam seus meios de subsistência.
Alguns dos manifestantes carregaram um caixão com um cartaz dizendo "agricultor, viveu 20 anos, morto pelo Acordo Verde" enquanto lotavam a rua, tocando buzinas e segurando bandeiras polonesas antes de marcharem até o Parlamento.
Em outras partes do país, eles bloquearam estradas. Imagens de televisão mostraram tratores nos arredores de Varsóvia sendo impedidos de entrar na cidade.
Os agricultores de toda a União Europeia vêm pedindo mudanças nas restrições impostas a eles pelo Acordo Verde do bloco para combater as mudanças climáticas e para que as taxas alfandegárias sobre as importações de produtos agrícolas da Ucrânia, que foram dispensadas após a invasão russa, sejam reimpostas.
Na Polônia, a onda tem criado um delicado equilíbrio para o governo de Donald Tusk em um ano em que enfrenta eleições locais e europeias, conforme procura atender às preocupações dos agricultores e, ao mesmo tempo, manter seu firme apoio a Kiev.
Os agricultores, que cumpriam sua promessa de retornar a Varsóvia depois que milhares deles marcharam pela cidade uma semana antes, agora eram apoiados pelo maior sindicato trabalhista da Polônia, o Solidariedade, bem como por caçadores e trabalhadores florestais.
"Mineiros, trabalhadores da siderurgia, indústria automotiva, indústria alimentícia e muitos outros setores estão aqui", disse o líder do sindicato, Piotr Duda, em um megafone, dirigindo-se aos manifestantes em frente ao escritório de Tusk.
"O mais importante é que estamos juntos, porque temos uma demanda comum: abaixo o Acordo Verde, abaixo o veneno verde."
Tusk disse que as interrupções no mercado não foram causadas apenas por produtos agrícolas da Ucrânia, mas também da Rússia e de Belarus.
Na segunda-feira, o premiê disse que a Polônia planejava pedir à UE que proibisse as importações de produtos agrícolas da Rússia e de Belarus. Ele convidou líderes agrícolas para conversar no sábado.
(Por Karol Badohal, Pawel Florkiewicz, Kacper Pempel e Aleksandra Szmigiel)