Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo registravam firme alta nesta sexta-feira, diante da desvalorização do dólar e da renovação das esperanças de que a China flexibilize sua política de Covid zero, o que poderia estimular a atividade econômica no maior país importador de petróleo do mundo.
Às 11h55 de Brasília, o petróleo norte-americano avançava 4,29%, a US$ 91,96 por barril, enquanto o Brent se valorizava 98,12%, a US$ 98,12 por barril, no mercado futuro.
Os preços do petróleo atingiram seu maior patamar em quase quatro semanas, graças ao otimismo de que a China em breve reduzirá suas rígidas restrições de mobilidade por causa da Covid, ação que vem gerando grandes obstáculos para o crescimento econômico do país neste ano.
A Bloomberg informou na sexta-feira que as autoridades chinesas estão desfazendo um sistema que penaliza as companhias aéreas que transportam passageiros com Covid para o país, ao mesmo tempo em que um dos principais epidemiologistas do país declarou, em uma conferência de investimentos, que esperava ver mudanças consideráveis na política nos próximos cinco ou seis meses.
As autoridades sanitárias da China ainda não haviam confirmado essas mudanças, mas essa notícia corroborou alegações que circulavam nas redes sociais locais no início da semana, no sentido de que o governo estaria montando um novo comitê para coordenar uma saída dessa política.
O que também estava contribuindo para a alta do mercado petrolífero nesta sexta-feira era a queda do dólar, após a divulgação oficial de um forte relatório de empregos nos EUA em outubro. Embora os dados tenham mostrado que a economia americana criou 261.000 postos de trabalho no mês passado, acima das expectativas de geração de 200.000 vagas, a taxa de desemprego na maior economia do mundo aumentou para 3,7%, contra 3,5% no mês passado.
O índice dólar, que compara a moeda americana a uma cesta de seis divisas, recuava mais de 1%, a 111,532, corrigindo desde a máxima de quase dois meses de 113,15 tocada durante a noite, enquanto os operadores digeriam o efeito da alta da taxa de desemprego, o que poderia persuadir o Federal Reserve a reduzir seu agressivo ciclo de alta de juros.
A desvalorização do dólar aumenta a demanda por commodities denominadas na moeda americana, como o petróleo, ao torná-las mais baratas para compradores estrangeiros.
Pelo lado da oferta, a expectativa é que o mercado continue restrito, após a recente decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, grupo conhecido como Opep+, de cortar os níveis de produção, bem como pela queda nos estoques petrolíferos dos EUA.
“A perspectiva econômica cada vez mais nebulosa está gerando grandes obstáculos para o mercado petrolífero e, se não fossem os cortes de oferta anunciados pela Opep+ em outubro, provavelmente o barril estaria sendo negociado a níveis bastante inferiores”, disseram analistas do ING em nota.
“De fato, os cortes da Opep+ deram alguma estabilidade para o mercado no curto prazo”, acrescentou o ING. “No entanto, isso deve mudar assim que entrar em vigor a proibição da UE à importação de produtos petrolíferos da Rússia no próximo mês e de seus produtos refinados em fevereiro”.
Além do banimento do petróleo russo na União Europeia, autoridades dos EUA e países do G7 vêm negociando, nas últimas semanas, um plano para estabelecer um teto de preços para as remessas marítimas de petróleo, com previsão de entrada em vigor em 5 de dezembro.
O objetivo da metida é restringir a capacidade de Moscou de financiar sua invasão na Ucrânia, mas também pode acabar afetando a oferta de petróleo, já que a Rússia alertou que não fornecerá o produto a países que concordarem com essas medidas.