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Energia: Alta continuada nos preços pode impactar a demanda; veja cenário para a semana

Publicado 26.09.2021, 06:58
© Reuters.
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Por Barani Krishnan

Investing.com - Independentemente de até onde os preços da energia cheguem nos próximos três meses, o que é preciso observar é que a inflação não vai melhorar nos EUA, nem em nenhum outro lugar do mundo. 

Exceto pela necessidade, se a premissa da demanda for que só se pode comprar por aquilo que se pode pagar, a destruição da demanda provavelmente vai acontecer caso os preços do petróleo e do gás natural continuem a subir sem limite.

Qualquer pessoa que já tenha movimentado commodities tempo o bastante conhece o ditado: "Preços altos se curam com preços altos."

A teoria se baseia nas aulas mais básicas de economia, segundo as quais a menos que estejamos falando de materiais que decidam entre a vida e a morte, nenhuma matéria-prima irá desafiar a regra da acessibilidade. 

É claro que se pode argumentar que sem gás ou petróleo para aquecer os lares durante uma tempestade de inverno intensa, como a Texas Blitz deste ano, as pessoas vão morrer. 

Da mesma forma, pelo menos 25.000 pessoas morrem por falta de alimentos em todo o mundo, devido à fome ou à escassez de alimentos/grãos, segundo as estimativas das Nações Unidas.

Enquanto seres humanos, é praticamente impossível retirarmos energia e produtos agrícolas completamente das nossas vidas, independentemente de estarem muito caros ou não.

Mesmo assim, Leigh Drogen, gestor de fundos quantitativos, nos lembrou num blog dez anos atrás que nós conseguimos dobrar as leis da nossa existência até certo ponto.

Prova disso? Quando os preços da gasolina na bomba ficam caros demais ou os preços dos alimentos disparam, "dirigimos menos, ou deixamos de dirigir; comemos menos, ou em alguns casos tristes, deixamos de comer", Drogen disse.

E embora possa não ser tão fácil deixar de aquecer uma casa, alguns casacos e cobertores podem ajudar.

"Os seres humanos são extremamente flexíveis quando confrontados com situações de crise resultantes da escassez de recursos", Drogen acrescentou. "Adaptação e sobrevivência são um instinto humano básico, e também são um instinto empresarial básico".

Embora esse post tenha sido escrito há 10 anos, ele é surrealmente aplicável ao mundo de hoje, afetado pela Covid. Não é exatamente isso que temos feito nos últimos 18 meses? Não dirigimos menos e comemos apenas o que conseguimos por nossas mãos?

Enquanto muitos empregadores permanecem super flexíveis quanto ao trabalho remoto em meio a riscos continuados pela variante delta do vírus, podemos continuar fazendo o mesmo. Atualmente, os pedidos semanais de auxílio-desemprego nos EUA se mantêm teimosamente acima dos 300.000, e ainda ouvimos reclamações diárias sobre como os empregadores não estão conseguindo encontrar empregados.

Embora possa ter sido necessário uma pandemia de uma em um século para alterar a prática de como e onde o trabalho é realizado, não é necessariamente preciso um nível de milhões de novas infecções por dia para as pessoas insistirem em querer trabalhar de casa. 

Você não acredita? Pergunte à Opep. 

No auge da pandemia de Covid, o cartel do petróleo mudou o seu jogo de reunir-se duas vezes ao ano para ter uma reunião pelo Zoom todos os meses, para que pudesse se manter à frente das constantes reviravoltas e ziguezagues do mercado. 

Embora a pandemia esteja agora mais sob controle e a Opep possa realizar pelo menos reuniões trimestrais em sua sede em Viena, o cartel não está se arriscando. Ele continua a se reunir virtualmente todos os meses, porque é a melhor forma de não ser arrastado pelo mercado.

Os consumidores podem jogar o mesmo jogo, insistindo que desejam trabalhar de casa e dirigir menos, ou só dirigir quando necessário, já que o preço médio da gasolina nos EUA na bomba chegou a US$ 3,19 por galão, acima dos US$ 2,18 de um ano antes. É claro que podemos argumentar que a mínima de US$ 1 da época da pandemia era baixa demais para as empresas de petróleo sobreviverem. Muitos ainda se lembram dos assustadores US$ 4 ou mais durante a crise financeira, quando o petróleo bruto atingiu uma máxima de US$ 147 por barril. O Brent está agora um pouco abaixo dos US$ 80, e os consumidores aguentam absorver o golpe, os touros do petróleo irão argumentar. 

O problema com esse argumento é que cada aperto de fornecimento – e o pico de preço resultante – tem seu próprio gatilho. O que era tolerável há 13 anos pode não ser hoje para consumidores sendo impactos por todos os lados pela inflação.

Existem vários catalisadores para a atual situação do mercado do petróleo, um deles sendo o furacão Ida de um mês atrás — um fenômeno que ninguém em sã consciência poderia imaginar que duraria tanto tempo. 

