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Como o preço da gasolina é formado nos EUA e como consumidores podem influenciá-lo

Publicado 12.06.2022, 08:48
Atualizado 12.06.2022, 15:21
© Reuters
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Por Barani Krishnan

Investing.com -- A 5 dólares ou mais por galão de gasolina esta semana, muitos americanos devem estar querendo saber até onde os preços na bomba de combustíveis pode chegar. 

Em vez de apenas imaginar o custo da próxima vez que forem encher o tanque, talvez seja mais útil aprender sobre os mecanismos de ajuste de preços utilizados por refinadores, distribuidores e varejistas que resulta no valor visto nas bombas, e o podem fazer - enquanto consumidores - para ajudar a baixá-lo.

Sim, existe um "ajuste" envolvido no que se refere aos preços dos combustíveis. Mas se isso equivale a combinação de preços e superfaturamento depende da interpretação dos fatos e da ciência por trás da definição dos preços nas bombas.

Além das políticas "hostis" ou "destrutivas" de combustíveis fósseis de Joe Biden e da "guerra da Ucrânia" ou "disparadas de preços do Putin" de vemos regularmente na mídia, os preços da energia são influenciados pelas sazonalidades de verão/inverno, custos de compliance ambiental, calendários de manutenção das refinarias, aumentos de impostos, valorização desvalorização do dólar, vencimentos de um mês no mercado de futuros e, finalmente, pela própria demanda pelos produtos em si.

Para propósitos de gasolina, o custo é dividido em três fases: preço do petróleo bruto, "crack" ou lucro da refinaria e margens do varejista e outros players. 

O preço do petróleo - ao fechamento de sexta-feira, a US$ 120,47 por barril do WTI, referência da commodity nos EUA, para entrega em julho - e a média de US$ 5 por galão citada pela AAA para a gasolina são conhecidos por todos. 

O que é menos conhecido é a disparidade de preços entre uma bomba de gasolina e outra, além do mecanismo por trás das "sobretaxas misteriosas" sobre o combustível na Califórnia, o estado com os mais altos preços de energia nos EUA. Mais detalhes sobre estes dois pontos adiante.

Primeiro, vejamos o crack do refinador, também conhecido como margem de refino fora dos Estados Unidos. Na sexta-feira, ela estava a US$ 53,34 por barril. Isto significa que para cada barril de petróleo obtido a US$ 120 - estamos arredondando o preço do barril para deixar as contas mais simples - o retorno da refinaria é de US$ 53, ou 44%. Para deixar essa dado mais próximo da sua realidade, consumidor, você está pagando cerca de US$ 173 por cada barril refinado de petróleo - com base apenas no “crack” acrescentado ao preço do petróleo cru. A verdade é que você está sempre pagando mais que isso.

Eis o motivo: O processo de quebra da gasolina em si utiliza uma fórmula de 1 para 1 onde se parte do princípio de que cada barril produz um barril de gasolina, ou a fórmula mais geral de 3:2:1, onde cada três barris produzem dois barris de gasolina e um barril de destilados. Qualquer que seja a fórmula, cada barril produz em média cerca de 20 galões de gasolina, 12 galões de destilados que se transformam em diesel e querosene de aviação e outros 10 galões de produtos de baixo rendimento energético.

Em termos de receitas, no caso da gasolina isto significa que os 20 galões multiplicados pelo preço nas bombas de sexta-feira, de US$ 5, resultam em US$ 100 por barril. Para a parte dos destilados, os 12 galões podem ser multiplicados por US$ 5,77 por galão - o preço médio do diesel na sexta-feira. São mais US$ 69, arredondando-se. 

Some os dois e se chega a quase US$ 170, pouco abaixo dos US$ 173 para a combinação do petróleo cru e a margem de refino calculada no início. O saldo de 10 galões de produtos energéticos diversos no barril, mesmo a um valor de lucro de, digamos, US$ 3 por galão, renderiam mais US$ 30. Some os três e se chega a US$ 200, o valor que os consumidores pagam por um barril refinado. Isto reflete um prêmio de US$ 80 sobre um barril de petróleo bruto, ou um prêmio real de refino de 67%. 

