SÃO PAULO (Reuters) - Entidades do setor brasileiro de grãos afirmaram nesta quarta-feira que não estão negociando com órgãos do governo ou com caminhoneiros sobre o estabelecimento de fretes mínimos para cargas a granel, reforçando que a medida poderia impactar as exportações nacionais.
O documento é assinado pelas Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra) e Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), que respondem por quase todo o volume de milho, soja e farelo comercializados no Brasil.
"Há grande preocupação entre as empresas representadas com a volta à normalidade do escoamento de grãos e, por esta razão, as entidades têm procurado dialogar... As conversações se restringem exclusivamente a questionar, no âmbito administrativo, as medidas governamentais e não tratam de negociações sobre os preços mínimos", destacaram as entidades.
Enquanto as discussões prosseguem, integrantes do mercado relatam dificuldades para negociar a produção de grãos. Corretores citam que os negócios estão praticamente parados, com parte dos agentes evitando fechar acordos sem a garantia de transporte.
O tabelamento de fretes foi uma das medidas tomadas pelo governo para acabar com protestos de caminhoneiros no mês passado, que afetaram a economia do país.
Segundo as associações, "a solução para os problemas de remuneração dos motoristas autônomos não será resolvida impondo, sobre os embarcadores, um tabelamento de preços".
Até o momento, Abiove e Anec já recorreram a meios legais contra o tabelamento de fretes, alegando que "não há espaço em nossa democracia ou na Constituição" para tabelamento de fretes.
"A imposição de tabelamento de preços de frete vai acabar com o sistema de financiamento, fixação de preço e comercialização que permitiu ao Brasil ser o maior produtor de soja e o terceiro maior produtor de milho do mundo", afirmaram.
(Por José Roberto Gomes)