KIEV (Reuters) - A Ucrânia não estenderá seu acordo com a Rússia para transporte de gás após o término da vigência do contrato atual este ano, disse o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, ao primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, nesta segunda-feira.
Os dois tiveram reunião em Uzhhorod, no oeste da Ucrânia, e, segundo uma autoridade ucraniana, focaram na cooperação de infraestrutura, segurança energética e apoio ao plano de paz de Kiev.
“A Ucrânia mais uma vez reforça que não continuará o acordo de transporte com a Rússia após seu encerramento”, disse Shmyhal em uma coletiva de imprensa ao lado de Fico.
“O objetivo estratégico da Ucrânia é privar o Kremlin dos lucros da venda de hidrocarbonetos que o agressor usa para financiar a guerra”, acrescentou.
A Eslováquia, um membro da Otan e da UE que tem fronteira com a Ucrânia, é contra à adesão de Kiev à Otan, mas tem um forte interesse em manter o transporte de petróleo e gás da Rússia para a Europa através da Ucrânia.
A empresa estatal de gás eslovaca SPP disse este mês que continuava as negociações para garantir uma extensão do transporte de gás através da Ucrânia após o contrato de Kiev com a russa Gazprom acabar no final do ano.
Shmyhal disse que Kiev entende a “dependência aguda” de alguns países, incluindo a Eslováquia, do gás russo, mas conta com a diversificação gradual do fornecimento.
O primeiro-ministro ucraniano também disse que os dois países concordaram com a criação de um centro energético da Europa Oriental, que visa utilizar grandes instalações de armazenamento de gás ucranianas.
Fico tem sido um grande crítico da ajuda militar ocidental à Ucrânia, junto com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e fez grande alarde ao travar ajuda militar à Ucrânia, ao mesmo tempo em que permitiu que os suprimentos comerciais continuem.
Ele reiterou sua visão de que não há solução militar para a guerra entre Rússia e Ucrânia.
"A paz deve ser sustentável, você precisa de garantias de segurança. Acima de tudo, a soberania e a integridade territorial da Ucrânia devem ser respeitadas. Entendemos tudo isso", disse Fico.
Ele disse que as conversas com o governo da Ucrânia confirmaram que Kiev segue interessada em usar seus sistemas de transporte de gás e petróleo após o término do acordo com a Rússia.
(Reportagem de Anastasiia Malenko, Pavel Polityuk, Jan Lopatka e Jason Hovet)