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ANÁLISE-Petrobras reduz gasolina em tentativa para recuperar mercado perdido ao etanol

Publicado 20.10.2023, 15:56
© Reuters. Frentista abastece carro em posto de combustível em Brasília
07/03/2022 REUTERS/Adriano Machado
PETR4
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Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras (BVMF:PETR4) anunciou na noite da véspera uma surpreendente redução de 4% nos preços da gasolina vendida nas refinarias, a partir de sábado, em movimento que parece buscar a recuperação do mercado perdido para o concorrente etanol hidratado.

"A Argus entende que essa decisão visa ampliar a penetração da produção de gasolina da Petrobras no mercado doméstico, já que a companhia está trabalhando com um fator de utilização das suas refinarias elevado", disse o especialista de combustíveis da agência especializada em preços e serviços de consultoria, Amance Boutin.

Diante de um mercado internacional de petróleo Brent com preços firmes acima de 90 dólares o barril, a redução do preço da gasolina parece ser motivada pela situação atual de oferta e demanda doméstica e concorrência do etanol, acrescentou o analista.

"Na avaliação da Argus, não haveria espaço para reduzir os preços com base nas cotações atuais no mercado internacional", destacou.

Ele lembrou que, em maio, a Petrobras definiu em sua nova política de preços que levaria em consideração as alternativas e a concorrência no mercado interno para efetivar seus reajustes.

"A companhia se encontra hoje num cenário de expansão do consumo de etanol hidratado no Brasil, que causa um recuo na demanda por gasolina", destacou.

Em setembro, as usinas do centro-sul aumentaram em 18,45% as vendas de etanol hidratado na comparação com 2022, enquanto a comercialização de álcool anidro (misturado à gasolina) teve baixa, indicando continuidade de perda de mercado do combustível fóssil para o renovável registrada em agosto, segundo os dados mais recentes da reguladora ANP.

Para o consultor de Gerenciamento de Risco da StoneX, Thiago Vetter, a diminuição média de 12 centavos por litro anunciada pela Petrobras foi acima da defasagem monitorada na quinta-feira de somente 3 centavos, "que significava um preço em linha com o preço internacional antes do reajuste".

"E portanto não caberia um reajuste nesta métrica", disse Vetter.

Segundo ele, "isso corrobora com uma leitura de que a empresa fez o reajuste no sentido do histórico recente do mercado internacional (de baixa), mas com intensidade maior em função das perda de 'market-share' no Ciclo Otto frente ao etanol hidratado, que é um produto substituto à gasolina C nos postos".

Por outro lado, a Petrobras anunciou na véspera que aumentará em 6,58% o preço médio de venda do diesel às distribuidoras a partir de sábado.

No anúncio, a petroleira destacou que busca a prática de preços competitivos por produto e local, e que isso resultou "em movimentos distintos para cada produto (gasolina e diesel)".

Procurada nesta sexta-feira para comentar especificamente a questão relacionada ao etanol apontada pelos analistas, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente.

A maior competitividade recente do etanol aconteceu após o mercado reavaliar em meses recentes o tamanho da safra de cana do Brasil, passando a indicar volumes recordes de processamento da matéria-prima do açúcar e etanol. Além disso, a fabricação do combustível produzido a partir de milho deve dar novo salto.

SEM INCÔMODO?

Questionado se a gasolina vai recuperar mercado com esse movimento, o analista da Argus disse que isso vai depender do comportamento de preço do etanol nas próximas semanas, mas lembrou que os níveis de estoques do biocombustível do centro-sul são elevados, somando mais de 10 bilhões de litros entre 15-30 de setembro, conforme dados citados do Ministério da Agricultura.

Já o analista da consultoria Safras & Mercado para etanol e açúcar, Mauricio Muruci, considerou que essa perda de mercado da gasolina para o etanol pode ter vida curta, já que em breve o centro-sul do Brasil entrará na entressafra de cana, quando os preços do biocombustível tendem a subir.

"A Petrobras perdeu mercado, mas perdeu pouco... não acredito que tenha incomodado muito a Petrobras", disse ele.

Para Muruci, se o preço do etanol voltar a subir na entresssafra -- a partir de dezembro para boa parte das usinas do centro-sul --, "em tese esse mercado seria recuperado (pela gasolina)".

Ele disse acreditar que as usinas não vão reduzir o preço do etanol para acompanhar a queda da cotação da gasolina. "Vão pelo menos manter estáveis ou evitar novas valorizações."

Os preços do etanol hidratado nos postos brasileiros registraram queda pela terceira semana consecutiva, ficando 0,3% mais baixos em relação ao período anterior, para 3,735 reais/litro em média no país, segundo levantamento divulgado nesta sexta-feira pela ValeCard, empresa especializada em soluções de mobilidade.

© Reuters. Frentista abastece carro em posto de combustível em Brasília
07/03/2022 REUTERS/Adriano Machado

"Para as próximas semanas não há tendência clara, já que a gasolina deve se tornar mais competitiva para os veículos flex após a redução de preços anunciada pela Petrobras...", disse o Head de Inovação e Portfólio da ValeCard, Brendon Rodrigues.

Na última semana, o etanol esteve mais competitivo em 14 unidades da Federação em relação à gasolina, cujo preço também recuou 0,3% na semana, segundo a ValeCard.

 

(Por Roberto Samora)

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