Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo recuavam forte nesta segunda-feira diante do aumento dos temores de uma desaceleração global, antes da próxima reunião de grandes países produtores para discutir os níveis futuros de oferta.
Às 12h24 (horário de Brasília), o petróleo norte-americano despencavam 4,99%, a US$ 93,70 por barril, enquanto o petróleo Brent se desvalorizava 4,09%, a US$ 99,88, no mercado futuro.
O contrato futuro de gasolina RBOB nos EUA afundava 5,23%, a US$ 2,9524 por galão.
Dados divulgados no fim de semana mostraram que a atividade industrial da China teve contração em julho, em meio a novas rodadas de bloqueios sanitários relacionados à Covid-19. O índice oficial de gerentes de compras do país caiu para 49,0 em julho, indicando uma contração, em comparação com 50,2 no mês passado.
As notícias do resto da Ásia também não foram boas, já que a atividade industrial da Coreia do Sul caiu pela primeira vez em quase dois anos, e o Japão teve seu crescimento mais lento na atividade em 10 meses.
A China é o maior país importador de petróleo do mundo, e uma recessão econômica prolongada por lá e nas outras potências econômicas da região poderia pesar sobre a demanda petrolífera global.
A indústria já está em contração na zona do euro, devido a uma grave crise energética e ao aumento da inflação. Esses fatores também parecem estar afetando os consumidores, haja vista que as vendas de varejo na Alemanha tiveram sua pior queda semanal desde que o país começou a coletar dados de todo o território em 1994.
O PMI Industrial do ISM foi divulgado na manhã de hoje nos EUA e também mostrou uma leve desaceleração de 52,8 em relação a junho, de 53,0, claramente em território de crescimento.
Pelo lado da oferta, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) irão se reunir na quarta-feira, a fim de discutir os níveis futuros de produção.
O membros concluíram o corte histórico de 9,7 milhões de barris por dia acordado em abril de 2020, quando a pandemia de Covid-19 atingiu em cheio a demanda, aumentando a incerteza com o que o grupo irá decidir.
Os EUA pedem que a aliança aumente a produção. O presidente Joe Biden disse que espera ver “mais passos” por parte da Arábia Saudita, líder de facto o grupo, no fim da sua viagem para o Oriente Médio há duas semanas para firmar sua posição.
No entanto, a maioria dos membros da Opep+ enfrentará dificuldades para aumentar significativamente a produção por conta de problemas básicos de infraestrutura, além de estarem receosos de injetar mais petróleo em um mercado global volátil, no momento em que precisam desesperadamente de receita.
“No entanto, do nosso ponto de vista, é muito pouco provável que a reunião da Opep+ melhore o sentimento do mercado e se torne um catalisador importante para os preços do petróleo”, afirmou Stephen Innes, sócio executivo da SPI Asset Management.
“A Opep+ parece estar mais disposta a sinalizar uma disposição em continuar cooperando no longo prazo, mas seria uma surpresa se a próxima reunião resultasse em uma mudança significativa de política”.