Por Susanna Twidale
LONDRES (Reuters) - O Reino Unido, berço da indústria do carvão, passará sete dias sem eletricidade gerada por usinas a carvão pela primeira vez desde a Revolução Industrial do século 19, informou a operadora National Grid nesta quarta-feira.
A primeira usina de energia movida a carvão do mundo foi aberta no Reino Unido nos anos 1880, e o combustível foi a fonte de eletricidade dominante do país e um grande catalisador econômico no século seguinte.
Mas as usinas a carvão emitem quase o dobro da quantidade de dióxido de carbono (CO2) --um gás que acumula calor e é culpado pelo aquecimento global-- de usinas a gás, e foram retiradas dos centros urbanos britânicos a partir dos anos 1950 para reduzir a poluição atmosférica.
Como parte dos esforços para cumprir sua meta climática de cortar os gases de efeito estufa em 80 por cento em relação aos níveis de 1990 nas próximas três décadas, o Reino Unido planeja se livrar da geração de energia a carvão completamente até 2025.
"Às 13h24 de hoje, ultrapassaremos uma semana sem usar carvão para operar o sistema elétrico", disse Fintan Slye, diretor da Operadora do Sistema Elétrico da National Grid (LON:NG), em comunicado.
"À medida que mais fontes renováveis entrarem em nosso sistema energético, períodos sem carvão com este se tornarão uma ocorrência frequente".
Os preços de energia baixos e os limites às emissões de CO2 também tornaram cada vez menos rentável operar usinas a carvão, especialmente agora que a produção de energia eólica e solar está alta.
Na semana passada, o Comitê sobre a Mudança Climática, que reúne conselheiros climáticos independentes do Reino Unido, recomendou que o país adote como nova meta climática zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050.
Isso exigiria uma produção de energia renovável ainda maior, a antecipação de uma eliminação gradual de carros a gasolina e diesel e mudanças de estilo de vida, como um consumo menor de carne bovina e de cordeiro.
A última mina de carvão subterrânea do Reino Unido fechou em Yorkshire do Norte em 2015, assinalando o fim de uma era de uma indústria que chegou a empregar 1,2 milhão de pessoas em quase 3 mil minas.
A ex-primeira-ministra Margaret Thatcher anunciou a morte da indústria em meados dos anos 1980, quando derrotou uma greve de mineiros de um ano contrária aos planos de fechamento de minas e de eliminação de empregos.