Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A AgriRede, grupo de distribuidores de insumos agrícolas formado para fortalecer sua atuação no Brasil, acaba de ganhar mais 14 integrantes e prevê elevar os negócios em 60 por cento na safra 2018/19, disse à Reuters seu presidente, Oswaldo Abud Filho.
O grupo, que está na segunda safra de negociações conjuntas, busca obter as melhores condições de compra de insumos junto a indústrias de sementes, defensivos e fertilizantes, em um momento de consolidação no setor, com fusões de gigantes como a Bayer e Monsanto e a Dow Chemical e DuPont (NYSE:DWDP).
Além de aumentar o poder de barganha, as empresas da AgriRede, de médio porte, também se fortalecem diante de outros participantes do setor de distribuição, que vêm recebendo investimentos até mesmo de fundos, de olho no grande potencial de crescimento agrícola do Brasil.
"Considerando as aquisições e fusões, como um grupo de companhias de tamanho intermediário sobrevive neste ambiente? A AgriRede vem preencher essa lacuna", afirmou Abud Filho, em entrevista.
Agora a AgriRede terá 49 empresas distribuidoras de insumos agrícolas, que têm como meta elevar os negócios conjuntos para 400 milhões de reais na safra 2018/19, ante 250 milhões de reais em acordos fechados pelas 35 companhias associadas até a safra 2017/18.
As companhias da AgriRede, que não necessariamente precisam fechar todas as suas compras em sistema de "pool", têm faturamento projetado para a safra 2018/19 de 3,75 bilhões de reais, segundo Abud Filho.
"Provavelmente, devemos continuar expandindo... Como é um processo novo, estamos aprendendo a fazer negócios juntos", disse ele, lembrando que a expectativa é de que cada vez mais as compras feitas pelas empresas sejam realizadas em conjunto, seguindo modelos já existentes no exterior para o setor agrícola --no Brasil outros setores, como o farmacêutico e de construção, já atuam assim.
O aumento do número de integrantes da AgriRede permitirá que o grupo se fortaleça com distribuidores especializados em insumos para cana, café e hortifrutigranjeiros, expandindo o foco inicial voltado mais para grãos como soja e milho.
Além disso, a AgriRede --originalmente formada com empresas de Goiás, Tocantins e Mato Grosso-- passará agora a ter distribuidores em todas as regiões do país, com destaque para companhias atuantes em São Paulo e Paraná.
Para integrar a AgriRede as empresas precisam ter o balanço auditado, entre outras exigências que garantem credibilidade ao grupo na compra de insumos para posterior distribuição.
Com foco maior em sementes e defensivos agrícolas, as empresas da AgriRede negociam com produtores pelo sistema de "barter", ao antecipar o fornecimento de insumos em troca do recebimento futuro de produtos agrícolas, em um dos esquemas de negociação.
Com efeito, Abud Filho disse que o grupo contratou um profissional para fazer a originação de grãos obtidos via "barter" e, fortalecido com os novos integrantes, também deve impulsionar a oferta de seguro agrícola para os produtores, além de assistência técnica e financiamentos.
(Por Roberto Samora)