Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - A segunda metade de novembro deverá ser de chuvas dentro ou acima da média nas principais áreas produtoras de grãos, café e cana-de-açúcar do Brasil, de acordo com dados do Agriculture Weather Dashboard, do Refinitiv Eikon.
As precipitações em bom volume devem contribuir para o desenvolvimento satisfatório das lavouras, embora já apareçam relatos pontuais de problemas decorrentes da umidade em excesso.
Em Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, as chuvas até 1º de dezembro devem ficar quase 100 milímetros acima do normal no norte e nordeste do Estado, mas o impacto sobre o plantio da oleaginosa tende a ser limitado, haja vista que os trabalhos estão praticamente encerrados.
Também são esperadas precipitações na fronteira agrícola do Matopiba, composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Por lá, importante região produtora de grãos, deve chover mais de 200 milímetros em algumas áreas ao longo dos próximos 15 dias.
Já em Mato Grosso do Sul, a tendência é de que a chuvarada volte para mais perto da média histórica. O Estado é onde a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontou, em seu mais recente relatório, problemas com a soja.
O órgão do governo disse que ocorreram casos pontuais de necessidade de replantio devido a encharcamento de solo, chuva de granizo e aprofundamento de sementes. Além disso, algumas áreas têm apresentado ataques de bicudo da soja em plântulas e alguns casos de requeima.
No Paraná, segundo maior produtor de soja do Brasil, as chuvas também devem ficar próximas da média. Em outubro, as precipitações em excesso atrapalharam o andamento dos trabalhos no Estado, que viu a semeadura ficar atrasada na comparação anual.
Para o Rio Grande do Sul, a expectativa também é de chuvas perto do normal para esta época do ano.
A elevada umidade também afetou a qualidade das lavouras de trigo prontas para colher no Sul.
SOFTS
O Agriculture Weather Dashboard aponta chuvas acima da média em São Paulo e Minas Gerais, importantes produtores de cana e café.
Os acumulados devem variar de cerca de 86 a mais de 250 milímetros nesses Estados, a depender da região. Em algumas localidades, podem ficar mais de 100 milímetros acima da média, até o final do mês.
Para o café, as chuvas em bom volume seriam importantes, uma vez que as plantações já registraram floradas e necessitam de água para o pleno desenvovimento.
No caso da cana, as precipitações também melhoram os prospectos para a próxima safra, que se inicia oficialmente em abril, mas atrapalham a colheita final do ciclo vigente.
Na segunda quinzena de outubro, por exemplo, a moagem de cana em todo o centro-sul desabou 17,5 por cento por causa do aguaceiro, disse a associação industrial Unica.
A consultoria INTL FCStone disse que o excesso de chuvas tem retardado a colheita e deve até encurtar a entressafra de cana, ao contrário do que se previa anteriormente.
(Por José Roberto Gomes)