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Ciclo de cortes na taxa de juros nos EUA afeta as commodities? Economista explica

Publicado 04.10.2024, 08:44
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Investing.com – Com juros mais baixos no mercado americano e em outras economias desenvolvidas impulsionando a demanda, a perspectiva é de que a procura por matérias-primas também seja beneficiada, em um movimento que deve permanecer no próximo ano, de forma geral. Essa é a avaliação da GEP Costdrivers, que monitora a relação entre os juros americanos e o CRB Commodity Index.

De acordo com Isadora Araújo, economista GEP Costdrivers, especialista em commodities, o impacto de alterações nas fed funds atinge na mesma proporção todas as commodities, independente do setor, conforme apontado em entrevista ao Investing.com Brasil.

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“Enxergamos uma relação muito próxima com a demanda por matérias-primas e commodities, pelo que acompanhamos do indicador de preços de commodity no âmbito global, que é o CRB. Esse indicador combina uma série de commodities como agrícolas, energéticas e metálicas”, reforça a especialista.

Ainda que o Brasil caminhe na direção oposta, com ciclo de alta na taxa de juros Selic, a sua representatividade no cenário de demanda global levaria a impactos limitados. A economia brasileira teria um papel importante, mas bem menos significativo frente às economias europeias, da China e dos EUA, em sua visão.

“Entendemos que esse sentido oposto da política monetária não tende a ir no sentido oposto também dos preços globais das matérias-primas e então puxando eles para o sentido oposto do que a gente prevê para ano que vem para as matérias-primas, que vão ser mais influenciadas pelo corte de juros nos Estados Unidos”, pondera a economista.

Investing.com – Quais os possíveis impactos do corte e expectativa de novos cortes nos juros americanos para os preços de commodities e por quais motivos?

Isadora Araújo – Hoje, trabalhamos com um cenário de expectativa de novos cortes para a taxa básica de juros nos Estados Unidos. Houve o primeiro corte agora em setembro, mas esperamos novos cortes nas próximas reuniões do Banco Central dos Estados Unidos em novembro e dezembro. E, com esses cortes, enxergamos uma relação muito próxima com a demanda por matérias-primas e commodities, pelo que acompanhamos do indicador de preços de commodity no âmbito global, que é o CRB. Esse indicador combina uma série de commodities como agrícolas, energéticas e metálicas.

Observamos uma relação dele muito próxima com a taxa de juros nos Estados Unidos, uma relação inversa. Então, se a taxa básica está bem baixa, como aconteceu na pandemia, esse indicador tende a subir, e ficou bastante alto, principalmente em 2021. Do ponto de vista inverso, também acontece, se a taxa básica sobe, o indicador, ele tende a desacelerar, que foi o que aconteceu ano passado. Então agora, como estamos trabalhando com a perspectiva de corte, esperamos que essa relação vai se verificar nos próximos meses.

Taxas mais baixas tendem a impulsionar a demanda por matérias-primas esse ano e no próximo, já que a gente também tem a perspectiva de que, no próximo ano, perdure esse ciclo de corte sobre a taxa básica.

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Inv.com – Esses efeitos seriam de curto prazo/podem se dissipar em breve?

Araújo – Esperamos que possam ser um pouco mais alongados, que sejam verificados neste ano, na variação acumulada de 2024 sobre 2023, e que no ano que vem haja mais impactos desse corte sobre a demanda por matérias-primas, dando espaço para mais aumentos de preços das commodities no âmbito global.

Inv.com – Quais commodities poderiam ter alta nos preços e por quais motivos?

Araújo – Entendemos que o impacto atinge na mesma proporção todas as commodities, independente do setor. Algumas podem ter mais impacto que as outras se elas apresentarem condições setoriais mais restritivas.

Então seria uma análise que não vem só da taxa básica influenciando o preço dessas commodities, mas também a questão de oferta e produção dessas commodities. Então, por exemplo, para o próximo ano, esperamos uma oferta mundial de trigo um pouco menor do que desse ano e isso já vem elevando o trigo na bolsa internacional. A elevação dessa commodity ano que vem vai ter como principais determinantes não só a taxa básica, mas também a produção mundial.

O mesmo se estende para as outras commodities que têm perspectiva e setoriais que podem impulsionar o preço. Quando a gente fala das commodities metálicas, por exemplo, do cobre e do alumínio, esse ano recebeu bastante aumento de preço não só por conta da expectativa sobre o corte, mas também por questões relacionadas à maior demanda por cobre para atender as políticas de transição energética.

