Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo operavam em alta nesta segunda-feira, recuperando-se das fortes perdas registradas na semana passada, graças à melhora no sentimento de risco, mas ainda persistem preocupações com a perspectiva de demanda diante da desaceleração do crescimento mundial.
Às 11:45 de Brasília, o petróleo norte-americano avançava 0,93%, a US$ 85,44 por barril, enquanto o Brent se valorizava 0,98%, a US$ 92,53 por barril, no mercado futuro.
O novo ministro de finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, anunciou, mais cedo, que descartaria praticamente todas as medidas de gastos e renúncias fiscais propostas por seu antecessor Kwasi Kwarteng.
Isso ajudou a reverter a alta das taxas dos títulos britânicos, aumentando a confiança do mercado e beneficiando os ativos de risco, como o petróleo.
O que também estava contribuindo para o tom positivo da sessão desta segunda-feira era o apoio de diversos países membros da Opep+ ao recente corte de produção de mais de 2 milhões de barris por dia, apesar da oposição dos Estados Unidos.
Diversos integrantes da aliança formada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, incluindo Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Iraque e Kuwait, expressaram apoio ao corte de produção no fim de semana, enfatizando a necessidade conjunta de estabilizar os preços do mercado, em meio aos ventos contrários gerados pela desaceleração do crescimento econômico.
O ministro da defesa da Arábia Saudita declarou que a decisão da Opep+ de reduzir a oferta foi tomada de maneira unânime e por razões puramente econômicas.
O príncipe Khalid bin Salman também afirmou que estava “estarrecido” com as acusações de que o reino “estava ao lado da Rússia em sua guerra contra a Ucrânia”.
No entanto, os ganhos do mercado petrolífero, devidos em parte à busca por pechinchas, parecem hesitantes, especialmente após a queda de mais de 6% em ambas as referências do barril na semana passada.
“O mercado está preocupado com a perspectiva de demanda, em razão da deterioração da perspectiva macro”, disseram analistas do ING em nota. “O índice de preços ao consumidor nos EUA ficou acima das expectativas na semana passada, deixando a perspectiva ainda mais nebulosa, em vista da expectativa de que o Federal Reserve precisará ser mais agressivo na elevação dos juros”.
O cenário na China, maior país importador de petróleo do mundo, também está nebuloso, sobretudo após o país abruptamente atrasar, sem qualquer explicação, a divulgação dos números de crescimento econômico para o 3º tri, previstos para esta segunda-feira.
O presidente Xi Jinping, em seu discurso de abertura da convenção do Partido Comunista, reafirmou seu compromisso com a política de Covid zero que provocou vários bloqueios sanitários em cidades e províncias pelo país neste ano.
Além disso, dados da CFTC mostraram mais um leve aumento nas posições líquidas de compras especulativas, embora permaneçam perto do nível mais baixo em seis anos, uma ilustração da perda de liquidez em um mercado que vem registrando extrema volatilidade neste ano, com o aperto das condições financeiras.
“O aumento foi predominantemente motivado por novas compras”, explicou o ING. “O movimento provavelmente reflete a reação inicial do mercado à reunião da Opep+. Entretanto, em vista da fraqueza mais recente no mercado, as posições líquidas compradas são relativamente menores”.