Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - O plantio de soja na safra 2018/19 do Brasil, cujo início é entre setembro e outubro, deverá crescer cerca de 3 por cento ante 2017/18, para um novo recorde de 36 milhões de hectares, projetou nesta quinta-feira a Agroconsult, que vê o produtor mais remunerado e expandindo suas lavouras sobre áreas de pastagens.
O aumento na semeadura poderia levar o Brasil, já o maior exportador global da oleaginosa, a se firmar de vez como líder também na produção após superar os Estados Unidos neste ano.
"O crescimento (na área) será liderado pela expansão sobre pastagens degradas. Haverá também algo sobre as áreas de milho, mas não tanto como neste ano", disse o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, após evento da consultoria em São Paulo.
Ele avalia que o crescimento poderá ser de 1 milhão de hectares.
Em 2017/18, o plantio de soja ocupou grande parte da área anteriormente destinada ao milho, uma vez que os preços do cereal não estavam atrativos.
Para 2018/19, Pessôa destacou que os sojicultores também tendem a estar mais capitalizados para as atividades de semeadura, dada a recente alta do dólar ante o real, que favorece as receitas.
O diretor da Agroconsult não fez previsões para a produção de soja na nova safra, cuja colheita só se iniciará no começo de 2019 e dependerá também das condições climáticas.
MILHO
Pessôa destacou que o plantio da primeira safra de milho 2018/19 deverá diminuir 3 por cento ante o observado em 2017/18, quando somou 5 milhões de hectares.
Em contrapartida, a semeadura da segunda safra, a “safrinha”, pode saltar 10 por cento frente os 11,6 milhões de hectares deste ano, segundo dados oficiais.
"Devemos ter um crescimento robusto para a próxima safrinha. Haverá redução nos estoques após a safrinha deste ano, as condições para exportação estão favoráveis e a próxima safra de verão será menor”, afirmou o sócio diretor da Agroconsult.
A segunda safra 2017/18, em fase inicial de colheita, foi severamente castigada por uma forte seca entre abril e maio, bem no momento de desenvolvimento das lavouras, que já haviam sido plantadas fora da janela ideal por causa do atraso na colheita da soja.
Nesta semana, a consultoria reduziu a estimativa de produção de milho segunda safra do Brasil para 55 milhões de toneladas, de 57 milhões anteriormente.
Segundo Pessôa, a "maior perda" já foi computada, mas a safrinha 2017/18 pode ser ainda menor.
"Há sempre potencial para cair mais por causa de áreas suscetíveis a geadas", disse.
O fenômeno é um risco em especial para o Paraná, segundo maior produtor de milho do Brasil e que já enfrentou episódios de forte frio neste ano.
Por lá, o Departamento de Economia Rural (Deral) já alertou que a segunda safra de milho pode ficar abaixo das 10 milhões de toneladas previstas.
(Por José Roberto Gomes)