A verdade é que a indústria de refino e distribuição de combustíveis normalmente tem uma margem de lucro combinada de 50% a 80% por barril de petróleo na maior parte do tempo, mantendo este nível mesmo durante os dois anos de pandemia do coronavírus.

Em abril de 2020, no auge da destruição da demanda causada pelo surto de Covid, o spread do crack estava em torno de US$ 5, enquanto o barril do petróleo WTI ficou em média a US$ 18. 

O próprio preço da gasolina na bomba em abril de 2020 foi, em média, de US$ 1,50. Seguindo o spread do lucro, os 20 galões de gasolina seriam equivalentes a um preço ao consumidor de US$ 30 por barril.  A média do diesel era de US$ 2 por galão na época, o que significa que os 12 galões de um barril representariam um custo do diesel de US$ 24 para o consumidor. Some os dois - sem os 10 galões restantes de outros produtos - e já se chega a US$ 54. Trata-se de um prêmio de US$ 36 sobre o preço de US$ 18 para o petróleo naquele ponto, ou um retorno de 100%.

Mesmo assim, isto não significa necessariamente que tenha havido ajuste dos preços dos combustíveis durante a pandemia. A verdade é que quase não houve procura por combustível nas bombas em abril de 2020. Embora houvesse US$ 36 disponíveis em combustível por barril, a probabilidade era de que apenas uma fração disso fosse vendida a cada dia. 

As bombas precisam cobrar mais do que o normal às vezes, porque têm custos fixos mensais como aluguel, salários e manutenção, independentemente de venderem combustível suficiente. Era aceitável que o prêmio real por barril refinado fosse mais alto durante a pandemia a fim de compensar o combustível que não foi vendido. Caso contrário, as bombas de gasolina teriam ido à falência, exatamente como alguns refinadores que fecharam as portas — deixando-nos com a atual capacidade de refino inadequada, em parte responsável pela crise dos preços de gasolina que temos agora.

Mas o que não é aceitável é que a indústria não esteja honesta com seu mecanismo de precificação, criando a impressão de que a combinação de preços não só está acontecendo, mas é escandalosa.

Vejamos: Há mais de 20 anos que políticos e grupos de defesa do consumidor da Califórnia insistem numa investigação sobre o motivo pelo qual os preços da gasolina na Califórnia são mais altos que os preços m outros estados de forma constante, mesmo depois de se levarem em conta as diferenças fiscais e os custos de conformidade com as rigorosas exigências das normas do estado.

Ao longo dos anos, o foco passou para questões sobre por que certos postos de gasolina de marcas famosas muitas vezes cobram US$ 0,30 a mais por galão do que os postos de marcas menos proeminentes. Os postos de gasolina das principais bandeiras geralmente são operados pelas próprias companhias de produção e refino. 

Pela lógica, um posto Exxon (SA:EXXO34)(NYSE:XOM), Chevron (SA:CHVX34)(NYSE:CVX), Shell (BS:SHELl) ou BP (SA:B1PP34)(LON:BP) devem ser capaz de vender a preços mais baixos, pois são operações de balcão único (“one-stop”) com custos presumivelmente mais baixos para a aquisição tanto de matérias-primas como de produtos acabados para seus postos. Normalmente, os postos de marca anunciam que seu combustível atende aos mais elevados padrões de limpeza e desempenho, embora não afirmem oficialmente se é por isso que cobram mais.

Em outubro, a Comissão de Energia da Califórnia publicou um relatório no qual concluiu que os postos de gasolina de marca cobram "preços mais elevados para o que parece ser o mesmo produto" e que "se os concorrentes decidirem ajustar os preços em conjunto, isto pode ser ilegal".

"É realmente impressionante, a linguagem utilizada [no relatório da CEC]: Eles [os postos de gasolina] estão cobrando preços mais altos porque podem; é a mesma gasolina, mas não há nada que [a CEC] possa fazer a esse respeito", disse Jamie Court, presidente da ONG de direitos do consumidor Consumer Watchdog, ao Los Angeles Times. "Ninguém sabe o quanto eles estão ganhando quando transformam este petróleo bruto em gasolina".