No caso do alumínio, também por questões relacionadas à oferta russa e a comercialização do alumínio russo na bolsa internacional. A gente parte para outros determinantes quando a gente fala de commodities que tendem a ter maior ou menor aumento de preço, questões relacionadas à oferta e demanda.

Inv.com – E o ouro, iria para qual caminho, na sua visão?

Araújo – O ouro e prata registraram forte aumento de preço esse ano. Metálicas não ferrosas tiveram também seus aumentos de preços não somente impulsionadas pela expectativa de corte, mas por questões de mercado mesmo. A nossa perspectiva é de que, para ano que vem, com esse corte de juros nos Estados Unidos, haja um impulso na demanda por matérias-primas, pois incentiva a expansão da capacidade produtiva das empresas, o que acaba impulsionando a demanda por matérias-primas e em geral, aumenta esse agregado do índice de preço de commodity.

Se a gente falar da busca pelo ouro, se a gente isolar essa análise da busca pelo ouro como uma forma de aversão ao risco inflacionário, que foi o que aconteceu esse ano, por esse vetor ano que vem a gente não enxerga uma demanda por ouro tão forte quanto foi esse ano, visto que o corte nos Estados Unidos sinaliza que a autoridade americana está conseguindo controlar a inflação. Ou seja, a inflação já está respondendo ao ciclo restritivo, ou seja, o ciclo de aperto monetário que tem se efetivado desde 2022.

Isso, diminuindo a percepção de risco inflacionário e ambiente de incerteza, impulsiona a atividade econômica, diminui a percepção de risco inflacionário e a demanda por ouro como forma de se assegurar e de se proteger de perdas financeiras acaba cedendo um pouco. Então em relação a esse ano, a gente vê que, por esse ponto de vista, isso não deve impulsionar a demanda por ouro e prata, mas principalmente por ouro no ano que vem, então não tendo uma elevação tão forte quanto foi esse ano.

Inv.com – Considerando outras decisões de política monetária, como a alta da Selic e perspectivas de continuidade do ciclo, quais poderiam ser os impactos nas commodities? Esses impactos são limitados?

Araújo – A demanda por matérias-primas no Brasil, ela tem um certo impulsionamento por parte da política mais frouxa dos Estados Unidos, mas ao mesmo tempo, encontrando uma Selic mais alta, isso baliza as duas forças de mercado.

Entendemos que, com uma política monetária interna no sentido oposto da política monetária nos Estados Unidos, tende a, de certa forma, esterilizar o aumento da demanda interna por matérias-primas e a participação do Brasil na precificação das commodities em função da política monetária que atualmente está indo no sentido oposto.

Isso tende a arrefecer um pouco as condições da nossa atividade econômica. Inclusive, para ano que vem, a gente está esperando um Produto Interno Bruto (PIB) positivo para o Brasil em torno de 1,9%, mas que é um PIB que, se a gente olhar o patamar dele em comparação ao que a gente espera esse ano, é um PIB com um número mais fraco.

Nesse ano, estamos esperando um PIB acima de 2% e, no ano que vem, diminuindo um pouquinho, mas ainda com uma taxa positiva, o que está diretamente conectado com esse ciclo restritivo da Selic. Agora, se a gente falar da demanda global como um todo, o Brasil tem uma participação considerável na precificação das commodities globais, é um player forte, mas não é um player de uma economia do tamanho, por exemplo, da China ou dos Estados Unidos, que tem poder de interferir no preço da commodity, poder de efeito muito grande.

Então, se pegarmos como exemplo o aço esse ano, neste ano, o aço veio numa tendência de queda muito expressiva, isso majoritariamente pela demanda chinesa, mais fraca diante de um setor imobiliário desaquecido, estoques elevados. Falamos de uma economia que tem uma grande participação na demanda de matérias-primas e que acaba realmente interferindo do preço global ali da commodity. Agora, se a gente fala da economia brasileira, que sim, tem um papel importante, mas que é bem menos significativo em relação às economias europeias, chinesas principalmente, e Estados Unidos, entendemos que esse sentido oposto da política monetária não tende a ir no sentido oposto também dos preços globais das matérias-primas e então puxando eles para o sentido oposto do que a gente prevê para ano que vem para as matérias-primas, que vão ser mais influenciadas pelo corte de juros nos Estados Unidos.

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