Por Barani Krishnan
Investing.com - Até agora, está na casa dos US$ 1.700 e acompanhando a onda de inflação dos EUA. No entanto, a aproximação do que seria a mais importante reunião do Fed no ano começa a pesar para o ouro.
Os contratos mais ativos dos futuros do ouro nos EUA, os de fevereiro, encerraram as negociações de terça-feira com baixa de US$ 16, ou quase 1%, a US$ 1.772,30 a onça.
A reunião mensal de dois dias do Federal Reserve começa na terça-feira com o presidente Jerome Powell informando na quarta as decisões tomadas pelo Comitê Federal de Mercado Aberto sobre suas políticas.
As expectativas são intensas de que Powell fique do lado dos colegas do Fed que querem apressar a redução do estímulo do banco central "para sempre", cortando até US$ 30 bilhões por mês em vez dos US$ 15 bilhões anunciados anteriormente. Dessa forma, o compromisso da compra dos US$ 120 bilhões em títulos e ativos por mês pode ser cancelado em pouco mais de três meses, e o primeiro aumento de taxa da era pandêmica pode acontecer já em abril.
Porém, conversas sobre um aumento da taxa mais rápido do que se imaginava também saturaram as manchetes por semanas a fio, levando muitos a pensar que qualquer movimento descendente do ouro a partir da aceleração do Fed com relação à compra de títulos poderia já estar precificado.
Craig Erlam, analista da plataforma de investimentos online OANDA, observou que, além da queda de terça-feira, o ouro “não tem realmente progredido há algumas semanas, embora tenha se acomodado no limite superior do seu alcance mais recente, o que pode ser encorajador para os entusiastas da commodity”.
“O Fed ainda deve acelerar sua redução gradual esta semana, mas a reação do ouro pode muito bem depender de quão amena for a linguagem ao seu redor”, acrescentou Erlam.
Notícias de aumentos nas taxas quase sempre são ruins para o ouro. Desta vez, porém, quem investe no ouro parece focado na questão da inflação nos EUA, permitindo que o ouro desempenhe seu papel tradicional de proteção contra o evento, embora a ação efetiva do Fed para corrigir a situação ainda possa influir negativamente sobre o metal amarelo. O Índice de Preços ao Consumidor dos EUA, ou IPC, subiu 6,8% no ano até novembro, ritmo mais rápido desde 1982, assim como em outubro, de acordo com o Departamento do Trabalho na semana passada.
Na terça-feira, o órgão anunciou que os preços ao produtor nos EUA tiveram o aumento recorde de 9,6% no mês passado.
A economia encolheu 3,5% durante todo o ano de 2020 devido a paralisações e outros transtornos causados pela crise da Covid-19. O crescimento neste ano foi irregular, com expansão anualizada de 3,5% no primeiro trimestre, 3,6% no segundo e 2,0% no terceiro.
O Fed anunciou em março a previsão de crescimento econômico de 6,5% para o ano de 2021 e não mudou sua meta, apesar do crescimento desigual nos últimos três trimestres. A preocupação do banco central, porém, é a inflação, que se apresenta nos maiores níveis em quase 40 anos, com os preços dispararam desde a baixa da pandemia devido aos aumentos salariais e a transtornos na cadeia de suprimentos.