E ainda há a "misteriosa sobretaxa sobre a gasolina" que só os motoristas da Califórnia pagam, de acordo com Severin Borenstein, economista de energia da Universidade da Califórnia, Berkeley.

Em um post de blog, ele define a sobretaxa como "o prêmio dos preços da gasolina da Califórnia acima do restante dos EUA, DEPOIS de se levar em conta o fato de que temos impostos mais altos e taxas ambientais, e que usamos uma formulação de gasolina mais limpa".

Em defesa do setor, Kara Greene, porta-voz da Western States Petroleum Association, disse ao LA Times que uma média de US$ 1,27 por galão de gasolina vendido na Califórnia vai para impostos, taxas e programas climáticos. Desse montante, US$ 0,10, em média, vão para impostos de venda estaduais e locais, sendo que este último pode variar bastante, disse Greene.

"Os municípios vão ser diferentes. Lugares diferentes têm impostos sobre o consumo diferentes, e esse é o imposto sobre as vendas da gasolina", disse ela. "Moro em Sacramento, e ele têm um imposto sobre a venda de gasolina muito mais alto que outra cidade possa ter".

Borenstein disse que, embora os números do grupo setorial pareçam ser precisos, a misteriosa sobretaxa da gasolina é uma cobrança à parte realizada além dos impostos, taxas e custos do programa climático. Além disso, os postos de bandeira de marca normalmente cobram um preço desproporcionalmente superior aos dos postos de bandeira branca na Califórnia, o que aumenta ainda mais os preços.

"A diferença média é de US$ 0,07 em outras partes do país, enquanto a diferença média entre postos com e sem bandeira na Califórnia é de US$ 0,23. Esses são dados de cinco anos atrás, mas sustentam o argumento", disse ele ao LA Times.

"Se as pessoas pesquisassem mais e fossem para estes postos de bandeira branca", disse Borenstein, "colocariam pressão sobre os postos de marca para baixar seu preço. Mas os californianos parecem menos dispostos a fazer isso".

Aí está o outro problema com o nível atual dos preços da gasolina: hábitos de consumo danosos.

No fim das contas, os donos de postos de gasolina, como outros donos de negócios, têm liberdade para cobrar o que quiserem. A combinação de custos de aluguel, forças de mercado, diferenças locais e prerrogativas empresariais ajuda a determinar os preços de um posto - ou município - a outro.  Estratégias de marca e preço muitas vezes também entram em jogo.

Uma questão relacionada para os consumidores é a conveniência. Muitos pagarão um pouco mais por galão caso isso signifique evitar um retorno numa saída congestionada da rodovia ou não abandonar a sua rota.

nesse ponto, os consumidores podem começar a aprender com a polícia e outras equipes de serviços de emergência, que começaram a cortar as viagens que não são consideradas de emergência.

"Instrui os policiais a tentarem lidar com os chamados que forem aceitáveis pelo telefone", disse Michael Main, xerife do condado de Isabella, num post de Facebook. "Isso pode ser chamados que não estão em andamento, chamados que não são potencialmente fatais, chamados que não exigem a coleta de evidências ou documentação".

Além disso, o tenente Bretton Ensfield, da delegacia do condado de Allegan, disse recentemente que o departamento está incentivando os policiais a evitar deixar seus carros funcionando parados e fazer viagens desnecessárias. 

"Em vez de fazer um policial dirigir 30 quilômetros para registrar uma queixa, a queixa pode ter que esperar uns 10 a 15 minutos para que a viatura mais próxima a registre, em vez de mandar outra viatura rodar para registrá-la", disse Ensfield.

Os sindicatos dos trabalhadores também podem pressionar os empregadores pelo trabalho remoto para os funcionários cuja presença não seja essencial. Embora o trabalho remoto possa significar contas de ar-condicionado um pouco mais altas para quem trabalha em casa durante o verão, a economia de combustível ainda pode ser substancial.

Como diz o ditado, o consumidor manda. A destruição da demanda do petróleo não virá a qualquer preço se o consumidor não desejar.

