Investing.com – Com notícias recentes de compras recordes de ouro, com quase 400 toneladas durante o terceiro trimestre deste ano, o mercado dessa commodity passa por uma agitação e agentes se questionaram se haveria grandes compras de bancos centrais nos bastidores – e se eles teriam mais informações do que o restante do mercado. Em relatório divulgado aos clientes e ao mercado, a Julius Baer avaliou que não, diante do desempenho de seus investimentos.
Carsten Menke, chefe de pesquisa de próxima geração da Julius Baer, detalha que a relação entre os bancos centrais e a commodity sempre foi especial, desde o estabelecimento do padrão-ouro, sendo ela representativa de parcela considerável de reservas de países como Estados Unidos, França e Alemanha.
Os bancos centrais dos países em desenvolvimento viraram grandes compradores de ouro nos últimos anos, fazendo com que as reservas totais retornassem a patamares da década de 1990, em cerca de 37.000 toneladas. Conforme apontado em relatório, as únicas compras identificáveis vieram da Índia, com compra de 17 toneladas, Turquia, com 31 toneladas e Uzbequistão, com 26 toneladas.
O analista afirma que não acredita que as autoridades monetárias saibam mais do que o mercado. “Desde 2010, suas compras renderam retornos médios de 4% em um ano e cerca de 7% em dois anos, o que está de acordo com o desempenho geral do ouro. Em vez disso, com base na lista de compradores, vemos seu comportamento mais como o envio de declarações políticas, seja para Washington, Berlim ou Bruxelas – especialmente em tempos de mundo mais multipolar”, reforça o analista.
Para a Julius Baer, não há ligação entre as reservas de ouro de um banco central e a estabilidade de sua moeda, indicando a Turquia como exemplo. “A estabilidade de uma moeda reflete muito mais as condições cíclicas, bem como o nível de confiança nas instituições do país”, completa.