MP 1303 caiu: comemoração ou preocupação do mercado, eis a questão?
SÃO PAULO (Reuters) - O grupo 3corações, líder do segmento de cafés no Brasil, anunciou nesta quarta-feira que vai comercializar por R$599 um kit que inclui 150 gramas de um café robusta amazônico, produzido por indígenas de Rondônia, que conquistou a pontuação máxima de 100 pontos pela primeira vez.
O café, avaliado conforme o protocolo internacional Fine Robusta Cupping Form na 6ª edição do Concurso Tribos, foi produzido por Rafael Mupimoku Suruí, cacique de uma aldeia da etnia Paiter Suruí, na Terra Indígena Sete de Setembro.
Apenas o lote de Suruí atingiu a nota máxima, atribuída por dois dos nove jurados independentes - entre eles, Silvio Leite, referência mundial em cafés especiais.
"Este café é um dos mais complexos e completos que já provei em toda a minha carreira. É a primeira vez que temos a oportunidade de registrar oficialmente uma robusta de 100 pontos. É uma verdadeira joia rara", disse Leite, head judge do concurso.
A pontuação ressalta como a qualidade do café robusta produzido na Amazônia tem melhorado nos últimos anos, ainda que o microlote tenha características raras evidenciadas na pontuação obtida no concurso.
Embora Rondônia esteja distante em volumes de safra dos principais produtores de café do Brasil, a produtividade média do cafezal rondoniense é a maior entre todos os Estados do país, segundo dados da estatal Conab - a espécie canéfora é mais produtiva que o arábica, dominante no parque cafeeiro brasileiro.
O microlote estará disponível para venda exclusivamente no Mercafé, e-commerce da marca. A edição limitada será comercializada em um kit que inclui o café em grãos e um moedor de alta precisão por R$599.
A 3corações relatou que apoiou o produtor Suruí por meio do Projeto Tribos, iniciativa da linha Rituais 85+ do grupo que valoriza o protagonismo indígena e a produção sustentável.
"Através desse projeto, meu trabalho foi reconhecido e valorizado. Alcançar os 100 pontos é motivo de orgulho e inspiração para todos os agricultores, indígenas e não indígenas", disse o produtor, em nota distribuída pela empresa.
(Por Roberto Samora)