Por Peter Nurse
Investing.com -- Os preços do petróleo recuam nesta terça-feira, devolvendo os ganhos do pregão anterior em função dos receios de como o surto prolongado de Covid na China, maior importador mundial da commodity, continuará prejudicando a demanda.
Às 12h37, os contratos futuros do petróleo WTI, cotado em Nova York e referência de preço nos EUA, eram negociados com baixa de 5,19%, a US$ 102,02 por barril, enquanto os contratos do Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, apresentavam queda de 5,02% a US$ 107,48
A cidade de Xangai, centro financeiro da China, confirmou no domingo que três pessoas infectadas com Covid-19 faleceram, no primeiro registro de óbitos entre pacientes acometidos pelo coronavírus durante o surto atual.
Além disso, outras regiões do país intensificaram as medidas de controle, inclusive Tangshan, o maior pólo siderúrgico do país, e a Zona Econômica do Aeroporto de Zhengzhou, uma área de manufatura no centro da China que inclui a Foxconn (TW:2354), fornecedora da Apple (NASDAQ:AAPL)(SA:AAPL34).
Isto indica que a China não planeja abandonar a sua política de tolerância zero em relação à doença, e acompanha o relatório do PIB do primeiro trimestre do país, divulgado na segunda-feira, que já demonstra uma forte desaceleração.
"O único fator que continua a travar o mercado é a situação da Covid na China e os seus impactos sobre a demanda", afirmaram os analistas do ING, em relatório. "É evidente que os lockdowns regionais que estamos assistindo duram mais do que muitos haviam antecipado, e portanto terão um impacto maior sobre a demanda por petróleo no curto prazo".
Mesmo assim, os preços do petróleo permanecem acima de US$ 100 por barril, com as duas referências de preço tendo ganhado mais de 1% na segunda-feira e atingindo os seus níveis mais altos desde 28 de março, ajudados por uma onda de protestos em instalações de produção e transporte na Líbia, o que retirou cerca de 500.000 barris por dia do mercado.
A Líbia é uma fonte fundamental de petróleo para a Europa, ainda ainda mais importante num momento em que diversos compradores do Velho Continente optam por não comprar petróleo russo. A Reuters publicou no começo da terça-feira que a produção da Rússia ficou próximo a 300.000 barris por dia abaixo da sua cota de produção da OPEP+ em março.
Este déficit significa que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, grupo conhecido como OPEP+, produziu 1,45 milhão de barris diários a menos que suas metas de produção para março, aumentando as restrições do mercado global.
"O grupo tem sido consistentemente incapaz de atingir os níveis de produção ajustados ao longo de vários meses", acrescentou o ING, "sendo que apenas uns poucos produtores, dentre eles a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, possuem uma quantidade significativa de capacidade sobresselente".
A Agência Internacional de Energia disse em seu relatório mensal publicado na semana passada que esperava que as perdas de produção do petróleo russo crescessem para 1,5 milhão de barris por dia em abril, dobrando para 3 milhões de barris por dia a partir de maio.