Boa sorte na bomba.

Petróleo: Fechamentos do Mercado e Perspectivas de Preços 

O Brent, cotado em Londres e referência global de preço, fechou em queda de US$ 1,14, ou 0,9%, a US$ 121,93 por barril na sexta-feira. No entanto, na semana, ele apresentou ganho de 1,8%, com aumento de 9% ao longo de um período de quatro semanas.

Na quarta-feira, o Brent havia atingido US$ 124,38, seu valor mais elevado desde que alcançou os picos de 14 anos de US$ 130 no dia 9 de março, após a invasão da Ucrânia que desencadeou sanções do Ocidente contra o petróleo russo, ocasionando a disparada nos mercados globais de energia. O benchmark global do petróleo apresenta alta de quase 57% até agora este ano.

O petróleo WTI, negociado em Nova York e referência de preços nos EUA, fechou em queda de US$ 1,04, ou 0,8%, ao US$ 120,47 por barril, depois de uma máxima em três meses de US$ 123,15 na quarta-feira. Na semana, o valor de referência da commodity nos EUA avançou 1,8%, com aumento de 18% ao longo de um período de sete semanas. No ano, o WTI apresenta ganhos de 60%.

Sunil Kumar Dixit, estrategista técnico chefe do site skcharting.com, disse que o WTI estava em uma "formação DOJI potencialmente bearish".

"A positividade na leitura estocástica semanal de 73/68 e o índice de força relativa de 68 apresentam contraste técnico com o fechamento semanal do DOJI bearish", disse Dixit.

Na semana adiante, ele afirmou que um movimento sustentado abaixo dos US$ 120 pode empurrar o petróleo para US$ 118 e US$ 115, enquanto um movimento acima dos US$ 120 pode revelar um upside limitado para US$ 121,50.

"Vemos pequena chance de um novo teste de US$ 123, mas se esta movimentação ascendente for estabelecida pela ação dos preços, fique atento a tentativas bullish a US$ 126 e US$ 130", disse Dixit.

"Uma correção de queda tem maior probabilidade; um rompimento decisivo abaixo dos US$ 118 dólares pode expor o WTI a US$ 115 e até mesmo a menos de US$ 113".

Ouro: Fechamentos do Mercado e Perspectivas de Preços 

Os futuros de um mês do ouro para agosto no Comex de Nova York avançaram para o maior nível em quatro semanas na sexta-feira, pouco abaixo de US$ 1.880 por onça. Eles acabaram fechando a US$ 1.875,20, alta de US$ 22,40, ou 1,2% no dia. 

Na semana, o contrato futuro de referência do ouro registrou alta de também 1,2%.

Dixit, do site skcharting.com, observou que o ouro conseguiu um dos seus melhores ganhos semanais em meio à alta volatilidade desencadeada pelos dados indicando que a inflação dos EUA se encontra em novas máximas de 40 anos.

"O ouro mergulhou para o suporte crítico de US$ 1.825, o que atraiu compradores e ursos correndo para cobrir seus shorts com a valorização do metal acima dos US$ 1.850, levando a corrida até US$ 1.876, acima da média móvel exponencial de 50 dias, de US$ 1.970", disse Dixit.

Ele afirmou que a leitura estocástica semanal do ouro de 29/25 e a posição bullish do RSI representavam indícios de um aumento ainda maior, com certa consolidação entre US$ 1.855 e US$ 1.845 para a próxima perna, a US$ 1.893.

"Quando a estabilidade do ouro for vista acima dos US$ 1.893, esta zona de US$ 1.850 a US$ 1.870 irá se tornar um suporte mirando para US$ 1.910 a US$ 1.935", acrescentou Dixit.

"Qualquer rejeição acima dos US$ 1.893 pode prejudicar a estrutura de rompimento bullish a curto prazo e o metal pode despencar para a zona de US$ 1.855-US$ 1.840, abaixo da qual uma tendência bearish pode retornar".

Isenção de responsabilidade: Barani Krishnan não detém posições nas commodities e valores mobiliários sobre as quais escreve.

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