SÃO PAULO (Reuters) - As consultorias de agronegócio Safras & Mercado e hEDGEpoint reduziram suas estimativas para a safra de soja 2023/24 do Brasil, à medida que cresce o consenso de que o mau tempo prejudicará a produção no maior produtor e exportador do mundo, segundo relatórios divulgados nesta sexta-feira.
A Safras disse que agora prevê que a produção nesta temporada totalizará 161,38 milhões de toneladas, abaixo dos 163,25 milhões estimados anteriormente, enquanto a hEDGEpoint reduziu sua projeção de 162,3 milhões para 160,1 milhões de toneladas.
Ambas as consultorias mencionaram o clima adverso como a principal razão por trás de suas decisões, já que o centro-norte do Brasil enfrenta baixa umidade e altas temperaturas, enquanto o Sul do país lida com chuvas excessivas.
"Se o clima não melhorar, novos cortes podem ocorrer, mas havendo melhora, boa parte das plantas pode se recuperar, resultando em produtividades ainda relevantes", avaliou o analista de Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, em nota.
A Safras observou que a projeção ainda era de uma safra recorde mesmo após o corte.
O analista do hEDGEpoint, Pedro Schicchi, disse que o mau tempo era preocupante e que os desafios continuariam, mesmo com as previsões apontando para alguma melhora no futuro, já que o padrão climático El Niño deveria permanecer até o início de 2024.
"Condições climáticas desfavoráveis no Brasil, incluindo escassez de chuvas e altas temperaturas, estão afetando a safra de soja, gerando preocupações sobre a produção", disse Schicchi.
Segundo ele, no curto prazo, as previsões são um pouco melhores do que antes, mas ainda não são animadoras.
"Certamente, há espaço para mais cortes se as condições meteorológicas permanecerem ruins, mas há muita água para passar por baixo dessa ponte, e é bastante difícil fazer afirmações definitivas antes das fases reprodutivas da safra (dezembro-janeiro)", declarou.
A consultoria AgRural reduziu sua previsão para a safra de soja do Brasil este mês e não descartou novos cortes, enquanto a Agroconsult disse nesta semana que o mau tempo manteria a produção abaixo do potencial do Brasil. A AgResource também revisou para baixo sua previsão.
Já a Datagro apontou na véspera uma previsão de safra ainda menor, de 156,57 milhões de toneladas, uma queda de 4,4% ante a estimativa de outubro.
(Reportagem de Gabriel Araujo e Roberto Samora)