Exportadores de café não veem ruptura no fornecimento aos EUA, falam em negociações avançadas

Publicado 16.07.2025, 16:54
Atualizado 16.07.2025, 18:35
© Reuters. Plantação de café perto de Brasílian15/07/2025nREUTERS/Adriano Machado

Por Leticia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - O Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) disse nesta quarta-feira que não trabalha com a hipótese de ruptura no fornecimento de café brasileiro aos EUA, após o anúncio de tarifa de 50% pelo governo Trump, e avaliou que há um ambiente "favorável" às negociações, dada a importância das exportações brasileiras da commodity para o mercado consumidor dos EUA.

Em coletiva de imprensa, executivos do Cecafé destacaram o trabalho de negociações com órgãos governamentais e entidades do setor de café nos EUA que já vinha sendo feito nos últimos meses, no contexto de uma tarifa anterior de 10% imposta ao Brasil, e disseram ver avanços, apesar do cenário de incertezas e imprevisibilidade.

"A gente sente que o café está bem avançado nas discussões, e está tão avançado que pode nos ajudar a construir pontes, pelo nível de parceria que nós temos com eles... No nível de secretariado, das várias áreas do comércio dos Estados Unidos, a gente vê que os diálogos são muito positivos", disse Marcos Matos, CEO do Cecafé.

O setor já vinha defendendo que o café fosse incluído em uma lista de exceções isentas de tarifas dos EUA, em trabalho que conta com apoio da Associação Nacional do Café (NCA) dos Estados Unidos.

"Numa negociação, às vezes, um passo atrás te leva a dar dois passos à frente... O que a gente quer deixar claro aqui é o seguinte: realmente existe um ambiente nos Estados Unidos favorável para o café, pelo que ele representa para a economia norte-americana", ressaltou Márcio Ferreira, presidente do conselho deliberativo do Cecafé.

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café e tem nos EUA seu principal comprador. Cerca de um terço do café consumido no mercado norte-americano vem do Brasil.

Segundo o conselho de exportadores, a tarifa de 50% anunciada ainda não levou a uma suspensão de embarques de café do Brasil aos EUA.

"Um importador, um exportador, para novas negociações, ele vai esperar que as coisas estejam mais claras para negociar, mas em nenhum momento parar embarque, suspender embarque... Comercialmente, a tensão está sendo muito menor do que a gente vê de fato que ela está acontecendo", afirmou Ferreira.

Uma reportagem da Reuters mostrou que traders estão correndo contra o tempo para descarregar a maior quantidade possível de café brasileiro nos Estados Unidos antes que a nova tarifa de 50% de Trump sobre os produtos brasileiros seja implementada em 1º de agosto.

Alguns traders estão desviando navios no meio da viagem, cancelando paradas em outros portos. Outros estão enviando para o mercado norte-americano um pouco do café de origem brasileira que têm em estoque em países vizinhos.

NOVOS MERCADOS PARA O BRASIL

O presidente do conselho do Cecafé disse ainda não enxergar uma perda de mercado do café brasileiro nos EUA, mesmo com a tarifação, uma vez que o nível de produção mundial está muito "justo" em relação ao consumo.

"Nem os Estados Unidos, nem outra origem, podem abrir mão do Brasil, ainda que tarifado."

Ele observou ainda que o consumidor norte-americano está acostumado com o blend que utiliza o grão brasileiro para conferir corpo e doçura ao café.

"Ainda que você pague um preço mais caro por isso, muitas das vezes você prefere pagar o preço do que abrir mão do seu produto... Ninguém mexe em fórmula de produto que está dando certo."

O Brasil já vem trabalhando para ampliar mercados compradores para sua produção de café, mas não consegue simplesmente "virar a chave" e destinar mais cargas para outros países, apontou o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron.

"Nós temos mercados com grandes potenciais de aumento, sem sombra de dúvida, a China é um desses mercados... Mas não é um processo que a gente consegue simplesmente virar a chave a partir de 1º de agosto e destinar esse volume para outros destinos, porque nós temos aqui falando do maior consumidor mundial de café (EUA)", afirmou.

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