SÃO PAULO (Reuters) - O preço médio das negociações dos Créditos de Descarbonização (CBios) fecharam o mês passado a 77,83 reais, patamar que é 21% abaixo da média de 2024, enquanto distribuidoras de combustíveis vão à Justiça para não cumprir suas metas e a oferta tem crescido, de acordo com análise publicada nesta quinta-feira pelo Itaú BBA.
"Chamou a atenção a queda observada no dia 10 de junho, pois a mínima negociada no dia foi 66,50 reais/CBio, o menor valor desde setembro de 2022", disse o banco de investimento, citando a tendência de baixa.
Na média do primeiro semestre, o preço do CBio foi de 98,80 reais, contra média de 113,8 reais em 2023.
Essa queda "foi reflexo tanto do pessimismo do mercado quanto a tolerância do governo com as distribuidoras que judicializaram as suas metas individuais de CBios... (e) da elevada oferta de créditos no mercado", afirmou o relatório.
"Do lado da oferta, as fortes vendas domesticas de etanol por parte das usinas têm gerado um nível elevado de escrituração de CBios. Afinal, os CBios podem ser escriturados apenas no momento da venda, não na sua produção", acrescentou.
Enquanto distribuidoras de combustíveis são a parte obrigada a comprar para compensar as emissões das vendas de combustíveis fósseis, os produtores de biocombustíveis são os emissores dos créditos.
O Itaú BBA notou, contudo, que as vendas de etanol pelas usinas diminuirão nos próximos meses, diante de uma safra de cana menor.
"Esse movimento deverá ser inverso ao observado durante 2023, quando as vendas no segundo semestre foram maiores que no primeiro", pontuou.
Com as menores vendas do biocombustível, menores serão as escriturações de CBios, reduzindo a oferta do crédito de descarbonização, avaliou o banco. "O ponto de inflexão da oferta deve estar por vir."
Em junho, o volume negociado de CBios se elevou 5%, atingindo 6,1 milhões de créditos comercializados no período. No entanto, o volume ficou 11% menor que o mesmo mês do ano passado, apontou o Itaú BBA.
De acordo com o relatório da B3 (BVMF:B3SA3), onde os créditos são negociados, a emissão de CBios em junho avançou 24,8% ante o mesmo mês do ano passado, com 3,45 milhões de títulos de créditos de descarbonização emitidos. No acumulado deste o início do ano, atingiu 20,8 milhões, ou 25,2% acima do mesmo período de 2023.
O total de créditos que as partes obrigadas terão que "aposentar" até 31 de dezembro é de 46,4 milhões de CBios, somando a meta anual compulsória de 2024 e os créditos não entregues em 2023.
(Por Roberto Samora)