Por Laura Sanches
Investing.com - Volatilidade nos preços do petróleo novamente após a decisão de ontem da OPEP+, que inclui a Rússia, de concordar em cortar a produção de petróleo bruto em 100.000 barris por dia a partir de 1º de outubro, devido à menor demanda por petróleo previsões, dada a fraqueza da economia global.
O WTI bruto sobe esta terça-feira e movimenta-se nos 87 dólares e o Brent cai, em patamares de 93 dólares.
"A entidade indicou que a política de produção será revista mensalmente em reuniões ordinárias, embora o cartel não descarte a realização de reuniões extraordinárias caso haja alguma variação em seu cenário", comentou Banca March.
“Tudo aponta para o fato de que os produtores que compõem a aliança Opep+ não são a favor de que o petróleo caia muito mais do que já fez nos últimos três meses”, dizem eles na Link Securities.
"Reduzir suas cotas é um movimento contrário ao de setembro, quando votaram a favor de aumentá-las no mesmo valor", acrescentam esses analistas.
Na opinião desses especialistas, o movimento OPEP+ de ontem deixa duas coisas muito claras:
Que os países do cartel não estão dispostos a suportar pressões para aumentar sua produção com o objetivo de baixar o preço do petróleo bruto, nem do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, nem de qualquer outra pessoa.
Agora que recuperaram parte do poder de fixação de preços, perdido nas mãos dos frackers norte-americanos na última década, não vão permitir que os preços do petróleo caiam muito mais do que os níveis atuais.
"Assim, as economias desenvolvidas terão que conviver com esses preços da melhor maneira possível", alertam na Link Securities.
“Esse corte, o primeiro desde 2020, significa encerrar o período de retorno progressivo ao mercado da oferta que foi retirada para adaptá-la à queda da demanda causada pela Covid. Recordamos que na semana passada já houve declarações da Arábia Saudita em que foi proposto um corte de oferta com o objetivo de equilibrar um mercado em que a deterioração do ciclo vai pesar na procura (Brent -30% dos máximos anuais, já de pé em níveis anteriores à guerra na Ucrânia), especialmente de economias como a China ou a Europa”, explicam por sua vez em Renta 4 (BME:RTA4).
"O de ontem é um sinal de que a OPEP+ está confortável com um preço do petróleo bruto a rondar os 100 dólares por barril e não nos permite antecipar quedas acentuadas que contribuam para uma queda rápida da inflação", concluem estes analistas.