As exportações de sucata ferrosa, insumo usado na composição de aço pelas usinas siderúrgicas, voltaram a crescer em março deste ano, atingindo 50,217 mil toneladas, alta de 56% em relação a fevereiro (32,191 mil toneladas) e de 126% comparadas ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do primeiro trimestre, as exportações chegaram a 120,612 mil toneladas, ante 64,883 mil toneladas nos primeiros três meses de 2021, um aumento de 86%, conforme dados divulgados pelo Ministério da Economia, Secex.
Segundo o presidente do Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Inesfa), Clineu Alvarenga, o conflito na Ucrânia continua a afetar os preços da sucata metálica no mercado internacional.
"A alta também nos preços do insumo chegou ao Brasil em abril", afirma Alvarenga, acrescentando que os recicladores brasileiros só têm exportado o excedente não consumido no mercado interno.
Segundo uma fonte ouvida pela S&P Global Platts, agência americana especializada em fornecer preços-referência e benchmarks para os mercados de commodities, com a alta dos custos, principalmente dos combustíveis, os recicladores vêm negociando a sucata metálica por preços mais elevados em abril.
Os preços do ferro gusa e do minério de ferro deram grande salto em função da guerra, com a paralisação de usinas, e o reflexo ocorreu também na sucata metálica.
O Inesfa realiza no próximo dia 28, em Brasília, seminário para formalizar a entidade como representante de todos os setores da reciclagem, incluindo ferro e aço, vidro, papel, alumínio e plástico, um total de mais de 5 milhões de pessoas que vivem dessa atividade no país. O Inesfa vai representar e será o porta-voz dos recicladores em todo o país.
"Os recicladores sempre tiveram um papel essencial no Brasil, ao lado dos catadores (os chamados carrinheiros) na preservação e defesa do meio ambiente e na economia circular. Mas, apesar disso, ainda são pouco reconhecidos e estimulados, principalmente pelos três poderes do país, Executivo, Legislativo e Judiciário", afirma Alvarenga.