Por Barani Krishnan
Investing.com - Investidores do petróleo estão de olho na Opep enquanto, nesta quarta, o petróleo dos EUA se dirige para seu melhor trimestre em um ano, com o otimismo pela demanda de combustível, mesmo com os produtores mirando aumentos de produção e os novos surtos de Covid-19 devido às novas variantes.
O petróleo WTI, negociado em Nova York, a referência para o petróleo dos EUA, fechou a US$ 74,62 o barril (horário de Brasília), em alta de 34 centavos de dólar, ou 0,7%. Em junho, o WTI subiu 11%, enquanto a alta no trimestre foi de 24%.
Foi o melhor desempenho do WTI em um período de três meses desde sua escalada de 92% no segundo trimestre de 2020, quando subiu dos níveis de US$ 20 após a destruição da demanda causada pela pandemia, que empurrou o preço para US$ 40 negativos em certo ponto.
O Brent, negociado em Londres, referência global em petróleo, fechou a US$ 74,62 por barril, em alta de 0,5% no dia. No mês, o Brent subiu quase 8%, enquanto no trimestre a alta foi de 17%.
“Este foi sem dúvida o trimestre do petróleo, dados os melhores índices de vacinação contra a Covid em todo o mundo ocidental, apesar da variante Delta do vírus, em alta agora”, disse John Kilduff, sócio fundador do fundo de hedge nova-iorquino Again Capital.
“Também há muita incerteza sobre acordos de aumento de produção da Opep nos próximos meses, então eu diria que 'otimismo cauteloso' é a frase que está acontecendo aqui.”
A Opep, que compreende 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, liderada pelos sauditas, se reúne, na quinta, com seus 10 produtores de petróleo aliados liderados pela Rússia para considerar aumentos na produção após meses de aumentos sustentados no preço do petróleo que alguns analistas temem que possam começar a impactar a demanda.
Alguns membros da aliança de produtores de petróleo ampliada, conhecida como Opep+, querem um aumento substancial na produção para maximizar a receita com os preços atuais. A Rússia é um deles, supostamente buscando um aumento de até 800.000 barris.
Muito dependerá se o ministro do petróleo saudita, Abdulaziz bin Salman, permitirá esse aumento que pode ser grande o suficiente para prejudicar o ímpeto de alta do mercado. O número cogitado está em torno de 500.000 e 1 milhão de barris diários.
O secretário-geral da Opep, Mohammed Barkindo, disse que o consumo de petróleo no segundo semestre de 2021 deve ser 5 milhões de barris por dia maior do que no primeiro semestre do ano.
Ele disse que os estoques de petróleo nos países desenvolvidos da OCDE, ou Organização para o Desenvolvimento da Cooperação Econômica, estão agora abaixo da média dos períodos entre 2015 e 2019.
Mesmo assim, ele pediu cautela com relação a um forte aumento de produção pela Opep+, que ainda retém cerca de 5,8 milhões de barris diários do mercado, sob cortes de produção que começaram em abril de 2020, no auge da pandemia.
Além dos cortes da Opep, os preços do petróleo, especialmente os do WTI, foram apoiados por fortes reduções nos estoques no mês passado, à medida que o tráfego nas cidades dos EUA voltava aos níveis pré-pandêmicos e as refinarias maximizavam a produção de gasolina para atender à demanda de combustível.
Dados de quarta-feira da Administração de Informação de Energia mostraram novamente uma grande redução nos estoques de petróleo na semana passada, com estoques caindo até 6,7 milhões de barris contra as previsões de uma queda de 4,7 milhões de barris.
O grande momento do petróleo veio na semana passada quando as refinarias dos EUA operaram com 92,9% da capacidade, um nível visto pela última vez no verão de 2019, bem antes do início da pandemia no ano passado.
Os estoques de gasolina aumentaram 1,52 milhão de barris na semana passada, contra as previsões de uma redução de 886.000 barris - demonstrando o aumento da atividade de refino.
Os estoques de destilados que incluem diesel e óleo para aquecimento caíram 869.000 barris contra as previsões de 486.000.
Além do consumo doméstico, as exportações de petróleo dos EUA também aumentaram na semana passada para uma média de 3,72 milhões de barris por dia, ante a média da semana anterior de 3,65 milhões.
A produção de petróleo dos EUA, por sua vez, permaneceu estagnada em 11,2 milhões de barris por dia.