Investing.com - Os robôs do mercado financeiro mostraram que não estão em clima de férias e derrubaram a cotação do petróleo nesta terça-feira com uma forte pressão de venda que disparou stops dos operadores com perda de suporte.
O contrato futuro do WTI afundou 7,3% e encerrou o pregão de Nova York a US$ 46,24 o barril, menor valor em 16 meses. O tombo ocorre um dia antes do vencimento do contrato de janeiro. A referência internacional Brent, negociada em Londres, registrou perdas de 5,6% e fechou a sessão negociada a US$ 56,26 o barril, menor valor desde meados de outubro de 2017.
No Brasil, o tombo do petróleo arrastou a Petrobras para fortes perdas. A ação preferencial da companhia PETR4 recuou 3,8% para R$ 22,00, menor patamar desde final de setembro, enquanto os papéis ordinários PETR3 cederam 3,4%, fechando a R$ 25,17.
Oferta global sobe
No radar dos investidores nesta terça-feira esteve o relatório da Genscape que mostrou aumento nos estoques em Cushing, nos EUA, que se somou a perspectiva de uma maior produção no país, segundo a EIA. O órgão projetou elevação de 134 mil barris/dia de oferta no shale norte-americano em janeiro. Os Estados Unidos já são o maior produtor de petróleo do mundo, com 11,7 milhões de bpd.
Relatório da Reuters indicou que a Rússia produziu um recorde de 11,42 milhões de barris/dia este mês derrubando qualquer sentimento otimista com a notícia de que o país planeja cortar a oferta no primeiro trimestre.
A gigante Saudi Aramco elevou as exportações em outubro para 7,7 milhões de barris/dia, ante 7,433 milhões de barris/dia em setembro, segundo dados oficiais publicados nesta terça-feira.
Tombo de 40% em 10 semanas
O petróleo já perdeu 40% em relação às máxima de quatro anos de US$ 76,90 o barril tocada no início de outubro. Em 10 semanas, o valor do contrato afundou US$ 30, com receios de preocupação com uma potencial queda no comércio global com a guerra comercial imposta por Donald Trump, a amenização das restrições ao Irã e a temida sobreoferta.
O grande mergulho provoca dúvidas em alguns traders se o WTI testará o suporte de US$ 40 antes do fechamento da 2018.
"O petróleo não está tendo nenhum respeito neste momento e nós perdemos totalmente o controle da narrativa", disse Phil Davis, fundador da PSW Investments em Nova York. "É muito louco estar envolvido neste mercado. Não estou vendido, nem comprado e não descartaria nada nesta fase, incluindo um teste de US$ 40".
Tariq Zahir, sócio-gerente da Tyche Capital Advisors em Nova York, concordou. "Sim, nós poderíamos testar US$ 40 antes do fechamento do ano, embora tenhamos mais clareza sobre isso depois dados da EIA de amanhã", disse ele, referindo-se ao relatório semanal de oferta e demanda sobre petróleo e outros produtos derivados de petróleo dos EUA.
Há dois meses, poucos traders de petróleo apostavam numa queda tão brusca, vendo o WTI acima de US$ 75 por barril. Muitos analistas de Wall Street chegaram a projetar o Brent acima de US$ 100, quando o benchmark encostou nos US$ 87 no início de outubro.
"Eu ainda vejo uma falta de compradores dispostos no mercado em geral, o que é provavelmente a questão maior, já que os algos sentem isso e continuam a gerar fraqueza para parar até mesmo o menor dos comprados", disse Scott Shelton, analista da Durham, Carolina do Norte. e corretor para ICAP disse em sua nota diária.