Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - O Grupo Delta Energia, que detém uma das maiores comercializadoras de eletricidade do Brasil, deu mais um passo para ampliar a diversificação de seus negócios com a obtenção da autorização regulatória para importar gás natural e o produto liquefeito (GNL), disse a empresa nesta sexta-feira à Reuters.
Paralelamente, a Delta Energia tem investido em geração distribuída de energia solar fotovoltaica, enquanto reforça sua equipe de marketing com vistas também à abertura total do mercado livre para consumidores ligados em alta tensão nos próximos anos.
Com a construção de parques de geração distribuída, a empresa buscará transacionar, até 2024, 100 megawatts para atendimento dos seus clientes. Desses, 10 MW entrarão em operação no primeiro semestre de 2023 e mais 50 MW até o fim deste ano.
"Nos curto e médio prazos, o desenvolvimento e a construção de usinas solares terão como foco os Estados de São Paulo e Bahia e Distrito Federal, com perspectiva de ampliação gradual para todo o país", disse o vice-presidente Institucional e Regulatório do Grupo Delta Energia, Luiz Fernando Leone Vianna.
A empresa vai utilizar a modalidade EPC de construção dos parques. Ou seja, serão contratos com um só fornecedor de modo a contemplar em um só instrumento o projeto, a construção, a compra de equipamentos e a montagem para a implementação das usinas solares.
A companhia não informou o valor do investimento, que será bancado com recursos próprios e financiamentos.
Na área de comercialização de energia, o grupo já transaciona 5 mil MW médios por mês, o que corresponde a 8% do consumo de energia brasileiro.
AVAL PARA GÁS
A autorização da reguladora ANP para importar gás natural, que deverá permitir a expansão dos negócios em um nascente mercado livre do insumo, inclui licença para compra do produto da Argentina e Bolívia, além de GNL de diversos países.
"Esse é um mercado novo ainda em desenvolvimento e com forte potencial de expansão. Por isso, vamos ampliar nossa atuação no setor...", disse o presidente da Delta Geração, Alessandro di Domenico.
Segundo ele, foi criada no grupo uma comercializadora de gás que fará a interface entre os distribuidores e consumidores.
Uma das concessões permite à empresa importar 1 milhão de m³ por dia de gás natural da Argentina e da Bolívia. Neste caso, o transporte será por meio de gasodutos, com entrega em Uruguaiana (RS) e Corumbá (MS).
A outra autorização dá o direito à comercializadora de negociar a compra de gás natural liquefeito (GNL) de diversos países produtores e movimentar 912.500 m³ por ano, por meio de transporte marítimo, com entrega em terminais marítimos e de regaseificação para atender as regiões Sul, Sudeste e Nordeste.
A Delta já utiliza o gás natural como combustível para sua térmica em Campo Grande (MS), a UTE William Arjona, que retomou suas atividades em 2021, ano marcado pela crise hídrica.
Além de gás, geração e comercialização de energia, o grupo atua na comercialização de etanol, contando com instalações próprias de armazenagem em Ribeirão Preto (SP). A empresa também opera em biodiesel com duas fábricas, uma em Mato Grosso do Sul e outra em Mato Grosso.
(Edição de Letícia Fucuchima)