Por Mayela Armas, Matt Spetalnick e Marianna Parraga
CARACAS/WASHINGTON, 16 Out (Reuters) - O governo e a oposição da Venezuela voltarão às negociações políticas, disseram os dois lados nesta segunda-feira, enquanto fontes disseram que os Estados Unidos chegaram a um acordo preliminar para aliviar as sanções se o presidente Nicolás Maduro cumprir os compromissos relacionados a uma eleição em 2024.
Espera-se que os representantes de Maduro e a oposição assinem um acordo eleitoral nesta semana, e os Estados Unidos rapidamente seguiriam isso com autorizações relacionadas ao setor de petróleo da Venezuela, de acordo com duas pessoas em Washington familiarizadas com o assunto, falando sob condição de anonimato.
Qualquer ação dos EUA ocorreria somente depois que a oposição venezuelana e os representantes de Maduro assinassem um acordo no qual ele se comprometesse com a data da eleição presidencial e com a suspensão das proibições a alguns candidatos da oposição, disseram essas duas fontes. Elas acrescentaram que quaisquer mudanças nas sanções dependeriam do comportamento de Maduro.
Os Estados Unidos estão cientes de que Maduro não cumpriu os compromissos públicos e privados anteriores de realizar eleições livres e estão observando atentamente para garantir que ele cumpra suas últimas promessas, disseram essas fontes.
Outra fonte em Washington disse que um documento que deverá ser assinado na terça-feira pelo governo de Maduro e pela oposição em Barbados incluiria uma data para a eleição no segundo semestre do próximo ano e permitiria a presença de observadores internacionais. O documento também permitiria a participação de figuras da oposição que atualmente estão impedidas de ocupar cargos públicos, acrescentou a fonte.
A Reuters noticiou na semana passada, citando cinco fontes, que a Venezuela e os Estados Unidos haviam progredido nas negociações que poderiam permitir que pelo menos mais uma empresa petrolífera estrangeira recebesse petróleo bruto venezuelano para pagamento da dívida se Maduro retomasse as negociações com a oposição.
Duas dessas fontes citaram a Maurel & Prom, da França, parceira de joint venture com a PDVSA, empresa estatal de petróleo da Venezuela, como possível destinatária.
Na ocasião, um porta-voz da Maurel & Prom confirmou que a empresa "fez uma solicitação nesse sentido às autoridades dos EUA", mas não quis entrar em detalhes.
Os futuros do petróleo caíram nesta segunda-feira devido a relatos sobre a possível flexibilização das sanções, enquanto os investidores continuaram a refletir sobre o possível impacto da escalada do conflito entre Israel e Hamas sobre os preços do petróleo.
O retorno às conversações foi anunciado em um comunicado publicado pela Noruega, um observador das conversações, que têm o objetivo de oferecer uma saída para a longa crise política e econômica da Venezuela.
A oposição deve realizar uma primária para escolher seu candidato para 2024 no domingo, embora a líder Maria Corina Machado esteja atualmente proibida de ocupar cargos públicos. Espera-se que Maduro concorra à reeleição, mas ele ainda não formalizou sua candidatura.
(Reportagem de Mayela Armas em Caracas, Matt Spetalnick em Washington e Marianna Parraga em Houston)