Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A importação de trigo pelo Brasil deverá crescer quase 9% em 2024 na comparação como 2023, registrando o maior volume em cinco anos, em meio a problemas climáticos nos principais Estados produtores que impactaram a qualidade do cereal, de acordo com relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta quinta-feira.
A Conab elevou em 200 mil toneladas a projeção de importação brasileira de trigo, para 6,2 milhões de toneladas, na comparação com a previsão de novembro. Considerando os últimos anos, esse volume só perde para os 6,7 milhões estimados em 2019.
A Conab estimou que a produção nacional, com colheita de trigo praticamente finalizada, ficará praticamente estável na comparação com 2023, em cerca de 8 milhões de toneladas.
E também indicou "escassa oferta de trigo com PH panificável".
"Com a redução da oferta interna, foi revisado o quantitativo a ser importado...", explicou a estatal.
O aumento da previsão de importação acontece em momento em que o dólar está próximo de máximas históricas frente ao real, o que em geral aumenta custos aos moinhos.
Por outro lado, disse a Conab, a melhora das condições climáticas das lavouras dos Estados Unidos e o ingresso da nova safra do Hemisfério Sul favoreceram a desvalorização de 5,97% das cotações Fob Golfo, sendo a média mensal de 254,89 dólares a tonelada, ressaltou.
Na Argentina, que costuma ser o maior fornecedor de trigo ao Brasil, os produtores começaram a colher suas lavouras, e os trabalhos de colheita de uma grande safra deverão estar encerrados em janeiro.
A Bolsa de Comércio de Rosário elevou na quarta-feira sua projeção de safra 24/25 da Argentina para 19,3 milhões de toneladas, ante 18,8 milhões na previsão anterior.
De janeiro a outubro, o Brasil importou 5,7 milhões de toneladas de trigo, contra 3,46 milhões no mesmo período do ano passado. Do total importado este ano, 3,45 milhões de toneladas tiveram origem na Argentina, com o Uruguai vindo em segundo (714,3 mil toneladas), seguindo pela Rússia (696,6 mil toneladas).
SAFRA DE VERÃO
A safra de soja 2024/25 do Brasil deve alcançar 166,21 milhões de toneladas, estimou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta quinta-feira, promovendo um ligeiro ajuste em relação à previsão de 166,14 milhões divulgada no mês anterior.
A estatal afirmou que o clima tem contribuído para a implantação e o desenvolvimento da cultura, que está em fase final de plantio, em grande parte dos Estados produtores.
"Em algumas regiões do Mato Grosso do Sul, Paraná, Piauí, Tocantins e Maranhão foram registrados curtos períodos de falta de chuva. Ainda assim, as condições climáticas são favoráveis...", apontou.
Se confirmada, a produção de soja pode crescer 12,5% na comparação com a temporada passada, afetada pela seca em várias partes e enchentes no Rio Grande do Sul.
Já para o milho, a Conab projetou uma safra total 2024/25 em 119,63 milhões de toneladas, um pouco abaixo das 119,81 milhões esperadas em novembro. O crescimento previsto ante o ciclo anterior é de 3,4%.
Também foi feito pequeno ajuste na estimativa para a safra de algodão em pluma, para 3,69 milhões de toneladas ante 3,7 milhões na previsão anterior e na safra passada.
Com isso, a produção total de grãos e oleaginosas do Brasil deverá atingir um recorde de 322,42 milhões de toneladas na temporada 2024/25, ligeiramente abaixo das 322,53 milhões na previsão anterior, mas com crescimento de 8,2% frente à safra passada.
(Por Roberto Samora, com repotagem adicional de Letícia Fucuchima e Gabriel Araujo)