Na quinta-feira, cerca de 294.414 barris equivalentes de petróleo, ou 16,2% da produção na parte norte-americana da Costa do Golfo do México, continuam suspensos, de acordo com o Bureau of Safety and Environmental Enforcement, a agência governamental que monitora a situação.

O gás natural é, naturalmente, o outro principal motor para o que está acontecendo com o petróleo. Na sexta-feira, os preços do gás natural registaram um aumento superior a 100% em relação ao ano. No pico de US$ 5,65 por mmBtu (milhões de unidades térmicas britânicas) deste mês ficou abaixo do pico de fevereiro de 2014, de US$ 6,49.

Fala-se que os preços do gás natural podem chegar aos US$ 6 por mmBtu ou mais nas próximas semanas. Se for esse o caso, e os preços dos combustíveis subirem ainda mais nas bombas, pode ser apenas o gatilho para que os consumidores comecem a reagir de formas inesperadas.

Resumo do mercado e dos preços do petróleo

O petróleo WTI, negociado em Nova York e referência de preço nos EUA, fechou em alta de US$ 0,68, ou 0,9%, a US$ 73,98 por barril. Na semana, o WTI teve aumento de 2,8%.

O Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, fechou em alta de US$ 0,84, ou 1,1%, a US$ 78,09. Na semana, o Brent teve queda de 3,7%.

Foi a quinta semana seguida de ganhos para o WTI, e a quarta em cinco semanas para o Brent, que apresentam ambos alta de aproximadamente 50% no ano.

No início do pregão, o WTI chegou ao pico de US$ 74,27, seu valor mais elevado desde outubro de 2018. O Brent, enquanto isso, atingiu os US$ 78,24, estabelecendo um marco semelhante.

Resumo do mercado e dos preços do ouro

O contrato mais ativo dos futuros de ouro dos EUA, para dezembro, fechou em queda de US$ 1,90, ou 0,1%, a US$ 1.751,70 por onça na Comex de Nova York.

Porém, na semana, ele se manteve praticamente estável, na verdade fechando US$ 0,30 mais alto que na sexta-feira passada.

Mas para aqueles que seguem o mercado, especialmente os investidores de longo prazo que já tiveram perdas repetidas na sequência de previsões otimistas nos últimos nove meses, a verdadeira comparação semanal deve ser feita em relação à última quarta-feira. 

Foi nesse dia que o ouro perdeu 2%, sua maior queda desde o início de agosto, enquanto os rendimentos dos títulos dos EUA subiram e o dólar também avançou com especulações de uma ação mais hawkish do Federal Reserve sobre seu estímulo econômico e taxas de juros mais baixas por mais tempo.

"O ouro tem lutado contra um dólar mais forte, resultado do aumento dos rendimentos do Tesouro pós-Fed", afirmou Ed Moya, analista da plataforma de negociação online OANDA. 

"O ouro está num ponto muito difícil e a volatilidade vai continuar elevada, sendo que os riscos permanecem em uma tendência descendentes.  A história de crescimento dos Estados Unidos continuará a melhorar se os modelos da Covid estiverem certos sobre uma redução constante nos casos da doença até março".

Moya acrescentou que os longs de ouro podem estar em mais apuros se o gigante imobiliário chinês Evergrande (OTC:EGRNY), que agitou os mercados esta semana com a sua crescente crise de dívida, conseguisse evitar um contágio. "Se as consequências da Evergrande forem contidas durante o fim de semana, o ouro pode ficar vulnerável a um teste ao nível de US$ 1.700".

Na conclusão da reunião mensal de política monetária do banco central, o presidente do Fed, Jay Powell, repetiu o seu mantra de que a inflação apresentava tendência acima da meta do Fed de 2% ao ano, devido aos custos mais elevados de se fazer negócios numa economia com restrições pandêmicas. 

O mercado tem demonstrado de forma consistente que tem pouca fé na capacidade do Fed em conter a inflação, o que tem enviado os rendimentos dos títulos a valores máximos em vários anos desde o fim de 2020 como reflexo dessa descrença. O ouro, um ativo sem rendimento considerado como um porto seguro, foi a principal vítima desses aumentos de rendimento.

Calendário dos mercados de energia

Segunda-feira, 27 de setembro

Estimativas de estoques de petróleo em Cushing (privado)

Terça-feira, 28 de setembro

Relatório semanal de estoques de petróleo do American Petroleum Institute.

Quarta-feira, 29 de setembro

Relatório semanal da EIA sobre os estoques de petróleo bruto

Relatório semanal da EIA sobre os estoques de gasolina

Relatório semanal da EIA sobre os estoques de destilados 

Quinta-feira, 30 de setembro

Relatório semanal da EIA sobre estoques de gás natural

Sexta-feira, 1º de outubro

Pesquisa semanal da Baker Hughes sobre plataformas de petróleo dos EUA

Isenção de responsabilidade: Barani Krishnan emprega inúmeros pontos de vista além do seu próprio a fim de trazer diversidade à sua análise de qualquer mercado. Por questões de neutralidade, ele às vezes apresenta visões contraditórias e variáveis do mercado. Ele não detém posição nas commodities e valores mobiliários sobre os quais escreve.

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