SÃO PAULO (Reuters) - A Usiminas (SA:USIM5) comunicou aumentos de preços de aço a partir do início de dezembro em 9 a 12 por cento, confirmou nesta quarta-feira o diretor comercial da siderúrgica, Sergio Leite, durante evento com analistas e investidores.
O executivo também afirmou que a companhia está negociando com montadoras de veículos elevação de 25 por cento nos preços do aço, mas que ainda não concluiu nenhum acordo. Os contratos atuais vencem no fim de dezembro, afirmou.
Na véspera, o presidente da entidade que representa os distribuidores de aço plano (Inda), Carlos Loureiro, já havia afirmado que a Usiminas estava comunicando compradores da liga sobre reajustes de 12 por cento nos preços da bobina a quente, 10 por cento nos preços de laminados a frio e 9 por cento no valor de aços galvanizados e chapas grossas a partir de 1º de dezembro..
A confirmação do reajuste, o quinto aplicado neste ano e que deve elevar os preços do aço em cerca de 50 por cento ante o final de 2015, ocorreu após executivos da Usiminas terem afirmado no final de outubro que viam espaço para novos aumentos diante da elevação dos preços internacionais da liga e de altas expressivas em insumos como carvão e minério de ferro nos últimos meses.
Às 12h50, as ações da Usiminas exibiam alta de mais de 4 por cento, enquanto o Ibovespa mostrava baixa de cerca de 0,6 por cento.
Leite afirmou que espera que o mercado de aço plano no Brasil apresente alta de 5 por cento no próximo ano ante o nível de consumo aparente de 9 milhões de toneladas previsto para 2016, menor nível desde o pico de 14,7 milhões atingido em 2013.
"A queda no salário médio e o crescimento no nível de desemprego impacta o consumo das famílias e não temos perspectivas de crescimento no curto prazo. Não identificamos neste momento nenhum setor (da economia) que possa vir a despontar com crescimento representativo. Todos os setores consumidores de aços planos seguirão afetados em 2017", disse Leite.
A Usiminas vem adotando medidas de ajuste de capacidade produtiva desde 2014. Atualmente, a empresa mantém paralisada a produção de aço bruto na usina de Cubatão (SP) e amplia a compra de placas de terceiros para serem laminadas na unidade.
O presidente da companhia, Rômel Erwin de Souza, afirmou que a empresa elevou para 395 mil toneladas a compra de placas para Cubatão no atual trimestre ante 295 mil toneladas no terceiro trimestre. As compras são feitas junto a fornecedores como a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e a russa Severstal, afirmou Souza.
Segundo o executivo, se os custos das placas compradas continuarem subindo, diante da conjuntura de aumento nos preços do minério de ferro e carvão, a Usiminas poderá "ter que repensar o negócio". Ele não citou valores, mas disse que até agora a empresa tem conseguido operar com margens positivas desta forma.
Por outro lado, o crescimento nos preços do minério de ferro, que entre setembro e este mês subiram quase 34 por cento, para 75 dólares a tonelada, está incentivando a empresa a retomar suas exportações da commodity.
Porém, uma retomada exigiria a reativação de pelo menos uma das três plantas de minério de ferro paradas da Usiminas. A companhia tem quatro unidades e atualmente apenas uma está operando, fornecendo minério para consumo próprio da companhia.
"Sem dúvida, estamos analisando com bastante afinco a possibilidade de eventualmente voltarmos com uma das plantas", disse o diretor de mineração da Usiminas, Wilfred Bruijn, durante a reunião. Segundo ele, o nível de preço atual do minério de ferro já permitiria uma retomada das exportações, mas em contrapartida os preços do frete marítimo também estão avançando.
Sobre a renegociação com credores, o diretor financeiro da Usiminas, Ronald Seckelmann, afirmou que a companhia espera concluir no início do próximo ano discussões com detentores de bônus, que vencem no começo de 2018. A siderúrgica concluiu em setembro negociação envolvendo 6,3 bilhões de reais, representando 92 por cento da dívida da companhia, a um custo de CDI mais 3 por cento ao ano.
(Por Alberto Alerigo Jr.)