Por Lucinda Elliott e Daniela Desantis
ASSUNÇÃO (Reuters) - Da capital paraguaia Assunção a Taipé e Washington, diplomatas, autoridades - e produtores agrícolas - estão acompanhando de perto uma disputa eleitoral acirrada que pode determinar os futuros laços do Paraguai com Taiwan.
O Paraguai escolherá em seu próximo presidente em 30 de abril, entre um candidato do partido governista que promete estender relações diplomáticas de décadas com Taiwan e um rival da oposição que é a favor de mudar os laços rumo à China para impulsionar a economia agrícola do país sem saída para o mar.
A pressão dentro do país sul-americano tem aumentado, especialmente de seu poderoso lobby agrícola, para mudar os laços com a China e abrir os lucrativos mercados do país asiático para a soja e a carne bovina do Paraguai, seus principais produtos de exportação.
"Somos uma nação produtora de alimentos que não está vendendo para o maior comprador mundial de alimentos", disse Pedro Galli, chefe da Associação Rural Paraguaia (ARP), à Reuters. Sua organização representa cerca de 3.000 agricultores locais.
Se o Paraguai reconhecer a China, seria um golpe para Taiwan, que enfrenta uma batalha difícil contra a força econômica de Pequim para manter seus 13 aliados restantes em todo o mundo, e um novo sinal da crescente influência da China em uma área que Washington há muito considera seu quintal.
O candidato da oposição Efraín Alegre, que representa uma coalizão de centro-esquerda, disse à Reuters em janeiro e novamente em abril que favoreceria as relações com a China, o maior importador mundial de carne bovina e soja, se eleito presidente.
O candidato conservador do Partido Colorado, Santiago Peña, prometeu ficar com Taiwan. Uma delegação multipartidária visitou a ilha em fevereiro, buscando acalmar o nervosismo taiwanês.
Taipé, que afirma fornecer apoio econômico a seus aliados, disse na semana passada que estava "perplexa" com a posição da oposição paraguaia e que faria o possível para manter suas relações diplomáticas com o país.