RIO DE JANEIRO (Reuters) - As exportações brasileiras para a Liga Árabe poderão bater um recorde de receita neste ano, superando o pico histórico de 17,743 bilhões de dólares de 2022, apesar de um recuo dos preços de importantes produtos no período, como de proteínas animais e minério de ferro, afirmou em nota a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.
Entre janeiro e agosto, as vendas do Brasil para a região somaram 12,528 bilhões de dólares, alta de 9,93% ante o mesmo período do ano anterior, e seguem em ritmo estável no último quadrimestre do ano, disse a entidade, que acompanha o comércio com o bloco de 22 países do Oriente Médio e norte africano.
"A informação mais relevante que os dados trazem é que o comércio Brasil-Liga Árabe está voltando a seu perfil pré-pandêmico, com menos influência da Covid-19 e do conflito Rússia-Ucrânia, a produzir nos últimos dois anos desorganização logística e nos custos de várias cadeias produtivas", disse Tamer Mansour, em nota.
Em 2022, o recorde de receita das exportações do Brasil para a Liga Árabe foi potencializado por um aumento dos preços com a alta de custos produtivos e logísticos, sem que os agentes do comércio bilateral tivessem necessariamente melhores ganhos, segundo a entidade.
Mas embora os preços dos principais produtos vendidos por árabes e brasileiros no período janeiro a agosto tenham recuado em alguns casos na casa dos dois dígitos, estão ainda longe de compensar as altas acumuladas desde 2020, quando eclodiu a pandemia, disse a câmara.
As proteínas animais, principal item na pauta de exportações brasileiras para a Liga, foram negociadas entre janeiro e agosto a um preço médio de 2.387,88 dólares a tonelada, queda de 4,42% ante o mesmo período do ano passado, "indicando que exportadores não tiveram dificuldade de efetivar negociações com parceiros árabes, nem de atender pedidos no Brasil ou no exterior", afirmou.
O minério de ferro, terceiro produto brasileiro mais vendido, foi negociado a 98,38 dólares a tonelada, queda de 15,81% na mesma comparação.
Os produtos do complexo soja e os cereais, demandados pelas cadeias de proteína animal do Golfo criadas para aumentar a oferta local de alimentos, também registraram deflação.
"O único produto de peso na pauta brasileira que teve valorização foi o açúcar, vendido de janeiro a agosto a 468,92 dólares a tonelada em média, alta 21,01% sobre o preço praticado no ano anterior...", afirmou a entidade.
A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira também previu um superávit para o Brasil na casa dos 6 bilhões de dólares, diante de um recuo de 30,54% das vendas árabes ao país. No acumulado até agosto, os embarques árabes ao Brasil somaram 6,931 bilhões, prejudicadas pela queda nos preços do petróleo e dos fertilizantes, os itens de destaque na pauta árabe.
O petróleo, o principal produto árabe demandado no Brasil, registrou recuo de 11,11% no preço médio, a 712,65 dólares a tonelada. Já com os fertilizantes houve uma queda média de 45,93%, a 395,27 dólares a tonelada.
(Por Marta Nogueira)